NOTA: A quem consulte e aprecie este blogue e possa contribuir com comentários, críticas ou correcções têm a minha consideração.
Aqueles que por seu entendimento, possam ser proprietários de alguns elementos fotográficos, e pretendam a retirada dessa foto, agradeço que me seja comunicada para evitar constrangimentos pessoais.

Obrigado.

24 de dezembro de 2016

Feliz Natal - Revista Mosquito 1936

Edição de 24 de Dezembro de 1936

São os votos de um Bom Natal a todos que por aqui passaram.... e Bom Ano 2017.

15 de dezembro de 2016

2º aniversário - 15 de dezembro

Fez hoje 2 anos o lançamento do livro de heráldica dedicada à cidade do Porto. Nele estão representadas um volumoso conjunto de pedras de armas espalhadas por esta cidade e que nem toda a gente repara nestas lindas peças trabalhadas, quer em granito, quer em pedra de calcário ou em metal.
Muitas delas encontram-se em óptimo estado e do mesmo modo outras encontram-se abandonadas ou em estado delapidado.
A sua localização é aceite e encontram-se posicionadas em locais diversos, por exemplo,  em esquinas de prédios, em fachadas, sobre as suas portas, sobre uma janela ou varanda mais marcante do edifício, dum solar ou palacete e até em cemitérios para memória da família. 
O livro vem ao encontro da divulgação desta temática e alertar para o problema do desaparecimento que ao pouco e pouco vai acontecendo, ora por interesses pessoais, ou por obtenção de lucro do incremento imobiliário,
Estes registos não existiam na sua totalidade e o objectivo deste documento foi direccionado nesse sentido, isto é, um inventário e compilação dessas peças para memória futura.
A partir de agora cabe a responsabilidade às entidades e organismos públicos tê-los inventariados e condicionar os espaços onde se inserem na sua preservação.
É claro que, o maior responsável parte do proprietário que lhe compete essa garantia de durabilidade e condições do seu estado.
Com estes pressupostos concluí o trabalho e o meu objectivo. Durou 6 anos a sua elaboração, preparação e revisão até ao dia 15 de dezembro de 2014.
Devo salientar e enaltecer um profundo agradecimento à Obra Diocesana de Promoção Social, na pessoa de Américo Ribeiro, o Presidente desta Instituição, na participação financeira, divulgação e que sem essa ajuda esta Obra não estaria nas bancas da cidade a ser comercializada.
Lembro também e com profundo orgulho e alegria a ajuda prestada pela minha prima Margarida Cunha, na força e animo que me deu, na revisão geral prestada ao livro e da sua apresentação feita no dia da sua divulgação. Infelizmente, a doença maligna que aflige todo o mundo fez com que ela tivesse partido embora a sua memória continue bem viva no meu coração.
Para concluir termino a dar conhecimento que dos 1000 livros editados, mais de 80% foram distribuídos, garantindo os meus objectivos e pretensões da Obra Diocesana, e que actualmente ainda mantém um pequeno numero de obras disponíveis para quem pretenda vir a obter este livro.
Para quem pretenda visualizar o evento ocorrido poderá procurar neste mesmo blogue os variados passos deste acontecimento.
Bem Haja


1 de dezembro de 2016

Quinta do Passal de Visconde de Oliveira do Paço - Campo

Quinta em Campo - Valongo
Cadeirão ou Trono decorativo

A Quinta que vamos abordar situa-se em frente à igreja de Campo, em Valongo e pertenceu ao 1º Visconde de Oliveira do Paço, conforme se pode comprovar por algumas peças dispersas nesta parcela de terreno.

Limite actual da Quinta

Terá sido adquirida por Francisco José Moreira Gonçalves, distinto empresário desta terra e reconhecido pela população local, nos inícios do séc. XX como prova do monograma colocado no portão principal.

