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Obrigado.

23 de setembro de 2016

Antiga Junta de Freguesia de Ermesinde



A casa de Ezequiel Augusto Ribeiro Vieira de Castro
ou
Antiga Junta de Freguesia de Ermesinde
ou 
Edifício Entrelinhas (Minho e Douro)

Edifício centenário (em estado de abandono) encontra-se circunscrita numa área de património antigo, através de um conjunto de três construções de grande relevo para a cidade. São elas, o Palacete "do Machado", a Casa onde se insere o colégio de Stª. Joana e esta, pertencente a Ezequiel Augusto Ribeiro Vieira de Castro.
Vista da entrada principal (Norte) e fachada lateral (Nascente)

Vista da traseira (Sul) e fachada lateral (Poente)

Ezequiel Vieira de Castro, foi uma figura de grande destaque em Ermesinde e do mundo dos negócios portuenses, era uma personalidade de relevo no meio ermesindense, sempre pronto a colaborar em qualquer ação cívica que tivesse por objectivo a melhoria da qualidade de vida da sua terra. 
Em documento, acta de reunião da Junta da Paróquia, de 4 de setembro de 1898, faz referência ao morador ermesindense e que "se achava quase restabelecido d'uma enfermidade que o teve às portas da morte", dizendo ainda "que este estimável cavalheiro tem sido incansável nos trabalhos de melhoramentos que se projectam n'esta freguesia e que por isso propunha se lhe mandasse celebrar uma missa cantada em acção de graças pelas milhoras".
Esta casa serviu de sua residência até finais do séc. XIX encontrando-se à venda nos anos 30 de séc. passado.

Foto de Ezequiel Augusto Ribeiro Vieira de Castro

Diário Illustrado - 3/agosto/1895 - lista de aniversariantes de prestigio na cidade
(ver Ezequiel Vieira de Castro fim da lista) 

Faleceu  a 9/9/1910, como se poderá comprovar em testamento aberto, realizado, no Serviço Administrativo do Bairro de Cedofeita, no dia seguinte, e que se encontra documentado no Arquivo Histórico do Porto para consulta neste espaço, com a cota de referência: A-PUB/5378-f.36v-43v.

Com a implantação da Republica, em 1910, permitiu a separação dos poderes entre o Estado e a Igreja. A Comissão Administrativa Republicana que se encontrava à frente da freguesia solicitou, em março de 1912, ao Ministro da Justiça a cedência de uma sala na Residência Paroquial para realizar as suas reuniões, pois entendia que a mesma devia ser cedida para a instalação da Junta de modo a permitir ser o mais independente possível da Igreja.
Em abril do mesmo ano, foi notificada pela Comissão Jurisdicional dos Bens das Extintas Corporações Religiosas de que a antiga Residência Paroquial apenas poderia ser cedida para a instalação da Junta mediante um arrendamento.
Assim, a 7 de abril de 1912, a Comissão deliberou oferecer 20 mil réis, por ano, pelas referidas instalações, tendo sido efectivamente concedida a Residência Paroquial à Comissão Administrativa de Ermesinde, dois meses depois.
Esta cedência saiu noticiada em Diário do Governo, pela confirmação do valor de montante de 20 mil réis anuais, para nela instalar uma creche e uma escola, ficando a Junta com uma sala gratuita para as suas reuniões.
Após este período conturbado e com o fim da Primeira Republica e da devolução dos bens à Igreja que lhe haviam sido retirados, em Ermesinde, a Junta de Freguesia teve de recorrer à procura de novas instalações.
A intenção seria, se possível, no centro da povoação de um edifício com uma capacidade para as necessidades das funções administrativas de sua competência.
Este assunto surgiu em 1934 com a iniciativa da actual Comissão Administrativa, presidida por Manuel Silva Baltazar Brites, com o intuito de aquisição de um edifício onde permitisse instalar os seus serviços, bem como de outros serviços públicos.
Nesse período e como, já referido atrás, a moradia de Ezequiel Viera de Castro se encontrava à venda e situada  no lugar do Passal, entre as passagens das linhas do Douro e Minho, e dada a sua centralidade a Comissão Administrativa mostrou vontade na sua aquisição, para a instalação dos seus serviços incluindo a Regedoria, o Posto de Registo Civil, o Posto Médico e eventualmente a Estação Telégrafo-Postal.
A sua avaliação rondou os 150 contos, mas tendo em consideração dos objectivos a que se destinava o edifício o proprietário baixou o valor para 70 contos.
Nesta conjectura a Comissão Administrativa deliberou, em sessão de 23 de dezembro de 1934, com a decisão de compra, tendo apenas sido concretizado em 1936, por 85 contos, quando era já presidente da Comissão, Dr. Luís Ramos.
Este processo de compra causou um litígio, entre os vendedores e a Junta, nos finais do ano de 1941 e abril de 1942 tendo sido levado a tribunal e de decisão acatada por esta Comissão, por um valor de 105 contos, com pagamentos mensais durante um período de 18 anos.
Só em dezembro de 1962 ficou o pagamento efectivo concluído entre as partes através da ultima prestação de 9 contos (ver acta de reunião da Junta de Freguesia de 12 de dezembro de 1962).
A partir deste período o edifício foi sofrendo obras de adaptações em função das ocupações das diferentes actividades que ao longo do tempo foram decorrendo naquele corpo edificado.
Podemos realçar a utilização parcial daquele edifício para as funções de Biblioteca, promovida  pela Fundação Gulbenkian, que à data tinha a politica difusora de instalações de bibliotecas distribuídas pelo País (ver imagem, nº 128).

