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Aqueles que por seu entendimento, possam ser proprietários de alguns elementos fotográficos, e pretendam a retirada dessa foto, agradeço que me seja comunicada para evitar constrangimentos pessoais.

Obrigado.

26 de agosto de 2017

Casa dos Barbosa Maciel (14) - Viana do Castelo


fotos retiradas de: olharvianadocastelo.blogspot.com


Descrição da Pedra de Armas:

Brasão esquartelado, do séc. XVIII, tendo no I e IV quartel as armas de Teixeira (com diferença uma brica carregada de trifólio, em chefe), de azul, com cruz de ouro potenteia e vazia; no II as de Barbosa, de prata, com banda de azul carregada de três crescentes de ouro ladeada de dois leões afrontados e trepantes de púrpura, armados e lampassados de vermelho; e no III de Maciel (mal representado), partido, tendo o primeiro de prata, com duas flores-de-lis de azul, uma sobre a outra, e o segundo de negro, com meia águia cosida de vermelho, estendida, armada de ouro, movente da partição, mas que aqui surge invertido; escudo sotaposto em cruz da Ordem de Cristo e envolvido em paquife; encimado por timbre de Teixeira, com unicórnio (danificado) de prata, armado de ouro, em sainte;
Elmo e paquife com motivos vegetalistas muito relevado.
Carta de 12 de Novembro de 1725: Reg. no L- 7º fl 191ª a favor de João Barbosa Teixeira Maciel, doutro, filho de Manuel Barbosa Teixeira e de sua mulher Maria Ventura da Rocha; neto, pela linha paterna , de Bento Fernandes Teixeira Barbosa e de mulher Ana Maciel; e descendente dos Barbosas da casa Raposeira, no concelho dos Arcos d Valdevez, ramo da Casa de Aborim, dos Teixeiras de Vila Ral e dos Macieis de Darque, comerca de Barcelos.
foto retirado de olharvianadocastelo.blogspot.com


História Breve:

Edificada em 1724, só seis anos depois o palacete entrou na família Barbosa Maciel, através da compra deste imóvel, na qual permaneceu até 1922, tendo sido adquirida pela Câmara Municipal que a transformou num Museu Municipal, actualmente Museu de Artes Decorativas.
Está classificada como Imóvel de Interesse Público sendo que esta casa senhorial constituída por dois pisos, com a porta principal virada para o largo principal.
Sua fachada encontra-se dividida em três panos por cunhais em cantaria em que no pano central se  localiza a porta central e sobrepujada pela sacada em guarda de ferro, limitando duas varandas com um frontão triangular.
Entre as janelas apresenta-se o Brasão de Armas da família Barbosa Maciel e toda a fachada apresenta uma simetria e modelação constante que grande primor arquitectónico.
foto retirado de google.pt/,aps

foto retirado de olhavianadocastelo.blogspot.pt

Arquitectos/Construtor/Autor: 

Luís Teles (1990). ENGENHEIRO: Manuel Pinto de Vila Lobos (séc. 18). PEDREIROS: Jerónimo de Oliveira e Manuel de Oliveira (séc. 18). PINTOR DE AZULEJOS: Policarpo Oliveira Bernardo (séc. 18).

Descrição da casa:

