NOTA: A quem consulte e aprecie este blogue e possa contribuir com comentários, críticas ou correcções têm a minha consideração.
Aqueles que por seu entendimento, possam ser proprietários de alguns elementos fotográficos, e pretendam a retirada dessa foto, agradeço que me seja comunicada para evitar constrangimentos pessoais.

Obrigado.

25 de outubro de 2018

Barreto Ferraz, Igreja de Stª. Clara, Porto

Foto pessoal - tirada no interior da igreja




Brasão:         Barreto e Ferraz
Material:       Talha dourada
Época:         Renascença / Séc. XVI
Estilo:          Manuelino / desconhecida
Família:      Fernam Nunes Barreto Ferras
Construção:    Aplicado na parede do interior da igreja
Localização:    Largo do 1º de dezembro
Freguesia:      Sé
Descrição:      Situa-se no interior da Igreja de Santa Clara, Porto
Conservação:   Bom
Classificação:   Heráldica de família
Escudo:         Português ou boleado, com ponta
Formato:       Esquartelado
Leitura:       I e V – Barreto (mal representado)
                 II e III – Ferraz
Elmo:         Voltado à esquerda (erradamente), com virol        
Cores:       I, esquartelado, com I e IV, de prata com 6 arminhos perfilados, dispostos                   2, 2 e 2;
               II e III, de vermelho, com seis arruelas de ouro e cada uma carregada de três                  faixas de negro, disposta de 2, 2 e 2;



Fernão Nunes Barreto terá nascido entre de 1460 e 1520, natural de Mesão Frio, foi Cavaleiro-Fidalgo, cidadão do Porto, 4º senhor do juro e herdade de Gafanhão (Castro Daire) e dos coutos de Freiriz (Vila Verde) e Penegate (Amares) com todos os seus padroados e senhor da quinta de S. João da Madeira, e de outras.
Era casado com Isabel Ferraz, nascida no Porto cerca de 1500, era filha de Afonso Rodrigues Leborão, cavaleiro da Casa-Real, almoxarife de Aveiro e cidadão do Porto, cidade onde parece ter sido o primeiro proprietário da casa dos Ferraz, na rua das Flores, e de sua mulher Beatriz Ferraz.
Aquele, era filho de João Nunes Cardoso Gouveia, foi cavaleiro da Ordem de Cristo e senhor dos coutos de Freiriz, Penegate e 3º senhor de Gafanhão, cujos direitos comprou a 1/10/1498 ao Conde de Penela e teve deles doação real de juro e herdade a 24/12/1505 e de sua esposa (1ª mulher), Dona Leonor Gomes Barreto, falecida a 17/3/1498, em Aveiro, onde viviam.
De seu casamento, Fernão Nunes Barreto com Isabel Ferraz terão nascido 13 filhos, João (padre Jesuita), Gonçalo (fidalgo da Casa-Real), Gaspar Nunes (Almoxarife dos armazéns da cidade), Belchior (Jesuita e Provencial da Companhia de Jesus na Índia), Afonso (padre Jesuita), Diogo, Joanna, Balthazar (Jesuita na Índia), Ignácia, 3 filhas freiras (desconhecendo-se os nomes) e Inês Barreto.

informação retirada de:
http://www.genearc.net/index
http://www.soveral.info/mas/MeirelesBarreto.htm                            
https://books.google.pt/books?                         
https://books.google.pt/books?
Brasões e Pedras de Armas da Cidade do Porto, de Manuel Cunha

7 de outubro de 2018

Ponta de Lança - Baltar, Paredes



Foto pessoal

José Vicente da Silva (1896-1986), natural de Baltar, proprietário de vários terrenos na serra do Muro, no Concelho de Paredes, descobriu há muitos anos esta "ponte de lança".
Pelas suas conversas, à época, ter-se-à deduzido que terá sido encontrada entre os anos 50 e 60 e por desconhecimento e falta de informação não deu grande importância à peça.
Dizia que era uma peça dos tempos dos "mouros" e pouco mais. Um dia a peça voltou à ribalta pelo facto de que o alambique em que produzia bagaço decidiu deixar de o fazer e foi neste espaço que seus familiares recolheram a peça, pois estava a servir de cabide.
Pelas suas características a "ponta de lança" aparenta ser do período do - bronze final e estará ligado a um Castro existente na serra do Muro, composto por uma linha de muralha, fechada e erguida nas vertentes da serra, ao longo de um perímetro de cerca de 4.200 m, construída em pedra aparelhada solta, com largura média de 3.80 m e podendo atingir altura de mais de 3.0 m.
Este Castro tinha um carácter defensivo pois a sua implantação situa-se no ponto mais alto da região permitindo uma visibilidade de grande alcance e para várias orientações.
Foto pessoal

