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16 de fevereiro de 2020

Quinta do Meilão - Águas Santas



Quinta do Meilão



Esta quinta e casa senhorial não tem qualquer estudo ou apresentação da sua história que permita alguma informação.
Mas tudo indica pelas peças decorativas existentes que terá sido uma quinta com alguma dimensão, para além de incluir uma capela privada incorporada na casa de família.
Actualmente está associada a uma instituição de promoção à saúde, e tem a designação de Comunidade Terapêutica do Meilão, criada em 1999, dirigida ao apoio a pessoas com problemas de toxicodependência e a reaprender a viver sem drogas.
Fachada norte 

Fachada principal

Questionada uma das proprietárias nada soube dizer sobre os antepassados desta casa.
A pedra de armas, partida com dois apelidos e que se supõe serem dos Pereira e dos Barroso, com timbre de Barroso.
Na revista n.º 2 do Ano 2, Revista da Maia, nova série, julho/dezembro de 2017, reedição da original descreve o seguinte:
“(…) No interior da quinta ergue-se um edifício solarengo, do século XVIII, de insinuação barroca, do qual se destacam os frontões triangulares sobre as janelas da fachada principal, varandas, cornijas e cunhais, e do lado norte e bem escalonada escadaria, resguardada por robusto corrimão de pedra, rematado inferiormente por uma cinzelada voluta ao estilo da época.
Ao fundo, virada também para norte e integrada no corpo do edifício, a frontaria de uma capela, em pedraria de talhe requintado, no cimo da qual, incisa no granito, junto de outras inscrições, está a data de 1704 ou 1706 (?).
Capela (atualmente adulterada como espaço de lazer)

placa em granito inserida na fachada da capela (ilegível)

Na frente do edifício, entre os frontões que encimam as janelas do andar, adossado à parede e enquadrado na envolvência arquitectónica da fachada, impõe-se o exuberante brasão.
Talhado em granito, este espécime compõe-se de escudo de campo plano, cuja linha do partido se salienta ligeiramente, bem como a do contorno, à feição de debrum que também se adapta à proposta decorativa do conjunto. Dentro, numa das partes, figura uma cruz florenciada, vazada; na outra, cinco leões esculpidos quase a todo o vulto, mas sem grande carácter. O escudo é encimado por um elmo de configuração atarracada e pouco expressiva, no qual se apoia, como timbre, um elemento zoomórfico – leão. Do elmo saem, sem que seja nítida a sua inserção, sinuosos elementos que, descendo até à ponta do escudo, constituem o paquife. Na zona inferior, outros motivos decorativos rematam esta pedra de armas.
Pedra de Armas

A sua composição sugere a seguinte leitura heráldica: Partido: o primeiro de (?), uma cruz florenciada de (?) e ligeiramente elevada; o segundo de (vermelho), cinco leões de (púrpura) em sautor, armados e lampassados de (oiro). Elmo de (prata) guarnecido de (oiro) e virado à destra e paquife de (?) e de (?). Timbre e um leão do escudo.
Estas armas congregam duas referências. Pela pesquisa bibliográfica efetuada torna-se difícil a atribuição das armas do primeiro do partido, porquanto várias são as famílias que exibem a cruz florenciada vazia como armas suas. Daí poder tratar-se dos PEREIRA, mas também dos TOLOSA, dos MEDRANO, dos MEIRA, entre outros.; hipóteses que não se colocariam se no momento tivessem sido identificados os primeiros senhores da propriedade, o que não aconteceu. Quanto ao segundo do partido, trata-se das armas dos BARROSO.
Mas relativamente as estas ultimas, se o brasonamento aqui proposto está de acordo com o livro do Armeiro-Mor, diferencia-se, no entanto, do de outras versões, entre as quais a do Armorial Lusitano, por exemplo, onde nos aparece o azul dos leões sobre o vermelho do campo (esmalte sobre esmalte), contrariando até, as regras estabelecidas.”
Chafariz interior

Fonte interior

Muro decorativo com cruz

Portal de entrada (provavelmente alterada com o tempo)


Fonte em espaço exterior (tudo indica ter pertencido à quinta)

Observações sobre o brasão
Esta quinta pelo seu nome "Meilão", aparenta não ter uma relação à língua portuguesa pois não está associada a nenhum contexto. Contudo, poderá ter sido proveniente da Galiza, pois ao que tudo indica esta casa estaria associada a Dona Inácia Joana Meilão Pereira e que era casada com o Desembargador João Barroso Pereira.
O brasão acima deverá ser dos Pereira e Barroso semelhante ao brasão que estava aplicada na fachada do palacete do Largo de Guilherme Gomes Fernandes, no Porto, e que nos anos 60 do século passado terá sido demolido.
De acordo com o documento junto poder-se-á ler que António Barroso Pereira, filho deste casal, também desembargador, era casado com Dona Maria Inácia da Costa Sampaio.
Documento retirado de https://digitarq.pt/details?id=7670350

Deste documento se conclui que António Barroso Pereira era filho de João Barroso Pereira, natural da freguesia de Stª. Maria do Salto, concelho de Montalegre, Cavaleiro da Ordem de Cristo, Familiar do Santo Ofício, Corregedor do Cível da Relação do Porto, e sua mãe Dona Inácia Joana Meilão Pereira, natural da cidade do Porto. Era neto paterno de António Barroso Pereira, com mesmo nome, natural de Stº. Maria do Salto e de sua mulher Dona Maria Pereira, natural do lugar da Pereira, freguesia de Stª. Maria do Salto, ambos do concelho de Montalegre; e neto materno do Capitão António Meilão, natural de Pontes de Dume e morador na cidade do Porto, Familiar do Santo Ofício, e de sua mulher Dona Maria Fernandes, natural de Pontes de Dume, arcebispado de Santiago da Galiza.
Não havendo certezas desta relação, ficará para futuras pesquisas a relação entre estas duas casas.