Monograma F J M G - 1900

Após sua morte e por testamento, Moreira Gonçalves, era assim que era conhecido, terá doado esta quinta à paróquia local, onde residia.
A quinta é parcialmente rodeada por muros de telhão, em xisto, e actualmente compreende uma área de cerca de 56.000 m2, supondo que ao longo do tempo terá sido reduzida até a actual implantação, devido à inexistência da continuidade de muros, no restante limite da parcela, como se depreenderia pelas delimitações de uma quinta oitocentista.
António Martins de Oliveira, foi o 1º Visconde de Oliveira do Paço, cuja mercê terá sido dada por D. Luís I, em 15 de maio de 1879.
Desta figura pouco se sabe, sendo que lhe foi reconhecido pela sua filantropia de ter contribuído às suas custas com toda a construção do cemitério de Sobrado, donde era natural.
Era considerado um "capitalista abonado e um perfeito cavalheiro", casou com Joaquina da Costa Ferreira (nasceu no Rio de Janeiro, 27/02/1843 e faleceu a no Porto, a 11/11/1887), no Brasil, em Candelária em 1859.
Teve duas filhas, Maria Ferreira de Oliveira (n-1860) e que terá casado com Manuel Ferreira Freitas Guimarães, e Amélia Ferreira de Oliveira (n-1862) que terá casado com Francisco Maria Dias da Costa.
Do primeiro casal resultou um herdeiro, Alberto de Oliveira Freitas Guimarães (n-1882) cujo título lhe derivou passando a 2º visconde de Oliveira do Paço. Este casou Maria Carolina da Silva Bello (n-1893) que não deixaram herdeiros.
Não tendo deixado descendência directa, coube a Álvaro de Oliveira Freitas Guimarães o direito ao titulo de 3º Visconde  de Oliveira do Paço (nascido em Sobrado a 15/06/1913 e faleceu a 05/05/1978, na cidade do Porto).
Este casou com Dona Isabel Maria da Conceição de Azevedo e Menezes Pinheiro Pereira de Bourbon (n-1905) da família dos senhores do Paço de Pinheiros, em Barcelos, também simbolizada pela sua forte personalidade, através da frontalidade e carácter,  princípios básicos e essenciais da aristocracia.
Era residente em Sobrado, vila adjacente a Campo, onde vivia numa sua casa brasonada, datada de 1864, e que infelizmente, se encontra completamente esventrada sem qualquer recuperação. Está considerada património local, contudo não se vislumbra um milagre nem um mecenas que permita a sua recuperação.
Pelos apelidos retirados da sua PdA (Pedra de Armas) pode-se descreve-la como:
Pedra de Armas em granito, de escudo Inglês, partido: 
I - Martins (de Deus): cortado: 1 - de purpura, com três flores-de-lis de ouro postas em roquete; e 2 - de negro, com duas faixas de ouro;
II - Oliveira (com alteração dos esmaltes): de prata, com uma oliveira de verde, frutada e arrancada de ouro;
Timbre: de coronel de Visconde; correias de purpura perfiladas de ouro. Tachões de ouro.
Benemérito local e proprietário de múltiplos terrenos no concelho torna-se conhecido pela sua filantropia. 
Proprietário da quinta de Campo, que passamos a descrever, depreendendo ser esta propriedade uma quinta de recreio tendo em consideração a planímetria do terreno, seus percursos,  pelos seus desníveis, elementos decorativos  e uma pequena lagoa, existentes. A área da parcela é tão abrangente que recebe um manancial de água provinda  do declive local, através de minas e aguas subterrâneas, encontrando-se actualmente um terreno alagadiço em grande parte da sua extensão, devido ao seu estado de abandono e pela inexistência de manutenção e tratamento destas águas.
As reservas de água que a quinta acolhe faz-se por uma lagoa, um lago, um tanque e por uma presa de água que recolhe a sua água através de uma mina acessível.

Caminho de entrada - alameda principal

A quinta contempla várias entradas, sendo a principal pelo portão frontal à igreja matriz cujo interior percorre um caminho empedrado e que contorna e vence os variados declives criando vários patamares.

Tanque de água na alameda principal

Escadaria de acesso entre patamares

Já no séc. XX é construída a casa de habitação do então proprietário Moreira Gonçalves a noroeste da parcela, mas com um ângulo de vista panorâmica mais adequada.
O percurso faz-se subindo na direcção da habitação, donde se descobrem mais elementos decorativos e que fazem prova que esta propriedade foi representativa do Visconde Oliveira do Paço.
Detalhe do encosta do cadeirão com a marca da PdA de Visconde Oliveira do Paço

Detalhe de um dos apoio de braço do cadeirão

Este cadeirão encontra-se estranhamente situado numa cota inferior ao lago, que se situa frontal a esta peça e que para vencer o desnível se faz por meia dúzia de degraus não permitindo a visão do lago.
Seria um local de leitura, pois a sua posição permitia ter a luz pelas suas traseiras, eliminando qualquer sombreamento.
O lago, actualmente envolto em mesas, apresenta linhas curvilíneas num patamar aprazível e dedicado ao lazer.

