NOTA: A quem consulte e aprecie este blogue e possa contribuir com comentários, críticas ou correcções têm a minha consideração.
Aqueles que por seu entendimento, possam ser proprietários de alguns elementos fotográficos, e pretendam a retirada dessa foto, agradeço que me seja comunicada para evitar constrangimentos pessoais.

Obrigado.

18 de março de 2017

Visconde e Conde de Bovieiro - Abragão


Pedra de Armas do Visconde e Conde de Bovieiros
Abragão, Penafiel

Rua do Bovieiro - Abragão, Penafiel

Esta Pedra de Armas está inserida no frontão da fachada principal da casa e quinta do Bovieiro, em Abragão.
O seu acesso faz-se pela actual rua do Bovieiro, descendo por um arruamento relativamente estreito onde finda contra um portal com ameias da quinta do Bovieiro.
Traseira da casa - fim da rua que lhe acede

Para o acesso pela entrada principal será necessário ainda percorrer por um caminho em terra batida, à esquerda, circundando o espaço da casa e logradouro, terminando com um portão gradeado a apoiado em pilastras de pedra.


Entrada

Há quem diga que a casa nunca ficou concluída faltando a fachada da direita, cuja simetria se pretendia edificar.
Fachada Principal

É mais uma casa com marcas nobiliárquicas e deve-se à mercê  de Visconde concedida pelo rei  D. Luís I, em decreto de 7 de Maio de 1874 e posteriormente, concedida pelo rei D. Carlos I, de Conde a 30 de Junho de 1890 a José Monteiro Guedes Nobre Mourão, sendo extinta em vida.
Foi condecorado com a medalha da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa a 2 de Outubro de 1886.


Pormenor da Pd'A
Descrição:

Esquartelado com:
     I - Monteiro
     II - Guedes
     III - Nobre ou Mourão
     IV - Vasconcelos
Timbre - coronel de Conde

Seus pais Rodrigo Monteiro Correia de Vasconcelos Guedes Mourão e de Maria Isabel Cardoso Coelho Nobre.
José Monteiro Guedes Nobre Mourão nasceu a 21 de Out. de 1841 e faleceu em 1903. Era casado com Maria Henriqueta Torre de Castro Portugal da Silveira, também agraciada conjuntamente com seu marido, como Viscondessa de Bovieiro, que era filha de Columbano Pinto Ribeiro de Castro de Portugal da Silveira e de Efigénia Amália de Moura Torres.



Noticias de Junho de 2018:

Casa do Bovieiro - Livros de Genealogia

O Arquivo Municipal  encontra-se a tratar da documentação da Casa do Bovieiro . Família Cabral Noronha e Meneses, e começou pela colecção de livros de genealogia, uma vez que é um tema que tem sido muito procurado.
Assim, ficam disponíveis no programa do Arquivo Municipal - Gead, os três primeiros livros já descritos e digitalizados para que possam ser consultados por todos os interessados.
Este fundo documental, tal como acordado no protocolo de tratamento e digitalização assinado entre a Câmara Municipal de Penafiel e a Família, está a dar entrada no Arquivo Municipal por fases e será tratado dessa forma. Por este motivo, no programa Gead, a descrição ao nivel de sistema ainda não pode ser efectuada, pois isso só será possível com um conhecimento mais aprofundado de toda a documentação.
Para aceder à descrição e digitalização destes documentos basta clicar no link abaixo, tendo em conta que terá de ser aberto no browser Internet Explorer.

http://geadopac.cm-penafiel.pt/

Informações retiradas de:
http://miguelboto.blogspot.pt/2010/02/bovieiro-conde.html
http://www.geni.com
http://geneali.net

12 de março de 2017

Casal da Pereira, Baltar

Casal da Pereira
-
"As Origens de uma família"
-

lugar da Gralheira - Baltar - Paredes

Vista geral - antiga estrada (actual acesso)