Planta rectangular disposta longitudinalmente, composta por dois núcleos arquitectónicos, interligados e intercomunicantes. Volumes articulados com cobertura em telhados de quatro águas. Fachada principal rebocada e pintada de branco, com três panos e cunhais definidos por pilastras em silharia fendida, de dois pisos separados por cornija, sendo o primeiro percorrido por embasamento de cantaria, igualmente em silharia fendida, e o segundo terminado em duplo friso e cornija, sobreposta por platibanda de balaústres, com acrotérios no alinhamento das pilastras; sobre as pilastras dos cunhais surgem duas gárgulas volutadas com figura antropomórfica híbrida. No primeiro piso, no pano central, rasga-se portal de verga recta e moldura com cinco aduelas em cunha, encimado por cornija recta assente em duas mísulas que se prolongam na moldura, formando pingente; é ladeado por dois vãos altos e estreitos, gradeados, com molduras tendo superiormente aduelas em cunha, com pano de peito em silharia fendida ladeada por volutas estilizadas; nos panos laterais, simétricos, rasgam-se duas janelas de peitoril, com molduras sobrepostas por três aduelas em cunha e silhares de cantaria interligados à cornija separadora de pisos e tendo inferiormente panos de peito, em silharia fendida, ladeados de volutas. No segundo piso, rasgam-se em cada um dos panos, duas janelas de sacada, assentes em mísulas volutadas que se sobrepõem às molduras da janelas inferiores, com molduras côncavas e tendo também superiormente três aduelas em cunha, encimadas por frontões triangulares; nos panos laterais, as guardas em ferro são comuns e no central individualizados. Entre as janelas centrais, surge o brasão da família Teixeira Barbosa Maciel, envolvido por amplo paquife e com elmo, assente em mísula de linhas contracurvadas. A fachada posterior apresenta uma galeria alpendrada de dois pisos, com quatro arcos de volta perfeita, assentes em pilares no piso térreo e cinco tramos arquitravados sobre colunas toscanas no piso superior. A E. possui pequeno corpo saliente, correspondendo o do piso superior ao oratório. INTERIOR com vestíbulo, tendo lateralmente portas para as salas laterais e frontalmente, escada de acesso ao andar nobre, de quatro lanços, colocada descentradamente. No fim do primeiro lanço, mais extenso, surge um patamar de acesso a mezanino parcial entre o piso térreo e o andar nobre. Ao cimo da escadaria, surge um painel de azulejos com cena da vida de um santo. No andar nobre as três salas viradas à rua apresentam silhares de azulejo; o da sala central representa cenas alegóricas aos quatro continentes: Europa, América, África e Ásia; na do lado nascente representam-se os lazeres palacianos: um concerto, um banquete e cenas de jardim; na do lado poente, apresentam-se cenas de caça ao veado e, predominantemente, ao javali. Duas das salas colocadas à esquerda possuem tectos de apainelados. No topo direito surge a capela, revestida a azulejos, com a inscrição "Policarpus abolina Berd Pinxit", figurando nos painéis O Bom Pastor, Jesus e Nossa Senhora em concílio com as Santas Virgens, Visitação e Anunciação; possui retábulo de talha dourada e policroma. Sobre a secção posterior do piso nobre, com escada de madeira, existe um outro mezanino parcial.


fotos retiradas de www.monumentos.gov.pt

Cronologia da Casa:

1704 - António Felgueiras de Lima, natural de Viana, Cónego prebentado da Sé de Braga, comissário do Santo Ofício e Abade deservatório de Santo Adrião de Vizela, é eleito Provedor da Irmandade dos Clérigos de Viana; Felgueiras de Lima desejando obsequiar o Arcebispo D. Rodrigo de Moura Telles, que pensava vir a Viana tomar banhos de mar, adquiriu os terrenos necessários à construção de uma casa;
1720 / 1723 - início da construção orientada pelo engenheiro Manuel Pinto de Vila Lobos *1;
1723, 25 Setembro - acórdão da Câmara oferecendo uma pena de água, visto que a casa se destinava a hospedar o Bispo;
1723, 28 Dezembro - o padre João Alves Seixas, procurador de Felgueiras de Lima contratou os pedreiros vianenses Jerónimo de Oliveira e o irmão Manuel de Oliveira para fazerem umas casas na vila em frente do chafariz do eirado de São Domingos, conforme planta e apontamentos assinados por ele e pelos mestres, por 1:800$000 reais; determinava-se fazer a frontaria das casas pelo modo e talhe da Vedoria, além de mais perfeição e talhe acrescido; as casas deveriam estar concluídas em finais de Agosto de 1724;
1725, início - a obra ainda não tinha iniciado; 14 Março - contrato entre António Felgueiras de Lima e os mesmos mestres pedreiros por 1:322$763 rs, assinado em casa de Domingos Brandão Marinho, oficial da Vedoria de Viana, estando presente o coronel Manuel Pinto de Vila Lobos; Junho / Julho - o cónego prebentado fez dois contratos, segundo os quais, o reverendo Francisco Lopes, de modo a satisfazer algumas dívidas e favores a Felgueiras de Lima, se comprometia a deixá-lo abrir da parte E. das suas casas, por cima e sobre o telhado dele, as janelas que desejasse para a sua casa ter mais luz;
1727, 14 Janeiro - escritura de quitação da obra
1730, cerca - feitura do retábulo da capela; 24 Fevereiro - aqui faleceu Felgueiras de Lima; 5 Setembro - o Dr. João Barbosa Teixeira Maciel, com consentimento das freiras de Santa Clara de Vila do Conde, às quais era foreira a leira, em que assentava a parte ocidental, arrematou o edifício e suas dependências por 16 mil cruzados, ou seja, 6 contos de reis; o mesmo procedeu a melhoramentos na casa, tendo-se apainelado os tectos, colocado silhares de azulejos nas salas e capela, com azulejos da fábrica de Belém, pintados por Policarpo de Oliveira Bernardes, conforme cartela existente na última;
1795, Julho - incêndio destruiu parte a central, ao nascente, da casa, e grande número de documentos antigos; séc. 19, início - restaurado da casa, tendo-se acrescentado sobre o terreno e quintal, um novo edifício para sala de jantar e ampla cozinha térrea;
1863 - modificações na fachada por João Barbosa Teixeira Maciel, substituindo-se o beiral do telhado por platibanda de balaústres, colocado sobre quatro plintos as figuras de heróis troianos, da fábrica de cerâmica das Devesas, em Vila Nova de Gaia; e colocação de brasão dos Teixeiras Barbosas Macieis;
1880, 13 Novembro - falecimento do último administrador vincular, não deixando descendência; sucedeu-lhe sua irmã D. Maria da Natividade Pereira de Araújo Barbosa;
1888, 9 Maio - a Câmara, sob proposta do Presidente Major Luís de Andrade e Sousa, resolveu criar um Museu; a sua primeira instalação foi no claustro do Convento de Santo António, sendo seu director o Dr. Luís Figueiredo de Guerra;
1906, 8 Abril - morte de D. Maria da Natividade Pereira de Araújo Barbosa legando a casa a favor da sua próxima parente Viscondessa da Torre das Donas, com grandes encargos e muitos legados; por morte desta, a casa ficou para os seus sobrinhos D. Jacinta Frederica de Barros Lima do Rego Barreto e irmão Luís Visconde de Geraz de Lima; séc. 20 - demolição da escada exterior, encostada à cozinha, que ligava directamente a galeria da fachada posterior ao quintal;
1918 - o Presidente da Câmara, Jacinto Caldas, propôs que o Museu passasse para o Governo Civil, que funcionava no Convento de São Domingos;
1919 - ainda funcionava nos baixos da casa Barbosa Maciel o "Colégio de D. Zaida", para a instrução primária, com grande afluência; a Casa Costa Barros, foi oferecida pelo proprietário Dr. Manuel Félix Mâncio, para instalação do Museu, o que a Câmara aceitou; Setembro - compra da Casa de João Velho ou dos Arcos com esse fim;
1921 - a Câmara pensa comprar a casa das Figuras ou Barbosa Maciel para instalação definitiva do Museu Municipal de Viana do Castelo;
1922, 24 Outubro - os sobrinhos venderam a casa à Câmara Municipal para aí instalar o Museu e Biblioteca do Concelho; foram encarregados da sua instalação Serafim Neves e o Dr. Luís Augusto de Oliveira, que através do filho, quis legar à Câmara a sua preciosa colecção de antiguidades; o 1º director do Museu foi o Dr. Figueiredo de Guerra;
1926, 24 Junho - inauguração do Museu;
1951, 1 Maio - nomeado conservador do Museu o Dr. Romel de Sousa Oliveira (depois da sua saída, passaram vários anos sem haver conservador);
1953, 20 Novembro - morte de Manuel Espregueira e Oliveira, o qual deixou em legado ao Museu uma grande colecção de peças cerâmicas;
1964 - vereador do pelouro da Cultura, Artur Sandão, remodelou completamente o Museu, melhorando-o muito;
1966 - transferência da Biblioteca Municipal para a Casa dos Alpuim;
1980 - nomeado conservador o padre Dr. António de Matos Reis;
1981 / 1982 - sob direcção do Dr. Matos Reis, inicia-se a elaboração do Inventário do espólio, com feitura de "slides" de cada peça;
1990 - ampliação do Museu, de modo a dotá-lo de áreas de depósito, de trabalho e de exposições temporárias;
1993 - inauguração da nova ala de exposição, construída segundo o projecto do arquitecto Luís Teles.



fotos retiradas de olharvianadocastelo.blogspot.com 
"cenas evangélicas" de Policarpo Oliveira Bernardes





fotos retiradas de olharvianadocastelo.blogspot.com 
"4 continentes" do mestre Valentim de Almeida


Viana do Castelo - Origens:

"A ocupação humana da região de Viana remonta ao Mesolítico, conforme o testemunham inúmeros achados arqueológicos (anteriores à cidadela pré-romana) no Monte de Santa Luzia.
A povoação de Viana recebera a Carta de Foral, de Afonso III de Portugal em 18 de Julho de 1258, tendo passado a chamar-se Viana, da Foz do Lima.
Até à sua elevação a cidade em 20 de Janeiro de 1848, a actual Viana do Castelo chamava-se simplesmente "Viana" (também referida como Viana da Foz do Lima" e "Viana do Minho", para diferenciá-la de Viana do Alentejo.
Na cidade - que cresceu ao longo do rio Lima - podem ser observados os estilos renascentistas, manuelino, barroco e Art Deco. Na malha urbana destaca-se o centro histórico, que forma um circulo delimitado pelos vestígios das antigas muralhas. Aqui cruzam-se becos e artérias maiores viradas para o rio Lima, e destacam-se a antiga Igreja Matriz, que remonta ao séc. XV, a Capela da Misericórdia (séc. XVI), a Capela das Almas, e o edifício da antiga Câmara Municipal, na Praça da Monarquia (antiga Praça da Rainha), com uma fonte em granito do séc. XVI."
Para além deste Património arquitectónico no pequeno núcleo citadino vislumbram-se casas típicas dessas épocas e com as características e ornamentos aos estilos atrás mencionados.
Dessas casas aparecem pedras de armas afixadas nas fachadas, sendo distribuídas por casas tradicionais, por casas nobres e apalaçadas, cujas personagens justificaram a mercê dada pelo seu rei, quer por actos em prol do País, quer em prol da benemerência e interesses locais ou por razões politicas.
No pequeno núcleo histórico circunscrito entre a linha férrea e o rio Lima e por pequenos passeios pedonais realizados pessoalmente pelo seu interior se destacaram e se recolheram um bom punhado de Brasões, de Heráldica de Família, que se pretende abordar e mostrar neste blogue.
Dos 27 brasões referenciados no mapa, alguns não foram encontrados neste pequeno passeio efectuado em dia e meio, de uma pequena estada naquela linda cidade.  A recolha mereceu também em buscas de sites locais que me ajudaram a enriquecer este projecto de inventariação de brasões de família no núcleo antigo desta cidade.
Provavelmente haverá ainda outros por descobrir nessas pequenas vielas e ruas, e encobertas em muitas casas que apresentam características muito especiais, à sua época a que cada uma delas terá sido edificada. Vislumbramos, portas e janelas lindamente executadas em granito, do barroco ao manuelino, muitas casas ainda sustentam nos seus beirais gárgulas de todos os feitios e igualmente outras pedras de armas, nacionais e da cidade.
À medida que se apresenta cada peça de armas, e sempre que possível, será abordada a descrição da pedra de armas e de uma pequena história, da casa ou da família, efectuada pela recolha na internet e especialmente no blogue "olharvianadocastelo.blogspot" e da obra "Casas de Viana Antiga" que merecem uma especial atenção e um elogio de relevo por se dedicarem exclusivamente ao concelho e à cidade.

Esquema geral da localização das Pedras de Armas de Família - Viana do Castelo

Listagem:
1 - Casa dos Monfalim (séc. XVII/XVIII) - Gaveto do Passeio das Mordomas da Romaria com a Rua Nova de Santana
2 - Casa da Barrosa (séc. XVIII) - Rua Manuel Espregueira, n.º 87
3 - Casa dos Abreu Coutinho (séc. XVIII (?)) - Largo Vasco da Gama
4 - Casa dos Melo e Alvim (séc. XVI) - Av. Conde da Carreira
5 - Capela da Casa da Carreira (séc. XVIII) - Rua dos Bombeiros
6 - Casa dos Werneck (séc. XIX) - Av. Conde da Carreira, n.º 6
7 - Casa dos Pimenta da Gama ou Casa da Piedade (séc. XVIII) - Rua Mateus Barbosa, n.º 44
8 - Casa do Campo da Feira (séc. XVIII) - Largo 5 de Outubro, n.º 64
9 - Casa dos Sousa Meneses - Rua Manuel Espregueira, n.º 212
10 - Casa da Vedoria (séc. XVII) - Rua Manuel Espregueira, n.º 152
11 - Casa da Carreira (séc. XVI) - Passeio das Mordomas da Romaria
12 - Casa Costa Barros (séc. XVI) - Rua S. Pedro, n.º 28
13 - Casa dos Aranha Barbosa - Rua da Bandeira, n.º 174
14 - Casa Barbosa Maciel (séc. XVIII) - Largo S. Domingos
15 - Casa dos Malheiro Reymão (séc. XVIII) - Rua Gago Coutinho e Praça das Couves
16 - Palácio dos Cunhas (séc. XVIII) - Rua da Bandeira
17 - Casa do Pátio da Morte - Rua da Bandeira, n.º 203
18 - Casa dos Pita (séc. XVII) - Rua Prior do Crato, n.º 56
19 - Hospital Velho (séc. XV) - Rua do Hospital Velho
20 - Casa dos Torrados - Av. Luis de Camões, n.º 19
21 - Casa dos Sá Sottomaior - Praça da Republica, n.º 42
22 - Casa dos Agorretas - Gaveto da Rua dos Rubins com Rua Manuel Espregueira
23 - (família desconhecida) - Travessa da Victória, n.º 8
24 - Casa de João Velho ou Casa dos Arcos - Largo do Instituto Histórico do Minho
25 - Casa dos Medalhões, gaveto da Rua do Poço com Largo da Matriz
26 - Casa do Alpuím, Passeio das Mordomas da Romaria
27 - Casa dos Pereira Cirne - Rua da Bandeira, n.º 219
28 - Casa dos Boto e Calheiros - Rua da Bandeira, n.º 124

fontes retiradas de:
- olharvianadocastelo.blogspot.com
- www.monumentos.gov.pt
- http://viva-a-historia.webnode.pt
- http://www.waymarking.com
- https://www.visitarportugal.pt

18 de agosto de 2017

Casa dos Aranha Barbosa (13) - Viana do Castelo

 foto retirado de olharvianadocastelo.blogspot.com

Descrição:

Em granito, com escudo em formato Português, com ponta, do séc. XVIII.
Esquartelado de:
I e IV - Aranha (mal representado)
II e III - Barbosa
Elmo de frente (contra ordenança heráldica) com plumas
Timbre de Barbosa 
Encaixilhado num portal granito com duas colunas laterais e trave arqueada e sustentada lateralmente por dois suportes simétricos. 