Vista de Sul - o cadeirão situa-se à esquerda, abaixo do nível

Vista pelo acesso dos degraus a poente

Logo a seguir ao encontro com o cadeirão o caminho desvia-se e nessa curvatura ostenta um pequeno lago com um "bica" decorativa preenchida de um trabalhado artístico similar ao encosto do cadeirão, onde o elemento principal é a pedra de armas do Visconde. 


Entrada e zona de descanso - com bancos frontais

Local aprazível e fresco em período estival

Peça decorativa com elementos de trabalho em pedra de excepcional qualidade

Pormenor da bica, rodeada do título do Visconde através da sua PdA

Mais acima e na continuação do percurso, apresenta-de um local de descanso através de um elemento circular, em pedra trabalhada com um monograma do Visconde "O e um P".
Monograma "O - Oliveira e P - Paço" sob uma coroa de Visconde ornada e laçada por um caixilho oval

Banco circular

Banco com elemento decorativo na parte central 

Chegando a este local temos à esquerda uma presa de recolha de águas que merece uma especial atenção pelos detalhes nela existente. 
Presa de agua escavada em rocha para recolha de água de mina

Elemento decorativo com duas colunas laterais a decorar uma peça trabalhada

Trabalho de excelência com a esfera armilar no topo superior sobre campânula religiosa 

Peça na esquina da presa com monograma de Moreira Gonçalves - MG

Já em fim de curso e numa zona mais elevada encontra-se outra peça verdadeiramente original. Um guarda sol de grandes dimensões, em peça metálica apoiada numa mesa circular em pedra cuja função se desconhece.
Contudo esta peça está situada no meio do nada, podendo estar actualmente desenquadrada da sua função à época.
Vista para noroeste

Vista para Nordeste

Para além destas lindíssimas peças, outras existem em toda a extensão que terão sido colocadas posteriormente, mas que pela sua antiguidade merecem ser expostas.
Peça antiga em granito

Dada a religiosidade de ambos os proprietários não poderei deixar aqui uma ultima imagem que esta quinta não consegue esconder e que para estes dois proprietários muita importância tinha - a igreja matriz de Campo.
Visão relevante e permanente para os proprietários da Quinta


8 de novembro de 2016

Fidalgos! “Longe “da cidade do Porto

Reprodução da carta de D. Manuel I, feita do Apógrafo, Livro A
Reprodução fotográfica de Américo Teixeira Lopes