A peça, com cerca de 15 cm de dimensão, foi nestes últimos anos objecto de interesse arqueológico por parte de técnica da autarquia de Paredes, Dr.ª Maria Antónia, arqueóloga de formação, e que por diversas vezes  lhe foi permitida servir-se desta peça para estudos e análise.
Recentemente foi elaborado um estudo mais profundo por uma equipa especializada do qual resultou um documento que pormenoriza com mais exactidão pormenores e detalhes desta peça que se aponta como rara e única na Península Ibérica.
Por autorização desta técnica é permitida a apresentação do documento e que se expõe:





5 de outubro de 2018

Brasão dos Freire de Andrade - Porto


Pedra de Armas - Foto pessoal


A Pedra de Armas
Formato:
            Esquartelado
Descrição:  
            I - Coutinho
            II - Pereira
            III - Freire de Andrade
            IV - Bandeira
Material:
            Granito
Escudo:
            Suíço ou Ogival Inglês
Timbre:
            de Coutinho
Coronel:
            de Visconde
Cores:
I - de ouro, com cinco estrelas de cinco pontas, de vermelho, em aspas;
II - de vermelho, com uma cruz de prata florenciada e vazia do campo;
III - de verde, com banda de vermelho, perfilada de ouro, abocada por duas cabeças de serpe do mesmo, dentadas de vermelho, e bordadura de prata com as palavras "AVE MARIA" de negro;
IV, de vermelho, uma bandeira quadrada de ouro, hasteada do mesmo, perfilada de prata e carregada de um leão azul, armado e lampassado de vermelho

Pedra de Armas - Foto retirada de Gisaweb


A Casa
Trata-se de uma construção dos finais do séc. XVII e princípios de seguinte. É uma casa-nobre típica do Porto do período do barroco, nobilitada no eixo central do portão.
Portal principal

No séc. XVIII este edifício sofreu algumas modificações sendo a pedra de armas o mais relevante, o que denuncia época posterior ao traçado do edifício . O portal que dá acesso ao átrio de entrada foi alterado, encimada por uma cartela com escudo esquartelado e sobrepujada com coroa, em granito bem conservado, mandado brasonar por António Mateus Freire de Andrade Coutinho Bandeira.
A linha contornal do escudo, ao gosto inglês, harmoniza-se num equilibrado conjunto, muito valorizado pelas palmas e coronel de visconde.
Arquitectonicamente, o portal é um motivo curioso de belo sabor italiano, possivelmente inspirado no que o antecedia no terreiro do antigo Paço Episcopal.
No andar nobre há seis janelas de peito, três de cada lado do brasão.
Fachada Principal - Foto antiga retirada do blogue "http://doportoenaoso.blogspot.com/"

Fachada Principal - Foto actual retirada do blogue "http://doportoenaoso.blogspot.com/"

Os terrenos eram do Cabido e já seriam emprazados desde o séc. XVI, tendo sido emprazada a João Pinto do Bonjardim, filho de Belchior Pereira Pinto, senhor da Quinta de Santo António do Bonjardim, e que terá reunido 3 parcelas onde a casa já lá existiria.
Posteriormente terá sido vendida a Miguel Tavares Leitão. Mais tarde, passou para descendentes deste, tendo ficado nas suas posses até 1708, ano em que foi adquirida por Cristóvão de Magalhães, arcediago de Oliveira do Douro.
Actuais limites de propriedade (recortada pelo funicular)

Seu sobrinho, Luis de Magalhães, igualmente arcediago de Oliveira do Douro, foi o encomendador das obras, que deixaram o palacete com o aspecto actual.
Tinha uma amante com a qual teve, Dona Jerónima Luísa de Magalhães, que herdou a casa, alugando-a.
Em 1730 ali residia Diogo de Sousa Távora Maneses de Araújo, fidalgo da Casa Real, alcaide-mor de Lindoso, senhor do morgadio de Britelo, mestre campo de Auxiliares, cavaleiro de Cristo e governador-de-armas do Porto.
Dona Jerónima casou com Henrique Carlos Bandeira Pereira, no ano de 1739, filho de José Freire de Andrade, senhor de grande fortuna e que, se não fosse sua esposa pedir permissão dos bens ao rei D. José I, teria desbaratado toda a sua riqueza.
Após a sua morte, a casa passa para seu filho António Mateus Freire de Andrade Coutinho Bandeira (1747-1820), senhor do palácio da rua D. Hugo, n.º 15, que manda implantar o brasão dos antigos titulares e seus familiares, e ali passa a residir.
Nesta sua casa, vivia rodeado de todas as comodidades e bem-estar compatíveis com a época, ou seja por um capelão privativo, por três criadas, dois criados e um hortelão, além de uma criada negra e um criado de cor.
Foi nesta casa que sofreu a maior humilhação pessoal, com as forças francesas, pela pilhagem dos bens e do risco de vida pelos momentos que passou.
À sua morte, a casa ficou para seu filho, Henrique Carlos Freire Coutinho Bandeira que a prosseguiu até ao séc. XX, tendo sido vendida e nela se ter instalado o Museu da Fundação Maria Isabel Guerra Junqueiro e Luís Pinto Mesquita Carvalho, tendo sido adaptado todo o seu interior.
Localiza-se mesmo em frente à Casa-Museu Guerra Junqueiro sendo considerada uma das casas mais imponentes daquele estreito arruamento.