Quinta do Casal da Pereira ‑ intitulada pelo apelido do lado paterno de Manoel Coelho Pereira, cuja família se sobressaiu localmente pelos diversos filhos "torna-viagem" que deixaram marcas na terra. A casa está situada no lugar da Gralheira, de construção tradicional em granito, sendo das mais antigas da freguesia, e que apresenta na padieira da porta fronha a inscrição do ano de 1735.
Já a sua trisavó terá nascido neste lugar da Pereira, no ano de 1726, pressupondo que esta casa se encontrava erigida e já pertenceria à família. 
Porta fronha  (Definição: Porta de entrada. (Minho) a porta ou portão principal do pátio)

Provavelmente a data acima referida terá sido uma marca de obras de intervenção da mesma.
Ao longo do tempo foi sofrendo alterações e adaptações, tendo sido deixada outra marca, na mesma porta, no ano de 1875 e acrescida de um monograma, provavelmente aquando da transferência de propriedade, para um seu herdeiro, MJCP, de Manoel Joaquim Coelho Pereira, 2º da hierarquia familiar.
Dupla inscrição e datação (anos de intervenção)
Ano de 1735 tamponado, antes e depois, pela letra A (ano). Superiormente a simbologia muito popular, no séc. XVIII, de significado religioso INRI (Jesus Nazareno Rei dos Judeus) e por isso a 3ª letra ter sido transformada em cruz com base)

A quinta era constituída pela casa rural e por terrenos contíguos cuja agricultura produzida era abastecida por águas de consortes cujos direitos advêm de pelo menos do ano de 1860. Está inscrita na conservatória do registo predial com o seguinte descrição, como prédio misto: cerrado do casal da Pereira, composto por casa de rés-do-chão e andar, com quintal, Campo da Porta de Cima e de Baixo, Campo da Vinha, Lameiro da Boca, Vessada Grande e Lameiro do carreiro e Hortas, conferindo uma área total aproximada de 3,3ha.
Registo da Conservatória (doc. antigo)

A casa encontrava-se dividida por espaços próprios, sendo a uma cota superior para a habitação e na área de rés-do-chão para cortes de animais e servidões. A casa era típica rural, em forma de quadrado, rematada numa das suas partes por zona de apoio a alfaias agrícolas e o seu vão do telhado para celeiro com interligação a uma eira, em pedra.
A quinta era constituída, para além de parte das águas de consortes, provenientes do lugar dos Moinhos, em Vandoma, para abastecimento de todo o vale da Gralheira e Sargeal a quintas similares, também por um poço e duas represas de água que permitiam a garantia de abastecimento de água à casa e às demais das diversas parcelas de terrenos, permitindo a produção de bens agrícolas tradicionais da região, milho, feijão, batata, e produtos hortícolas, em função da época e período sazonal a cada tipo de culturas. A vinha e árvores de frutos eram outras plantações existentes pela quinta permitindo uma diversificação de produtos de forma a dar as garantias de fruta para todo o ano.
Os direitos às águas de consortes destinavam-se essencialmente a 6 quintas do vale da Gralheira, para além de outras pequenas parcelas e distribuídas por períodos específicos. Era um direito que lhes provinha no período do verão, entre o S. João (24/junho) e o S. Miguel (29/setembro).
A casa, localiza-se nos limítrofes da freguesia e distando do centro em cerca de 1 km, pela estrada nacional que liga Vila Cova de Carros, ao centro de Baltar, conhecido pelo lugar da Feira, designação pelo local do antigo comércio animal que se realizava naquele lugar, zona central da actual vila.
Por ser deslocalizada da área mais populacional terá, nos períodos de setecentos e oitocentos, sido designado de lugar da Pereira mas que ao longo do tempo se terá diluído e associado ao lugar da Gralheira devido à expansão das construções daquele lugar. Actualmente, muitas das designações dos lugares em Baltar desapareceram, tendo-se associado a outros mais representativos pela concentração populacional, são os casos dos lugares da Preza, do Ourado de Fagilde e Outeiro de Fagilde, da Lapa, do Cabo, do Espinheiro, da Fonte, da Ponte, do Souto e que também como o da Pereira apenas ficaram registados nas histórias da sua genealogia de família e obtida através dos registos escritos do livros dos arquivos paroquiais ou por outros documentos dessa época.
É conhecido que a estrada que ligava a Vila Cova de Carros e freguesias seguintes até Paços de Ferreira foi-se transformando e ajustada ao longo do tempo, tendo sido um caminho sinuoso, desabrigado e em grande parte de todo o seu percurso, num ermo continuo até à terra mais próxima. Este antigo caminho, actualmente designada de estrada EN 319, terá sido um percurso lamacento, devido às passagens de água referidas, traçado tortuoso, pelos desníveis existentes e perigosos, sujeito a assaltos frequentes para o tipo de condições que se proporcionava.
Antiga estrada de ligação a Vila Cova de Carros e entretanto deslocada para um alinhamento novo