O condado Portucalense, cujo nome deriva do topónimo Portucale, nasceu de uma dádiva do rei Afonso VI à sua filha D. Teresa e a D. Henrique de Borgonha.
A cidade do Porto, de então, circunscrevia-se ao morro da Sé e nesses tempos estavam sob a alçada do poder religioso, por doação de Dª. Teresa ao bispo D. Hugo.
O seu poder e o dos seus sucessores foram tão autoritários que impunham impostos e rendas na cidade, por forma a enriquecer o património da igreja com desagrado dos portuenses, que não viam com bons olhos a ambição desmedida e o crescente património religioso.
O povo portuense, em regra, era mercantil e a burguesia imperava na cidade criando o descontentamento, pelas imposições constantes desses impostos por parte do prelado, queixando-se ao rei.
O poder real, não conseguindo travar estas exigências, intervinha pontualmente sem contudo conseguir alterar essa força clerical, tendo por vezes havido cortes de relação entre ambas as partes. Obviamente que estas intervenções, solidárias com o povo, tinham segundas intenções, pois o rei também pretendia recuperar muita parte do património para o seu poder sem contudo o conseguir.
Afonso III, com as Inquirições vem, este documento, dar voz aos habitantes da cidade, bem como ter substituído o bispo da época, D. Julião Fernandes, para refrear o poder clerical.
Em meados do século XIV, torna-se premente construir uma nova muralha no Porto, de modo a proteger a cidade em pleno crescimento de todas as arremetidas inimigas.
D. Dinis também tomou algumas medidas, em favor da burguesia local, elevando a cidade a Concelho Perfeito, implicando a nomeação dos juízes da cidade, limitando a actuação dos bispos.
Em 1339, manda fazer umas Inquirições que restringe ainda mais a permanência dos fidalgos no Porto. Estes ficam impedidos de comprar casa, caso o fizessem perderia o imóvel tanto o comprador como o vendedor, os moradores do burgo não podiam chamar nenhum nobre para separar qualquer conflito, sob pena de ser expulso da cidade, nenhum rico-homem, rica-dona, nem cavaleiro ou fidalgo podia permanecer dentro da cerca do castelo, o castigo era o encarceramento à ordem do bispo, também qualquer nobre que não pagasse o que consumisse ou o que comprasse era-lhe apreendido os cavalos e preso até liquidar as suas dívidas.
Até ao final da Idade Média o Porto foi local de disputas entre bispos e cónegos, clero contra frades fransciscanos, bispos contra reis, burgueses contra bispos, burgueses contra fidalgos. Esta última disputa fez com que qualquer fidalgo que quisesse vir ao Porto só pudesse permanecer na cidade um máximo de três dias e limitou o acesso dos fidalgos à cidade, não permitindo habitar nela, em favor da população e na redução de alguns direitos que a fidalguia continha nessa época, em 24 de setembro de 1475, por D. Afonso V.
Em 1503 é assinado um contrato de posse com o clero, após pagamento de uma quantia de 120 marcos de prata, por parte de D. Manuel I, o qual reverte a jurisdição do burgo à soberania do poder real.
Só em 1509 é que o Porto se abre aos nobres, até então impedidos de ter casa na cidade ou de nela residir por mais de três dias, o que explica a quase ausência de casas nobres dentro do perímetro amuralhado. D. Manuel precisava do apoio da nobreza, oferecendo a permissão como nunca tinham tido, a autorização de viver na cidade com as suas famílias, bem como a aquisição ou o aluguer de casa.
Ao mesmo tempo, o rei contrapõe igualmente com outra lei o qual substitui a eleição popular da câmara, com a eleição de 24 misteres, e aprovados por si, onde é escolhido um procurador do povo, afastando definitivamente qualquer assunto por decisão popular.
Várias histórias se contam de tentativas de subtilmente tomar conta do poder ou da vivência na cidade por parte da nobreza com acções de repudio pela população, são os casos de:
- Álvaro Gonçalves Coutinho, senhor de Gaia, a cidade protestou contra as violências, neste caso pela forma desumana com que tratava os seus vizinhos. A ordem de D. João I foi-lhe retirada a quinta que possuía.
- A D. Nuno Álvares Pereira foi-lhe retirado o seu domínio de Bouças (Matosinhos) e condenado a uma multa de 160 libras e 17 soldos por ter contestado sem razão. Os donatários das terras maltratavam os seus habitantes e empregados explorando-os e apropriando-se de terrenos que não lhe pertenciam.
- D. Beatriz de Sousa (1479), moradora em Gaia, que pertencia ao Porto, "foi só embora à terceira intimação que, em suma, dizia isto: ou ela sai dentro de cinco dias ou a gente vai lá, com toda a gente da dicta cidade a vão lançar fora dhi". texto retirado de Portoarc.blogspot.pt
- Rui Pereira, que no ano de 1475 por se recusar a cumprir a lei, em sair da cidade do Porto, atearam-lhe fogo à casa situada na Rua Nova (actual rua Infante D. Henriques). Este processou os portuenses, mas a sentença proferida absolveu os autores por terem agido em defesa dos seus privilégios. Nem o rei D. Afonso V interveio em defesa do queixoso.


documento retirado do protoarc.blogspot.pt

Retirado de textos de:
http://www.eusou.com/premium/cronicas.asp?det=1542, Elsa Semedo, Texto inserido em:9/03/2004
https://www.google.pt
https://pt.wikipedia.org  
http://www.cm-porto.pt/historia 
http://portoarc.blogspot.pt  


Transcrição do texto:

DelRey Dom Manoel sobre os fidalgos viverem na cidade
Dom Manoel per graça de Vosso Rey de Portugal e dos Algarves da quem, e da Lem mar em Africa sennôr da guine e da conquista navegação, e do comercio de Ethiopia, Arabia, persia e da india, Aquantos esta nossa carta vivem fazemos saber que os Reys passados nossos antecessores por alguns que aquelle tempo hos assim moveo derâo privilegio, e liberdade a nossa muy nobre e sempre leal cidade do Porto para que nella nom viessem nem estivessem fidalgos, e hora considerando, e gardando nos como a ditta cidade vivendo elles nella seja mais honrada em nobrecida como o sâo toda los outras cidades, vilas e lugares de nossos Reynos, e de quaisquer outras partes onde essas pessoas vivem, e des hi sinisndoo assi por ser mis de Vosso e nosso assi por q muitos fidalgos q demos sem jurisdições e vivem em terras cham assendo lugar de viverem na dita cidade se viao della e sem azo de se envitarem, e arrendarem alguns dannos, e miomienentes q dello per a qualidade das terras delles e dos seus os lavradores e pous munidos dellas recebem e assi por q os officiaes macanignos mes terras mercadores, e pessoas outras da dita cidade podem melhor vender e gastar suas mercadorias, e misteres e fazer seu proveito.

(na minha transcrição, haverá eventual palavra mal transcrita por dificuldade de leitura, agradeço eventual correcção)

Arquivo Histórico do Porto
série: publicações
identificador: 316292
código parcial: PUB.89
cotas: F-P/CMP/9/261(1);  F-P/CMP/9/261(2);  F-P/CMP/9/261(3)




22 de outubro de 2016

Brasão dos Brandões, Irivo - Penafiel




Rua dos Candaidos, CM 1249, lugar de Coreixas - freguesia de Irivo, Penafiel

Pedra de Armas colocado no portal situado em gaveto de dois arruamentos, com entrada para um vasto terreno de mata e que estará associado à Torre de Coreixas, casa senhorial de origem medieval e que se encontra muito perto desta construção granítica e brasonada.
Apresenta uma Pedra de Armas dos Brandões no seu frontão encimada com coroa real e num escudo de fantasia envolto em decoração floral barroca.
No Arquivo Histórico do Porto poderá encontrar a escritura de dote da Quinta de Coreixas por parte de D. Nuno Álvares e sua esposa Maria Domingues, que dão a Diogo Brandão a sua quinta de Coreixas, situada na freguesia de Stª. Maria de Coreixas, julgado de Penafiel, como dote que este contraiu com Isabel Nunes, filha do casal.
Arquivo Histórico
Documento/Processo: 1505/04/24
Cota: PERG-646
Identificador: 561507
Cód. Parcial: 21

8 de outubro de 2016

Brasão dos "Silva Magalhães" - Porto

Pedra de Armas dos Silva Magalhães em parede interior da igreja

Este brasão está inscrito no interior da Igreja de S. João Novo, no Porto, não havendo conhecimento da razão da sua existência  nela inserida. 
Para além da simbologia ela esta assente sobre um quadro com inscrições que não mereceram na altura a sua atenta leitura, infelizmente.
É da época da renascença, do séc. XVIII de estilo barroco.
É uma peça representativa da heráldica de família e a sua descrição é:

Material - Granito
Escudo - de fantasia
Formato - partido
Leitura - I - de Silva e II de Magalhães
Elmo - de perfil
Timbre - de Silva
Cores -  I - de prata, leão de púrpura, armado e lampassado de vermelho;
            II - de prata, com três faixas enxaquetadas de vermelho e prata de três tiras;
Estado - encontra-se em bom estado e perfeita leitura da pedra, não se encontrando qualquer vestígios de desgaste ou partido.

Inscrição sob a PdA sem leitura atenta

Fotografia da Obra de Armando Magalhães (1945)

Vista Interior da Igreja

Vista Exterior da Igreja

23 de setembro de 2016

Antiga Junta de Freguesia de Ermesinde



A casa de Ezequiel Augusto Ribeiro Vieira de Castro
ou
Antiga Junta de Freguesia de Ermesinde
ou 
Edifício Entrelinhas (Minho e Douro)

Edifício centenário (em estado de abandono) encontra-se circunscrita numa área de património antigo, através de um conjunto de três construções de grande relevo para a cidade. São elas, o Palacete "do Machado", a Casa onde se insere o colégio de Stª. Joana e esta, pertencente a Ezequiel Augusto Ribeiro Vieira de Castro.
Vista da entrada principal (Norte) e fachada lateral (Nascente)