A Origem da Casa:

Felgueiras Gayo nos registos dos seus documentos genealógicos, refere, no ano de 1640, a presença de um casal a viver em Viana, na rua da Bandeira, com os nomes de Belchior Gouveia Coutinho e D. Maria Correia Barbosa.
O primeiro, oriundo de família ilustre da Beira e ela filha de Francisco Correia do Rego, senhor da Quinta da Argaçosa, em Viana do Castelo, e trineta de Rui Vaz Aranha, tendo-se tornado os originários, naquela cidade, do ramo dos Aranha Barbosa.
A casa deste casal nela fazia parte de um grande quinta, que desde 1572 e ao longo do tempo permitiu os emprazamentos dos terrenos, através da abertura da rua Nova de S. Bento facultando a construção de casas, e que lhes ficaram foreiras.
A delapidação dos bens desta família faz-se através da má administração dos bens tidos pelos seus herdeiros e respectivas sucessões, conforme é descrito na obra de "Casas Antigas de Viana", de Maria Augusta d'Alpuím e Maria Emília de Vasconcelos, na sua edição de 1983.


retirado da obra "Casas Antigas de Viana" (sem pedra de armas em finais do século)

foto retirado de olharvianadocastelo.blogspot.com (com pedra de armas)



Viana do Castelo - Origens:

"A ocupação humana da região de Viana remonta ao Mesolítico, conforme o testemunham inúmeros achados arqueológicos (anteriores à cidadela pré-romana) no Monte de Santa Luzia.
A povoação de Viana recebera a Carta de Foral, de Afonso III de Portugal em 18 de Julho de 1258, tendo passado a chamar-se Viana, da Foz do Lima.
Até à sua elevação a cidade em 20 de Janeiro de 1848, a actual Viana do Castelo chamava-se simplesmente "Viana" (também referida como Viana da Foz do Lima" e "Viana do Minho", para diferenciá-la de Viana do Alentejo.
Na cidade - que cresceu ao longo do rio Lima - podem ser observados os estilos renascentistas, manuelino, barroco e Art Deco. Na malha urbana destaca-se o centro histórico, que forma um circulo delimitado pelos vestígios das antigas muralhas. Aqui cruzam-se becos e artérias maiores viradas para o rio Lima, e destacam-se a antiga Igreja Matriz, que remonta ao séc. XV, a Capela da Misericórdia (séc. XVI), a Capela das Almas, e o edifício da antiga Câmara Municipal, na Praça da Monarquia (antiga Praça da Rainha), com uma fonte em granito do séc. XVI."
Para além deste Património arquitectónico no pequeno núcleo citadino vislumbram-se casas típicas dessas épocas e com as características e ornamentos aos estilos atrás mencionados.
Dessas casas aparecem pedras de armas afixadas nas fachadas, sendo distribuídas por casas tradicionais, por casas nobres e apalaçadas, cujas personagens justificaram a mercê dada pelo seu rei, quer por actos em prol do País, quer em prol da benemerência e interesses locais ou por razões politicas.
No pequeno núcleo histórico circunscrito entre a linha férrea e o rio Lima e por pequenos passeios pedonais realizados pessoalmente pelo seu interior se destacaram e se recolheram um bom punhado de Brasões, de Heráldica de Família, que se pretende abordar e mostrar neste blogue.
Dos 27 brasões referenciados no mapa, alguns não foram encontrados neste pequeno passeio efectuado em dia e meio, de uma pequena estada naquela linda cidade.  A recolha mereceu também em buscas de sites locais que me ajudaram a enriquecer este projecto de inventariação de brasões de família no núcleo antigo desta cidade.
Provavelmente haverá ainda outros por descobrir nessas pequenas vielas e ruas, e encobertas em muitas casas que apresentam características muito especiais, à sua época a que cada uma delas terá sido edificada. Vislumbramos, portas e janelas lindamente executadas em granito, do barroco ao manuelino, muitas casas ainda sustentam nos seus beirais gárgulas de todos os feitios e igualmente outras pedras de armas, nacionais e da cidade.
À medida que se apresenta cada peça de armas, e sempre que possível, será abordada a descrição da pedra de armas e de uma pequena história, da casa ou da família, efectuada pela recolha na internet e especialmente no blogue "olharvianadocastelo.blogspot" e da obra "Casas de Viana Antiga" que merecem uma especial atenção e um elogio de relevo por se dedicarem exclusivamente ao concelho e à cidade.

