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23 de outubro de 2014

Jazigo do Conde Silva Monteiro - Porto


jazigo nº 106 - secção 17 - 3ª Divisão, Cemitério da Lapa, freguesia de Cedofeita, Porto - Portugal

A pedra de armas assente no jazigo-capela, embora não cumprindo as regras da heráldica, pretendeu honrar António da Silva Monteiro, famoso torna-viagem que faleceu na sua terra natal - o Porto, após ter emigrado para o Brasil e lá terá enriquecido.
António Silva Monteiro, nasceu no Porto no seio de uma família abastada, na freguesia de Lordelo do Ouro, a 16 de agosto de 1822. Recebeu os títulos de Visconde e de Conde em 23 de junho de 1875 e 22 de dezembro de 1875, por mercês do rei D. Luis I, rei de Portugal.
Filho de pais comerciantes, António Silva Monteiro e de Ana Narcisa Pereira,  emigrou ainda jovem para o Brasil, com 12 anos, e na cidade do Rio de Janeiro onde se tornou prospero capitalista e negociante, dotado de génio empreendedor e de grande dinamismo, conseguiu alcançar uma grande fortuna constituindo uma sociedade com seu irmão onde montou uma importante casa comercial que ainda estava em actividade no tempo da sua morte, mesmo ele tendo regressado e vivido em Portugal o resto da sua vida.
Ainda no Brasil terá casado com Carolina Júlia Ferreira, brasileira e filha de negociante português, Manuel Ferreira Gomes. 
Após longo tempo nas terras americanas regressou ao Porto indo viver para uma casa, que no séc. XIX foi considerada a "mais luxuosa da Invicta", situada na Rua da Restauração e virada para sul, com as melhores vistas para o Rio Douro.
Sua casa, na Rua da Restauração, foi adquirida a 17 de novembro de 1871 e posteriormente reformulada, tendo mantido toda a sua traça e o riquíssimo interior e jardins. 
Era mobilada com a sumptuosidade que a sua fortuna permitia e considerada uma verdadeira "maravilha" , as salas "ornamentada com mobílias, estofos e porcelanas da China" de grande apreço e "delicadíssimo gosto".
Era fidalgo cavaleiro da Casa Real, Comendador da Ordem da Conceição e juntou títulos os cargos de Vice-Presidente da Câmara Municipal do Porto, Presidente da Associação Comercial Portuense e Director do Palácio de Cristal.
Faleceu a 15 de janeiro de 1885, aos 62 anos, tendo sido largamente divulgado nos jornais da época. Foi enterrado no cemitério da Lapa numa capela assinada pelo mestre canteiro Bernardo Marques da Silva, pai do emérito arquitecto José Marques da Silva.
Mesmo nobilitado como visconde e posteriormente como conde não se conhece uma pedra de armas consentânea com as lei da heráldica. Como se pode verificar apresenta as siglas de seu nome em lugar de uma representação tradicional de uma verdadeira pedra de armas.
Existe também uma pedra de armas, nos jardins de sua casa aplicada na fonte, não contendo qualquer simbologia também designada de "campo liso".
A coroa é a representação simbólica de Conde e que se encontra mutilada.
Actualmente está instalada a Comissão de Viticultura da região de Vinhos Verdes (anos 40).
retirado texto de : "Peixoto, Paula Torres - Palacetes de Brasileiros no Porto (1850-1930), 2013" e
"Cunha, Manuel - Brasões e Pedras de Armas da Cidade do Porto, 2014"

12 de outubro de 2014

Brasão de van Zeller em cemitério - Porto

Cemitério de Agramonte, jazigo nº 8 (13ª secção), freguesia de Massarelos, Porto - Portugal

Jazigo de família cujos corpos de Roberto van Zeller e de sua esposa se encontram em eterno descanço.
A pedra de armas encontra-se aplicada num paredão simbólico, (mais parece um altar), onde se inserem duas placas com as inscrições dos familiares falecidos (seus descendentes) onde assenta o escudo da família e sobre esta uma cruz. Na sua envolvência pequenos símbolos tumulares e decorativos.
A descrição da Pedra de Armas:
Época: séc. XIX
Escudo: Suíço ou Ogival Inglês
Material: Mármore
Formato: Pleno ou simples
Leitura: van Zeller
Elmo: Aberto, gradeado e perfilado à direita e sem paquife
Timbre: de van Zeller
Cores: de prata, com três melros de negro, com os bicos e as patas em ouro e por diferença, uma estrela com cinco (deviam ser seis) raios vermelhos posta em abismo

4 de outubro de 2014

Antigas Medidas Medievais de Comprimento

Sé do Porto, Portugal

As medidas tradicionalmente usadas em Portugal, desde as origens da sua independência até ao período do ano de 1500, eram fundamentalmente o Côvado e a Vara e eram essencialmente utilizadas para se medir tecidos, mas também fitas e linhas.
O Côvado era já uma medida frequentemente utilizada e descrita pela Bíblia e em Portugal estas medidas eram muito variáveis quanto ao seu rigor da sua medida quer na actividade quotidiana das populações.
No que confere às medidas lineares a medida-padrão é o Palmo e consequência desta aparecem outras como múltiplos, entre as quais o Côvado e a Vara, mais usuais e correntemente utilizadas como medida.
Quadro-Padrão