António Mateus Freire de Andrade Coutinho Bandeira - um episódio
Este fidalgo integrou em 1808 a Junta Provisional do Governo Supremo do Reino.
Em 1809, no tempo de ocupação francesa, era vereador na Câmara do Porto, tendo-se notabilizado pela sua coragem e resistência antifrancesa na cidade.
Enfrentou os franceses com notável empenho que fica a sua história e daquela casa, na memória dos portuenses.
Tudo começou quando soube da aproximação dos franceses à cidade e mandou sua família para a Quinta da Fundega, em Oliveira do Douro, uma propriedade sua e que lhe garantiria alguma segurança.
Ficou para trás, e então como representante da câmara, por acreditar que as defesas da cidade  sustentariam por mais algum tempo a entrada das tropas, permitindo tomar decisões na câmara, de modo a evitar o saque do erário por parte dos franceses.
Contudo, as linhas de defesa cederam com entrada dos franceses através da quebra da bateria da Prelada, provindo de S. Mamede de Infesta, permitindo a sua marcha pela cidade dentro.
O alvoroço da cidade instalou-se e muita gente começou a sair da cidade. As pilhagens, os atropelos e as atrocidades que se cometiam, julgou que era o fim, e que tudo estava perdido.
Resolveu então fugir, para a sua Quinta, mas a Ponte das Barcas colapsou e os últimos barcos a sair da cidade recusaram-se a levá-lo, de tão perigosa que era a travessia  do rio.
Ele próprio relata este período com a seguinte descrição.
"... chegado acima do muro (da Ribeira) e olhando sobre a ponte achei tanto povo que se caísse uma aresta não cairia no chão... Já havia muita gente afogada. Desci ao Postigo do Pereira (frente a S. Francisco) onde estavam três barcos, ... Prometi que lhes daria aquilo que eles quisessem. Mas eles recusaram. Deviam estar à espera de famílias. Já as balas choviam sobre o rio. Visto aquilo, enfiei pela Reboleira, atravessei milagrosamente a Ribeira, subi por aqueles becos acima (becos do Barredo) e meti-me em casa mais morto que vivo".
Ao voltar a casa, fechou-se, na esperança de ficar a salvo, mas o perigo não tinha acabado. Os franceses evadindo a cidade começaram as suas pilhagens em tudo o que havia de riquezas.
Não tardou, a sua casa fora invadida e nesse instantes terá sofrido a sua maior humilhação, e só não o mataram porque não se obstou à pilhagem a tudo o que queriam, tendo-se esgueirado nesse período para o seu jardim envolto nas vides e lá terá ficado escondido durante dois dias sem que ninguém o visse.
O seu relato é bem vincado de aflição, "... sofri as maiores insolências dos primeiros que me entraram em casa, querendo-me matar; abri-lhes tudo e, logo que viraram costas, fugi para o quintal e metido entre as vides li dois dias sem comer,,,".
Ponderou em sair da cidade, contudo deu ouvidos à voz da razão e decidiu permanecer na cidade, como vereador, sendo um representante dos membros executivos a ficar para trás.
"... quis fugir, é verdade,; mas convenci-me de que a minha fuga seria para a cidade um grande prejuizo, porque meteriam (no governo da Câmara) franceses ou seus apaniguados e que indo eu e José Pamplona (os dois únicos vereadores que permaneceram na cidade) teriam alguma consideração...".

A História da toponímia da Rua D. Hugo
Várias designações tomou esta rua. Em 1221, tinha o nome de Rua do Redemoinho ou Riodemoinho e era, por isso, a única memória de um ribeiro que, em tempos imemoráveis, por ali passava e da azenha que as águas desse ribeiro movia - "Rua dos Moinhos, junto ao Arco das Verdades", vem ainda referido num documento do séc. XVIII.
Com o nome de Redemoinho ainda existe actualmente um beco nas traseiras da capela mor da Sé, onde se insere a casa  mais antiga da cidade.
Aquela artéria teve, também, outros nomes, tais como, de Rua da Catedral, por motivos óbvios, e ainda os de Rua de Trás da Catedral e de Rua dos Cónegos de Trás da Sé.

Informações retiradas de:
https://sites.google.com/site/invictacidade/home/patrimonio-edificado/palacio-freire-de-andrade
https://ruasdoporto.blogspot.com
texto de Germano Silva
htpp://portode antanho.blogspot,com
As Pedras de Armas do Porto, de Armando Mattos
Brasões e Pedras de Armas da Cidade do Porto, Manuel Cunha