Esquema geral da localização das Pedras de Armas de Família - Viana do Castelo

Listagem:
1 - Casa dos Monfalim (séc. XVII/XVIII) - Gaveto do Passeio das Mordomas da Romaria com a Rua Nova de Santana
2 - Casa da Barrosa (séc. XVIII) - Rua Manuel Espregueira, n.º 87
3 - Casa dos Abreu Coutinho (séc. XVIII (?)) - Largo Vasco da Gama
4 - Casa dos Melo e Alvim (séc. XVI) - Av. Conde da Carreira
5 - Capela da Casa da Carreira (séc. XVIII) - Rua dos Bombeiros
6 - Casa dos Werneck (séc. XIX) - Av. Conde da Carreira, n.º 6
7 - Casa dos Pimenta da Gama ou Casa da Piedade (séc. XVIII) - Rua Mateus Barbosa, n.º 44
8 - Casa do Campo da Feira (séc. XVIII) - Largo 5 de Outubro, n.º 64
9 - Casa dos Sousa Meneses - Rua Manuel Espregueira, n.º 212
10 - Casa da Vedoria (séc. XVII) - Rua Manuel Espregueira, n.º 152
11 - Casa da Carreira (séc. XVI) - Passeio das Mordomas da Romaria
12 - Casa Costa Barros (séc. XVI) - Rua S. Pedro, n.º 28
13 - Casa dos Aranha Barbosa - Rua da Bandeira, n.º 174
14 - Casa Barbosa Maciel (séc. XVIII) - Largo S. Domingos
15 - Casa dos Malheiro Reymão (séc. XVIII) - Rua Gago Coutinho e Praça das Couves
16 - Palácio dos Cunhas (séc. XVIII) - Rua da Bandeira
17 - Casa do Pátio da Morte - Rua da Bandeira, n.º 203
18 - Casa dos Pita (séc. XVII) - Rua Prior do Crato, n.º 56
19 - Hospital Velho (séc. XV) - Rua do Hospital Velho
20 - Casa dos Torrados - Av. Luis de Camões, n.º 19
21 - Casa dos Sá Sottomaior - Praça da Republica, n.º 42
22 - Casa dos Agorretas - Gaveto da Rua dos Rubins com Rua Manuel Espregueira
23 - (família desconhecida) - Travessa da Victória, n.º 8
24 - Casa de João Velho ou Casa dos Arcos - Largo do Instituto Histórico do Minho
25 - Casa dos Medalhões, gaveto da Rua do Poço com Largo da Matriz
26 - Casa do Alpuím, Passeio das Mordomas da Romaria
27 - Casa dos Pereira Cirne - Rua da Bandeira, n.º 219
28 - Casa dos Boto e Calheiros - Rua da Bandeira, n.º 124

fontes retiradas de:
- olharvianadocastelo.blogspot.com
- "Casas Antigas de Viana", de Maria Augusta d'Alpuím e Maria Emília de Vasconcelos, edição 1983

12 de agosto de 2017

Casa dos Costa Barros (12) - Viana do Castelo


foto da Pedra de Armas (olharvianadocastelo.blogspot.pt)

Descrição da Pedra de Armas:

Escudo francês (séc. XVIII), partido em I - Costa e II - Barros, com diferença de ... um farpão, no primeiro quartel.
Contempla elmo frontal, timbre de Costa e assenta em elementos floreados.

História da Casa:

A designada casa de Costa Barros fica situada numa das ruas mais antigas de Viana, inserida no antigo burgo medieval, que durante os séculos XIV e XV se desenvolveu dentro das muralhas da vila, em torno da Sé e da antiga Igreja de S. Salvador.
Este espaço, "rasgado por estreitas vielas, ladeadas de pequenas casas sombrias" (MOREIRA, Manuel, 1985, p. 67) foi-se renovando socialmente a partir da segunda metade da centúria de Quatrocentos.
Na realidade, à medida que o comércio marítimo do porto de Viana crescia, a sociedade vianense foi crescendo e enriquecendo, dando origem a um grupo de poderosos e ricos mercadores, composto tanto por burgueses como pela nobreza local. 
Estes homens ocuparam as artérias principais da vila, as "ruas mais populosas e activas" (REIS, A. Matos, 1995, p.12), construindo então casas opulentas, que através dos programas decorativos exteriores demonstravam o poder económico e o estatuto social dos seus habitantes.
Assim, nos primeiros anos do século XVI assiste-se em Viana da Foz do Lima a um curioso fenómeno de "redecoração" das casas medievais situadas nas ruas periféricas à Sé. São os casos da Casa da Luna, um conjunto de prédios medievais unificado por um programa decorativo de gosto romano executado pelo mestre João Lopes, o Velho, ou a Casa dos Costa Barros, na fachada principal da qual se destaca um conjunto de janelas e portais de gosto manuelino.
Situada junto à antiga porta das Atafonas, o primitivo edifício da Casa Costa Barros terá sido edificado ainda no século XV, sendo possivelmente reconstruído no inicio do século XVI para integrar o programa manuelino. Supõe-se que os proprietários da casa na época seriam os Pita, de Caminha (GOMES, P. Varela, CALDAS, J. Vieira, 1990, p. 43) embora se desconheça o executor do projecto. É no entanto indiscutível a sua importância como um dos mais exemplares da arquitectura civil urbana do primeiro quartel do século XVI.
foto da fachada da casa (olharvianadocastelo.blogspot.pt