Esta transição, de caminho para estrada, no séc. XX, terá sido alterada no acesso em frente à quinta sendo deslocalizada mais uns metros a poente, contornando a mesma propriedade, tendo alterado a sua função de estrada, que passava pela sua frente, em apenas num caminho de acesso privado a três casas que serve.
Esta alteração modificou a paisagem frontal da casa da Pereira, quer na leitura visual por se ter transformado num baixo, quer no seu acesso por ser estreito se tornar numa passagem interior  e particular pelas suas características das actuais circunstâncias de seu acesso.
A casa, embora com dimensões aparentemente grandes, não apresenta uma distribuição natural e coerente para uma habitação tradicional. Contempla áreas pequenas, desorganizada e seccionadas por portas que dão acesso a outros compartimentos contíguos sem qualquer conforto e acomodação que se possa considerar uma habitação normal. Pela sua antiguidade pode-se entender que os compartimentos não eram de uso durante o dia e percebia-se que serviam de dormitório às várias gerações que por lá viveram. O conceito de arquitectura ainda não existia e a distribuição da casa fazia-se em função das suas necessidades.
Já os restantes espaços de servidão e de utilização se encontravam bem definidos, quer para o apoio animal quer para a componente agrícola e distribuídos em redor do rés-do-chão desta casa.

A Família
As origens desta família serão mais ancestrais e provenientes da própria freguesia de Baltar, como de outras do próprio concelho, de Mouriz, de Vila Cova de Carros, da Sobreira e de Astromil e ainda do concelho vizinho de Valongo, das terras de Sobrado e S. Martinho de Campo, freguesias vizinhas também de características essencialmente rurais, e que por laços de casamento se terão instalado neste antigo lugar, da "Pereira", actualmente absorvido pelo lugar da Gralheira.
Família de traços humildes, influenciada pela lavoura e cujo cultivo das suas próprias terras se destinava exclusivamente ao consumo privado, como era tradição e frequente naqueles tempos.
As suas raízes rurais e o elevado número de filhos tidos pelo casal Manoel e Thomázia, fizeram deste par o despoletar de uma geração de emigrantes, de homens de negócios e de casamentos com outras famílias de importância local, subindo degraus na hierarquia social da terra.
 Manoel Coelho Pereira (n - 15/3/1795 / f - 19-8-1877

Maria Thomásia Coelho Barbosa (n - 3-2-1812 / f - 26-12-1903)

De ambos, pouco se conhece as suas origens, a sua vida diária e seus caracteres, mas pela aparência das fotos tudo aponta que Manoel, por ter sido lavrador, terá levado uma vida desgastada levada pela agricultura, através do trabalho diário para subsistência familiar.
Seus Pais e Avós, originários de Baltar, mais precisamente do lugar de Fagilde, área central da vila, sendo que os seus antepassados da 3ª e restantes gerações já tiveram a sua origem pelas terras vizinhas, Mouriz, Sobreira. Astromil, Sobrado e S. Martinho de Campo, e de outras das redondezas que o tempo não consegue vislumbrar.