Vista da traseira (Sul) e fachada lateral (Poente)

Ezequiel Vieira de Castro, foi uma figura de grande destaque em Ermesinde e do mundo dos negócios portuenses, era uma personalidade de relevo no meio ermesindense, sempre pronto a colaborar em qualquer ação cívica que tivesse por objectivo a melhoria da qualidade de vida da sua terra. 
Em documento, acta de reunião da Junta da Paróquia, de 4 de setembro de 1898, faz referência ao morador ermesindense e que "se achava quase restabelecido d'uma enfermidade que o teve às portas da morte", dizendo ainda "que este estimável cavalheiro tem sido incansável nos trabalhos de melhoramentos que se projectam n'esta freguesia e que por isso propunha se lhe mandasse celebrar uma missa cantada em acção de graças pelas milhoras".
Esta casa serviu de sua residência até finais do séc. XIX encontrando-se à venda nos anos 30 de séc. passado.

Foto de Ezequiel Augusto Ribeiro Vieira de Castro

Diário Illustrado - 3/agosto/1895 - lista de aniversariantes de prestigio na cidade
(ver Ezequiel Vieira de Castro fim da lista) 

Faleceu  a 9/9/1910, como se poderá comprovar em testamento aberto, realizado, no Serviço Administrativo do Bairro de Cedofeita, no dia seguinte, e que se encontra documentado no Arquivo Histórico do Porto para consulta neste espaço, com a cota de referência: A-PUB/5378-f.36v-43v.

Com a implantação da Republica, em 1910, permitiu a separação dos poderes entre o Estado e a Igreja. A Comissão Administrativa Republicana que se encontrava à frente da freguesia solicitou, em março de 1912, ao Ministro da Justiça a cedência de uma sala na Residência Paroquial para realizar as suas reuniões, pois entendia que a mesma devia ser cedida para a instalação da Junta de modo a permitir ser o mais independente possível da Igreja.
Em abril do mesmo ano, foi notificada pela Comissão Jurisdicional dos Bens das Extintas Corporações Religiosas de que a antiga Residência Paroquial apenas poderia ser cedida para a instalação da Junta mediante um arrendamento.
Assim, a 7 de abril de 1912, a Comissão deliberou oferecer 20 mil réis, por ano, pelas referidas instalações, tendo sido efectivamente concedida a Residência Paroquial à Comissão Administrativa de Ermesinde, dois meses depois.
Esta cedência saiu noticiada em Diário do Governo, pela confirmação do valor de montante de 20 mil réis anuais, para nela instalar uma creche e uma escola, ficando a Junta com uma sala gratuita para as suas reuniões.
Após este período conturbado e com o fim da Primeira Republica e da devolução dos bens à Igreja que lhe haviam sido retirados, em Ermesinde, a Junta de Freguesia teve de recorrer à procura de novas instalações.
A intenção seria, se possível, no centro da povoação de um edifício com uma capacidade para as necessidades das funções administrativas de sua competência.
Este assunto surgiu em 1934 com a iniciativa da actual Comissão Administrativa, presidida por Manuel Silva Baltazar Brites, com o intuito de aquisição de um edifício onde permitisse instalar os seus serviços, bem como de outros serviços públicos.
Nesse período e como, já referido atrás, a moradia de Ezequiel Viera de Castro se encontrava à venda e situada  no lugar do Passal, entre as passagens das linhas do Douro e Minho, e dada a sua centralidade a Comissão Administrativa mostrou vontade na sua aquisição, para a instalação dos seus serviços incluindo a Regedoria, o Posto de Registo Civil, o Posto Médico e eventualmente a Estação Telégrafo-Postal.
A sua avaliação rondou os 150 contos, mas tendo em consideração dos objectivos a que se destinava o edifício o proprietário baixou o valor para 70 contos.
Nesta conjectura a Comissão Administrativa deliberou, em sessão de 23 de dezembro de 1934, com a decisão de compra, tendo apenas sido concretizado em 1936, por 85 contos, quando era já presidente da Comissão, Dr. Luís Ramos.
Este processo de compra causou um litígio, entre os vendedores e a Junta, nos finais do ano de 1941 e abril de 1942 tendo sido levado a tribunal e de decisão acatada por esta Comissão, por um valor de 105 contos, com pagamentos mensais durante um período de 18 anos.
Só em dezembro de 1962 ficou o pagamento efectivo concluído entre as partes através da ultima prestação de 9 contos (ver acta de reunião da Junta de Freguesia de 12 de dezembro de 1962).
A partir deste período o edifício foi sofrendo obras de adaptações em função das ocupações das diferentes actividades que ao longo do tempo foram decorrendo naquele corpo edificado.
Podemos realçar a utilização parcial daquele edifício para as funções de Biblioteca, promovida  pela Fundação Gulbenkian, que à data tinha a politica difusora de instalações de bibliotecas distribuídas pelo País (ver imagem, nº 128).