De planta rectangular, a casa está dividida em dois registos. A fachada desenvolve-se longitudinalmente, num ritmo assimétrico, marcado pela abertura de quatro portas e quatro janelas. No registo inferior foram abertas, da esquerda para a direita, uma porta com arco contracurvado, e três portas de moldura rectangular ladeadas por colunelos com capitéis decorados com motivos vegetalistas.
janela manuelina (clube português de fotografia)

No andar nobre da casa foram abertas quatro janelas, dispostas no eixo das portas. A primeira possui moldura com arco conopial, decorado com florões, tanto no intradorso como no prolongamento dos colunelos que ladeiam o conjunto. A janela seguinte apresenta um modelo muito simples, com duplo arco (?mainel) de várias voltas.
Entre estas duas fenestrações foi colocada a pedra de armas de José Mancio da Costa Barros, militar e cavaleiro da Ordem de Cristo, que adquiriu a casa em 1765, Esta ficaria a partir de então ligada ao seu nome de família.
A terceira janela do andar é o elemento que mais se destaca no frontipicio. De grande riqueza decorativa, apresenta um modelo executado nos primeiros anos do Renascimento, fazendo uma simbiose entre a estrutura manuelina e os motivos decorativos de grotesco com figuras de sereias, enrolamentos vegetais e florões. A ultima janela, à direita, é decorada com florões e cogulhos.
janela manuelina (olharvianadocastelo.blogspot.pt)

A execução de um elaborado programa decorativo para as janelas do piso nobre demonstra a preocupação dos proprietários com o enobrecimento da casa, transformando uma habitação de fundação medieval num dos mais interessantes renascentistas de Viana da Foz do Lima.
Catarina Oliveira (IPPAR2005)

Actualidade:

Actualmente esta casa encontra-se inserida no ramo do turismo hoteleiro, cujo seu interior se preserva o carácter renascentista, contendo pinturas e louças da época, de cartas de Marquês de Pombal expostas na biblioteca, da escadaria granítica de acesso ao piso superior, com ligação à sala de jantar, cujos elementos decorativos se apresentam as louças de Viana do Castelo, provenientes da fábrica do Cais Novo, em Darque, de pratos da Companhia das Índias, bem como de baixelas com o brasão de família e mobiliário provenientes de países estrangeiros.
Esta casa tem acolhido figuras do País tendo em conta as suas características próprias de uma casa e janela manuelina que muito representa espírito dos descobrimento. Nela foram escolhidas para sua estada, Dom Duarte Pio de Bragança, Mário Soares como as figuras mais emblemáticas que passaram por este espaço. 