Braça - 184 cm
Vara - 110 cm ( 5 palmos)
Meia Braça - 92 cm
Côvado ou Alna - 66 cm ( 3palmos)
Meia Vara - 55 cm (2,5 palmos)
Meio Côvado - 33 cm (1,5 palmos)
Palmo - 22 cm " Unidade-Base"

Este quadro confere uma uniformidade da medida, contudo podemos afirmar que em muitos locais, pelos séculos XII e XIII, essas medidas eram bem diferentes causando transtornos comerciais.
Na História de Portugal ficou retida a importância da chamada Reformas Manuelinas, como ponto de viragem na vida económica do reino, anunciadas em 1499 e considerada como marco de mudança de hábitos, pois assim perdurou por muitos anos a inconsistência nas medidas frequentemente utilizadas pela população como resistência natural, ao apego das tradições e o receio às mudanças.
Na cidade do Porto, só em 1711, com a publicação do "Regimento Aferidor dos Pezos Miúdos, Balanças e Medidas de Azeite e Covados e Varas desta Cidade do Porto e seu Termo" faz prova de que esta questão ainda não tinha sido resolvida, contudo viria a prevalecer a vontade real através de marcas em locais de feiras e mercados como representativo dessa imposição.
Como prova das medidas lineares podemos atualmente visualizar pelo País, como medida de aferimento das medidas utilizadas pelos mercadores, devia ser feito pelo confronto pela medida do comerciante com o padrão gravado na parede de um monumento localizado no local da feira e mercado, devendo aquele encaixar dentro deste.
Pode-se ainda hoje visualizar algumas marcas bem visiveis em alguns dos nossos monumentos, pelo nosso País.
Na cidade do Porto, as feiras realizavam-se em frente à Sé (foto acima) e como tal a sua marca encontra-se gravada num dos seus pilares da entrada principal.
Outros lugares podem-se ainda ver, tais como:
Portas das muralhas de Sortelha

Castelo de Alandroal

Castelo Redondo

Porta da Vila de Monsaraz

Igreja da Misericórdia, Sabugal (foto de Eduarda Filipe)

Igreja da Madalena, em Monforte (catálogo da "Exposição Pesos e Medidas em Portugal", 1990)

bem como de outros referenciados por este País e que se descrevem abaixo, em que alguns locais já não sejam possíveis de serem visualizados, tais como:

em Igrejas
- Colegiada de Guimarães;
- Igreja de Telões;
- Igreja de S. João, Lavandeira;
- Igreja Paroquial de Resende;
- Igreja Paroquial de S. Martinho de Mouros;
- Igreja de Stª. Marinha, Moreira de Rei;
- Igraja da Misericórdia, Sabugal (foto)
- Igreja de S. Miguel, Monsanto;
- Igreja de Stª. Maria de Finisterra, Soure;
- Igraja da Madalena, em Monforte (foto)
- Igreja de Montalvão nas colunas da Igreja (2 covados e 1 vara);
- Igreja de Stª. Maria dos Anjos, em Valença (covado) e numa porta da Rua Mouzinho de Albuquerque


em Portas de Muralhas das cidades de:
- Vila Real;
- Marialva;
- Sortelha (foto);
- Redondo (foto);
- Monsaraz (foto);

e ainda em Castelos:
- torre de menagem de Braga;
- Penedono;
- Alandroal (foto);
- Castro Marim;
- Castelo de Vide;

em casa particular:
- Castelo Rodrigo;

em Biblioteca:
- Pinhel;


Definições:
Palmo: com 22 centímetros, é a medida que se obtém com a mão toda aberta desde a ponta do dedo polegar até a ponta do dedo mínimo.
Côvado: com 66 centímetros (correspondendo a 3 palmos), esta medida era retirada da distância entre o cotovelo e a ponta do dedo médio da mão.
Vara: com 1,10 metros, valia 5 palmos de craveira (22 cm x 5)
Braça:com  2,20 metros (valendo 10 palmos), medida de ponta a ponta de cada braço aberto dos dedos maiores das mãos.

(retirado das obras de Medidas-Padrão Medievais Portuguesas, de Mário Jorge Barroca;
https://sites.google.com/site/climacoferreira/diversidades/medidas-antigas-e-presentes;
http://promontoriodamemoria.blogspot.pt/2012/10/antigas-medidas-de-peso-volume-e.html;
http://monsarazemfotos.blogspot.pt/;
http://traveltoalentejoportugal.blogspot.pt/;
http://ipemsp.wordpress.com/;
http://photoa.dlnewera.com/;
http://ruadealconxel.blogspot.pt/;
e de outros sites)