Documento parcial: "As bibliotecas da Fundação Gulbenkian e a leitura pública em Portugal (1957-1987)", de Daniel Melo

Há quem refira em blogs pessoais, que no período dos anos 90, se encontrava ocupado, no sótão do prédio a Rádio Cultural de Ermesinde (RCE), pela antiga GNR, escuteiros, etc...
O referido edifício, cuja utilização durou 60 anos, foi vendido ao Nó Ferroviário do Porto, quando se procedeu ao alargamento e modernização das Linhas do Minho e Douro, transferindo-se, temporariamente, para um rés-do-chão de um edifício habitacional e atualmente instalados num edifício moderno, de sua própria propriedade.

Google - vista aerea

Nestes longos, quase, cem anos de utilização colectiva o edifício foi-se adaptando ao exercício das diferentes colectividades e instituições causando o desaparecimento de todo o interior, quer na sua decoração quer nos trabalhos construtivos aparentemente existentes do ambiente familiar a que o edifício foi inicialmente preparado.
Hoje, verifica-se um completo abandono e deterioração da sua edificação, quer nos arranjos exteriores, quer na degradação causada pelas infiltrações de águas com a consequente deterioração dos materiais do edifício, janelas, cobertura, paredes e pavimentos.
Vislumbram-se, igualmente, alguns actos de vandalismos com a necessidade de emparedamentos de vãos.
A "casa" é descrita em trabalho pessoal, de Mafalda Ribeiro, intitulada de "Vilegiamento em Ermesinde: memória de uma estância de veraneio", 1997, pág. 43 e 44, onde descreve: "De planta rectangular, o edifício desenvolve volumes formados pelo corpo principal e por dois sobreelevados nas fachadas nascente e poente que ampliam o espaço formado pelo vão da cobertura.

Google - isolamento pelas linhas férreas e passagem inferior

Na fachada principal, apesar da sua aparente simplicidade, nota-se uma preocupação estética no ritmo das aberturas de arco abatido dos postigos do rés-do-chão, dos vãos rectos das janelas geminadas do 1º andar com paralelismo na porta principal.
O ferro fundido está presente como estrutura de varanda dos corpos sobreelevados e na bandeira com rosácea em fundo "geodesic" vazado da portaria.

Pormenor da varanda
Porta de entrada - rosácea com fundo geodesic

Pormenor do postigo de arco abatido

E se a fachada principal deste elegante e sóbrio chalé mereceu tratamento condizente, os alçados laterais não destoam antes complementam-na pela profundidade e movimento que os vãos das portas, janelas e varandas dos corpos sobreelevados lhes conferem.
Circundando por um espaço ajardinado, a panorâmica da estação e do movimento em ferro fundido de gracioso desenho que se insere no ângulo sul formado pela bifurcação das vias férreas".
Planta do Rés-do-Chão
1º Andar
Planta do Sotão

De facto, com o decorrer do tempo e já com as recentes  obras de alargamento tudo se desvaneceu. A casa atualmente encontra-se totalmente cercada pelas linhas férreas e por um túnel, que interliga a parte baixa da parte central da cidade, eliminando qualquer poder de habitação familiar, transformando-a num casaréu abandonado.
Espera-se que haja boa vontade e força politica para "um dia", quem sabe, permitir ressuscitar este tipo de património, implementando-lhes outras actividades de modo a preservar a sua história.

Informação retirada de:
http://beladeermesinde.blogspot.PT
http://www.avozdeermesinde.com
http://gisa.web.cm-porto.PT
http://issuu.com/avozdeermesinde
http://geneall.net/pt/fórum
"As bibliotecas da Fundação Gulbenkian e a leitura pública em Portugal (1957-1987)", de Daniel Melo 

15 de setembro de 2016

Portal dos Brandões, Irivo

Rua dos Candaidos, CM 1249, Lugar de Coreixas - freguesia de Irivo, Penafiel

Portal situado em gaveto de dois arruamentos, com entrada para um vasto terreno de mata e que estará associado à Torre de Coreixas, casa senhorial de origem medieval e que se encontra muito perto desta construção granítica e brasonada.
Apresenta uma Pedra de Armas dos Brandões no seu frontão.
No Arquivo Histórico do Porto poderá encontrar a escritura de dote da Quinta de Coreixas por parte de D. Nuno Álvares e sua esposa Maria Domingues, que dão a Diogo Brandão a sua quinta de Coreixas, situada na freguesia de Stª. Maria de Coreixas, julgado de Penafiel, como dote que este contraiu com Isabel Nunes, filha do casal.
Arquivo Histórico
Documento/Processo: 1505/04/24
Cota: PERG-646
Identificador: 561507
Cód. Parcial: 21