Viana do Castelo - Origens

"A ocupação humana da região de Viana remonta ao Mesolítico, conforme o testemunham inúmeros achados arqueológicos (anteriores à cidadela pré-romana) no Monte de Santa Luzia.
A povoação de Viana recebera a Carta de Foral, de Afonso III de Portugal em 18 de Julho de 1258, tendo passado a chamar-se Viana, da Foz do Lima.
Até à sua elevação a cidade em 20 de Janeiro de 1848, a actual Viana do Castelo chamava-se simplesmente "Viana" (também referida como Viana da Foz do Lima" e "Viana do Minho", para diferenciá-la de Viana do Alentejo.
Na cidade - que cresceu ao longo do rio Lima - podem ser observados os estilos renascentistas, manuelino, barroco e Art Deco. Na malha urbana destaca-se o centro histórico, que forma um circulo delimitado pelos vestígios das antigas muralhas. Aqui cruzam-se becos e artérias maiores viradas para o rio Lima, e destacam-se a antiga Igreja Matriz, que remonta ao séc. XV, a Capela da Misericórdia (séc. XVI), a Capela das Almas, e o edifício da antiga Câmara Municipal, na Praça da Monarquia (antiga Praça da Rainha), com uma fonte em granito do séc. XVI."
Para além deste Património arquitectónico no pequeno núcleo citadino vislumbram-se casas típicas dessas épocas e com as características e ornamentos aos estilos atrás mencionados.
Dessas casas aparecem pedras de armas afixadas nas fachadas, sendo distribuídas por casas tradicionais, por casas nobres e apalaçadas, cujas personagens justificaram a mercê dada pelo seu rei, quer por actos em prol do País, quer em prol da benemerência e interesses locais ou por razões politicas.
No pequeno núcleo histórico circunscrito entre a linha férrea e o rio Lima e por pequenos passeios pedonais realizados pessoalmente pelo seu interior se destacaram e se recolheram um bom punhado de Brasões, de Heráldica de Família, que se pretende abordar e mostrar neste blogue.
Dos 27 brasões referenciados no mapa, alguns não foram encontrados neste pequeno passeio efectuado em dia e meio, de uma pequena estada naquela linda cidade.  A recolha mereceu também em buscas de sites locais que me ajudaram a enriquecer este projecto de inventariação de brasões de família no núcleo antigo desta cidade.
Provavelmente haverá ainda outros por descobrir nessas pequenas vielas e ruas, e encobertas em muitas casas que apresentam características muito especiais, à sua época a que cada uma delas terá sido edificada. Vislumbramos, portas e janelas lindamente executadas em granito, do barroco ao manuelino, muitas casas ainda sustentam nos seus beirais gárgulas de todos os feitios e igualmente outras pedras de armas, nacionais e da cidade.
À medida que se apresenta cada peça de armas, e sempre que possível, será abordada a descrição da pedra de armas e de uma pequena história, da casa ou da família, efectuada pela recolha na internet e especialmente no blogue "olharvianadocastelo.blogspot" e da obra "Casas de Viana Antiga" que merecem uma especial atenção e um elogio de relevo por se dedicarem exclusivamente ao concelho e à cidade.

Esquema geral da localização das Pedras de Armas de Família - Viana do Castelo

Listagem:
1 - Casa dos Monfalim (séc. XVII/XVIII) - Gaveto do Passeio das Mordomas da Romaria com a Rua Nova de Santana
2 - Casa da Barrosa (séc. XVIII) - Rua Manuel Espregueira, n.º 87
3 - Casa dos Abreu Coutinho (séc. XVIII (?)) - Largo Vasco da Gama
4 - Casa dos Melo e Alvim (séc. XVI) - Av. Conde da Carreira
5 - Capela da Casa da Carreira (séc. XVIII) - Rua dos Bombeiros
6 - Casa dos Werneck (séc. XIX) - Av. Conde da Carreira, n.º 6
7 - Casa dos Pimenta da Gama ou Casa da Piedade (séc. XVIII) - Rua Mateus Barbosa, n.º 44
8 - Casa do Campo da Feira (séc. XVIII) - Largo 5 de Outubro, n.º 64
9 - Casa dos Sousa Meneses - Rua Manuel Espregueira, n.º 212
10 - Casa da Vedoria (séc. XVII) - Rua Manuel Espregueira, n.º 152
11 - Casa da Carreira (séc. XVI) - Passeio das Mordomas da Romaria
12 - Casa Costa Barros (séc. XVI) - Rua S. Pedro, n.º 28
13 - Casa dos Aranha Barbosa - Rua da Bandeira, n.º 174
14 - Casa Barbosa Maciel (séc. XVIII) - Largo S. Domingos
15 - Casa dos Malheiro Reymão (séc. XVIII) - Rua Gago Coutinho e Praça das Couves
16 - Palácio dos Cunhas (séc. XVIII) - Rua da Bandeira
17 - Casa do Pátio da Morte - Rua da Bandeira, n.º 203
18 - Casa dos Pita (séc. XVII) - Rua Prior do Crato, n.º 56
19 - Hospital Velho (séc. XV) - Rua do Hospital Velho
20 - Casa dos Torrados - Av. Luis de Camões, n.º 19
21 - Casa dos Sá Sottomaior - Praça da Republica, n.º 42
22 - Casa dos Agorretas - Gaveto da Rua dos Rubins com Rua Manuel Espregueira
23 - (família desconhecida) - Travessa da Victória, n.º 8
24 - Casa de João Velho ou Casa dos Arcos - Largo do Instituto Histórico do Minho
25 - Casa dos Medalhões, gaveto da Rua do Poço com Largo da Matriz
26 - Casa do Alpuím, Passeio das Mordomas da Romaria
27 - Casa dos Pereira Cirne - Rua da Bandeira, n.º 219
28 - Casa dos Boto e Calheiros - Rua da Bandeira, n.º 124 

fontes retiradas de:
- olharvianadocastelo.blogspot.com
- www.patrimoniocultural.gov.pt
- http://www.turismorural.pt