Antepassados de Manoel Coelho Pereira
Antepassados de Maria Thomásia Coelho Barbosa

Os seus progenitores tiveram a sua proveniência em Baltar e de terras vizinhas, Mouriz e Vila Cova de Carros, Vandoma, sendo contudo os seus ancestrais mais antigos originários ainda de lugares mais diversificados, provenientes de outras freguesias das redondezas, tais como Gandra, Cristelo, etc...
Do seu casamento, previsivelmente no ano de 1831, nesta casa viu nascer 14 filhos, tendo falecido cinco filhos, sendo a 5ª e ultima filha, no ano de 1855, sendo que de todos os restantes 9 filhos, rapazes, alguns terão emigrado para o Brasil em tenra idade, como era usual naqueles tempos.
Os que foram partiram moços com 13 ou mais idade, ainda jovens, sujeitos à isenção do exercicio obrigatório da tropa e em busca do sonho e da esperança de enriquecimento, num país que à época se considerava o eldorado, localizado no outro lado do Altântico - o Brasil.

A Descendência
Manoel Coelho Pereira Maria Thomásia Coelho Barbosa

•          António Joaquim Coelho Pereira (n - 1832 / f - 1913)
•          Manoel Joaquim Coelho Pereira (n - 1836 / f - 1914)
•          António Coelho Pereira (n - 1838 / f - ?)
•          Belmiro Coelho Pereira (n - 1839 / f - 1911)
•          José António Coelho Pereira (n - 1840 / f - 1910)
•          Lino Coelho Pereira (n - 1843 / f - 1891)
•          Firmino Coelho Pereira (n - 1843 / f - 1916)
•          Maria Rita Coelho Pereira (n - 1844 / f - 1931)
•          Anna Maria Coelho Pereira (n - 1847 / f - 1910)
•          Margarida Rita Coelho Pereira (n - 1848 / f - ?)
•          David Coelho Pereira (n - 1849 / f - 1920)
•          Victorino Coelho Pereira (n - 1851 / f - 1922)
•          Cecília Coelho Pereira (n - 1852 / f - 1945 )
•          Emília da Concepção Coelho Pereira (n - 1854 / f - 1855)

Retrato de família (ao centro os pais e em redor os filhos, faltando o mais velho)

Desta família resultou que três filhos, Firmino, Belmiro e Victorino, e tendo enriquecido no Brasil regressaram ainda jovens adultos com as posses necessárias para serem proprietários das 3 casas brasileiras, em Baltar.
Destas 3 casas, apenas uma resiste encontrando-se em bom estado, pertenceu a Victorino Coelho Pereira, que comprou a seu irmão Lino que a terá mandado edificar.
A que se encontra em frente a esta, actualmente abandonada foi escola secundária e foi entregue recentemente pela autarquia à Santa Casa da Misericórdia de Paredes, com a finalidade da construção de um Lar de Idosos (infelizmente já se torna impossível o restauro da casa) tendo pertencido a Belmiro Coelho Pereira.
E a terceira casa, pertenceu a Firmino Coelho Pereira e foi no final da década passada demolida inexplicavelmente para proveito próprio do proprietário na reconstrução de uma moradia unifamiliar, não tendo qualquer respeito pelo valor patrimonial e histórico dessa casa. Um crime que nem a junta de freguesia, a autarquia, nem o estado tomou qualquer posição sobre tal feito. Assim se perdeu, talvez a melhor casa da freguesia, pelo valor do seu recheio interior, na decoração, nas pinturas, da arquitectura, e de toda a sua envolvente histórica.
Enfim, assim se conta uns pequenos traços de vidas de uma família...