Documento parcial: "As bibliotecas da Fundação Gulbenkian e a leitura pública em Portugal (1957-1987)", de Daniel Melo

Há quem refira em blogs pessoais, que no período dos anos 90, se encontrava ocupado, no sótão do prédio a Rádio Cultural de Ermesinde (RCE), pela antiga GNR, escuteiros, etc...
O referido edifício, cuja utilização durou 60 anos, foi vendido ao Nó Ferroviário do Porto, quando se procedeu ao alargamento e modernização das Linhas do Minho e Douro, transferindo-se, temporariamente, para um rés-do-chão de um edifício habitacional e atualmente instalados num edifício moderno, de sua própria propriedade.

Google - vista aerea

Nestes longos, quase, cem anos de utilização colectiva o edifício foi-se adaptando ao exercício das diferentes colectividades e instituições causando o desaparecimento de todo o interior, quer na sua decoração quer nos trabalhos construtivos aparentemente existentes do ambiente familiar a que o edifício foi inicialmente preparado.
Hoje, verifica-se um completo abandono e deterioração da sua edificação, quer nos arranjos exteriores, quer na degradação causada pelas infiltrações de águas com a consequente deterioração dos materiais do edifício, janelas, cobertura, paredes e pavimentos.
Vislumbram-se, igualmente, alguns actos de vandalismos com a necessidade de emparedamentos de vãos.
A "casa" é descrita em trabalho pessoal, de Mafalda Ribeiro, intitulada de "Vilegiamento em Ermesinde: memória de uma estância de veraneio", 1997, pág. 43 e 44, onde descreve: "De planta rectangular, o edifício desenvolve volumes formados pelo corpo principal e por dois sobreelevados nas fachadas nascente e poente que ampliam o espaço formado pelo vão da cobertura.

Google - isolamento pelas linhas férreas e passagem inferior

Na fachada principal, apesar da sua aparente simplicidade, nota-se uma preocupação estética no ritmo das aberturas de arco abatido dos postigos do rés-do-chão, dos vãos rectos das janelas geminadas do 1º andar com paralelismo na porta principal.
O ferro fundido está presente como estrutura de varanda dos corpos sobreelevados e na bandeira com rosácea em fundo "geodesic" vazado da portaria.

Pormenor da varanda
Porta de entrada - rosácea com fundo geodesic

Pormenor do postigo de arco abatido

E se a fachada principal deste elegante e sóbrio chalé mereceu tratamento condizente, os alçados laterais não destoam antes complementam-na pela profundidade e movimento que os vãos das portas, janelas e varandas dos corpos sobreelevados lhes conferem.
Circundando por um espaço ajardinado, a panorâmica da estação e do movimento em ferro fundido de gracioso desenho que se insere no ângulo sul formado pela bifurcação das vias férreas".
Planta do Rés-do-Chão
1º Andar
Planta do Sotão

De facto, com o decorrer do tempo e já com as recentes  obras de alargamento tudo se desvaneceu. A casa atualmente encontra-se totalmente cercada pelas linhas férreas e por um túnel, que interliga a parte baixa da parte central da cidade, eliminando qualquer poder de habitação familiar, transformando-a num casaréu abandonado.
Espera-se que haja boa vontade e força politica para "um dia", quem sabe, permitir ressuscitar este tipo de património, implementando-lhes outras actividades de modo a preservar a sua história.

Informação retirada de:
http://beladeermesinde.blogspot.PT
http://www.avozdeermesinde.com
http://gisa.web.cm-porto.PT
http://issuu.com/avozdeermesinde
http://geneall.net/pt/fórum
"As bibliotecas da Fundação Gulbenkian e a leitura pública em Portugal (1957-1987)", de Daniel Melo