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18 de março de 2010

Placa de Rua - Porto

Rua da Bandeirinha, freguesia de Miragaia, Porto - Portugal
A setecentista rua da Bandeirinha é a continuação natural da rua de Sobre-o-Douro que, no dizer de alguns autores, era o local de passagem da antiquíssima estrada romana descrita no famoso itinerário de Antonino (Via Vetera).
A rua da Bandeirinha deve o seu nome à bandeira da saúde que estava colocada em frente à Casa das Sereias e tinha como função avisar os barcos que demandavam o Douro da necessidade da vistoria sanitária (tempos de peste…). Hoje é uma artéria sossegada, com pouco movimento, que nos remonta para outras épocas e onde a marca judaica apenas sobrevive na toponímia das cercanias.
O principal ex-libris da rua é o já citado Palácio das Sereias, que é assim designado por causa das 2 sereias de granito que nos dão as boas vindas à entrada do edifício. Pertenceu à família Cunha Osório Portocarrero, até aos anos 50 do século XX, altura em que foi vendido ao Instituto das Filhas da Caridade Canossianas Missionárias. Junto ao palácio ficava o Hospital Inglês, pertencente à colónia britânica. No número 45, viveu o Dr. Gonçalo Sampaio, botânico e musicólogo.
A rua termina no largo do Viriato, local onde outrora existiu a casa nobre dos Morais e Castro (Manuel Mendes Morais e Castro foi agraciado em 1836 com o título de Barão de Nevogilde, pelos serviços prestados à causa liberal), que ali viviam antes de se mudarem para o Palácio dos Carrancas, construído em 1795 (hoje é o Museu Nacional Soares dos Reis).
Como nota de curiosidade, nas cercanias da rua da Bandeirinha, e já no Monte dos Judeus, existe uma fonte que para ali foi trazida do demolido Mercado do Peixe que ficava onde hoje se encontra o Palácio da Justiça. Este edifício oferece um balcão sobre o Douro
Se por acaso visitarem a rua da Bandeirinha, reparem num edifício amarelo que fica ainda na rua de Sobre-o-Douro nº.12 e que tem escrito o nome de “Vila Ignez”. Entrem na porta que dá acesso ao edifício (é uma espécie de bairro particular) e poderão sentir que estão num verdadeiro balcão sobre o Rio Douro.
Pertenceu ao Conde de Burnay (que o comprou a um industrial que tinha aqui uma serração com o nome sugestivo de União Industrial Portuense), que o vendeu em 1889 a um capitalista de nome Ignês Martins Guimarães. É este industrial que vai transformar a fábrica num bairro para os operários que trabalhavam nas diversas indústrias que estavam localizadas nesta zona da cidade.
Depois de um período de decadência e já nos anos 90 do século XX, o arquitecto Fernando Távora lidera uma equipa que o reabilitou e hoje é um caso de sucesso, já que é local de residências para diversas famílias já idosas e também jovens do programa Erasmus.
As ruínas que ficam aos vossos pés são o que resta do Convento de Monchique imortalizado por Camilo no “Amor de Perdição”.
Como podem ver, apesar de pequena, a rua da Bandeirinha encerra em si motivos mais do que suficientes para uma visita. É um dos recantos mais agradáveis da nossa cidade

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