NOTA: A quem consulte e aprecie este blogue e possa contribuir com comentários, críticas ou correcções têm a minha consideração.
Aqueles que por seu entendimento, possam ser proprietários de alguns elementos fotográficos, e pretendam a retirada dessa foto, agradeço que me seja comunicada para evitar constrangimentos pessoais.

Obrigado.

24 de dezembro de 2016

Feliz Natal - Revista Mosquito 1936

Edição de 24 de Dezembro de 1936

São os votos de um Bom Natal a todos que por aqui passaram.... e Bom Ano 2017.

15 de dezembro de 2016

2º aniversário - 15 de dezembro

Fez hoje 2 anos o lançamento do livro de heráldica dedicada à cidade do Porto. Nele estão representadas um volumoso conjunto de pedras de armas espalhadas por esta cidade e que nem toda a gente repara nestas lindas peças trabalhadas, quer em granito, quer em pedra de calcário ou em metal.
Muitas delas encontram-se em óptimo estado e do mesmo modo outras encontram-se abandonadas ou em estado delapidado.
A sua localização é aceite e encontram-se posicionadas em locais diversos, por exemplo,  em esquinas de prédios, em fachadas, sobre as suas portas, sobre uma janela ou varanda mais marcante do edifício, dum solar ou palacete e até em cemitérios para memória da família. 
O livro vem ao encontro da divulgação desta temática e alertar para o problema do desaparecimento que ao pouco e pouco vai acontecendo, ora por interesses pessoais, ou por obtenção de lucro do incremento imobiliário,
Estes registos não existiam na sua totalidade e o objectivo deste documento foi direccionado nesse sentido, isto é, um inventário e compilação dessas peças para memória futura.
A partir de agora cabe a responsabilidade às entidades e organismos públicos tê-los inventariados e condicionar os espaços onde se inserem na sua preservação.
É claro que, o maior responsável parte do proprietário que lhe compete essa garantia de durabilidade e condições do seu estado.
Com estes pressupostos concluí o trabalho e o meu objectivo. Durou 6 anos a sua elaboração, preparação e revisão até ao dia 15 de dezembro de 2014.
Devo salientar e enaltecer um profundo agradecimento à Obra Diocesana de Promoção Social, na pessoa de Américo Ribeiro, o Presidente desta Instituição, na participação financeira, divulgação e que sem essa ajuda esta Obra não estaria nas bancas da cidade a ser comercializada.
Lembro também e com profundo orgulho e alegria a ajuda prestada pela minha prima Margarida Cunha, na força e animo que me deu, na revisão geral prestada ao livro e da sua apresentação feita no dia da sua divulgação. Infelizmente, a doença maligna que aflige todo o mundo fez com que ela tivesse partido embora a sua memória continue bem viva no meu coração.
Para concluir termino a dar conhecimento que dos 1000 livros editados, mais de 80% foram distribuídos, garantindo os meus objectivos e pretensões da Obra Diocesana, e que actualmente ainda mantém um pequeno numero de obras disponíveis para quem pretenda vir a obter este livro.
Para quem pretenda visualizar o evento ocorrido poderá procurar neste mesmo blogue os variados passos deste acontecimento.
Bem Haja


1 de dezembro de 2016

Quinta do Passal de Visconde de Oliveira do Paço - Campo

Quinta em Campo - Valongo
Cadeirão ou Trono decorativo

A Quinta que vamos abordar situa-se em frente à igreja de Campo, em Valongo e pertenceu ao 1º Visconde de Oliveira do Paço, conforme se pode comprovar por algumas peças dispersas nesta parcela de terreno.

Limite actual da Quinta

Terá sido adquirida por Francisco José Moreira Gonçalves, distinto empresário desta terra e reconhecido pela população local, nos inícios do séc. XX como prova do monograma colocado no portão principal.

Monograma F J M G - 1900

Após sua morte e por testamento, Moreira Gonçalves, era assim que era conhecido, terá doado esta quinta à paróquia local, onde residia.
A quinta é parcialmente rodeada por muros de telhão, em xisto, e actualmente compreende uma área de cerca de 56.000 m2, supondo que ao longo do tempo terá sido reduzida até a actual implantação, devido à inexistência da continuidade de muros, no restante limite da parcela, como se depreenderia pelas delimitações de uma quinta oitocentista.
António Martins de Oliveira, foi o 1º Visconde de Oliveira do Paço, cuja mercê terá sido dada por D. Luís I, em 15 de maio de 1879.
Desta figura pouco se sabe, sendo que lhe foi reconhecido pela sua filantropia de ter contribuído às suas custas com toda a construção do cemitério de Sobrado, donde era natural.
Era considerado um "capitalista abonado e um perfeito cavalheiro", casou com Joaquina da Costa Ferreira (nasceu no Rio de Janeiro, 27/02/1843 e faleceu a no Porto, a 11/11/1887), no Brasil, em Candelária em 1859.
Teve duas filhas, Maria Ferreira de Oliveira (n-1860) e que terá casado com Manuel Ferreira Freitas Guimarães, e Amélia Ferreira de Oliveira (n-1862) que terá casado com Francisco Maria Dias da Costa.
Do primeiro casal resultou um herdeiro, Alberto de Oliveira Freitas Guimarães (n-1882) cujo título lhe derivou passando a 2º visconde de Oliveira do Paço. Este casou Maria Carolina da Silva Bello (n-1893) que não deixaram herdeiros.
Não tendo deixado descendência directa, coube a Álvaro de Oliveira Freitas Guimarães o direito ao titulo de 3º Visconde  de Oliveira do Paço (nascido em Sobrado a 15/06/1913 e faleceu a 05/05/1978, na cidade do Porto).
Este casou com Dona Isabel Maria da Conceição de Azevedo e Menezes Pinheiro Pereira de Bourbon (n-1905) da família dos senhores do Paço de Pinheiros, em Barcelos, também simbolizada pela sua forte personalidade, através da frontalidade e carácter,  princípios básicos e essenciais da aristocracia.
Era residente em Sobrado, vila adjacente a Campo, onde vivia numa sua casa brasonada, datada de 1864, e que infelizmente, se encontra completamente esventrada sem qualquer recuperação. Está considerada património local, contudo não se vislumbra um milagre nem um mecenas que permita a sua recuperação.
Pelos apelidos retirados da sua PdA (Pedra de Armas) pode-se descreve-la como:
Pedra de Armas em granito, de escudo Inglês, partido: 
I - Martins (de Deus): cortado: 1 - de purpura, com três flores-de-lis de ouro postas em roquete; e 2 - de negro, com duas faixas de ouro;
II - Oliveira (com alteração dos esmaltes): de prata, com uma oliveira de verde, frutada e arrancada de ouro;
Timbre: de coronel de Visconde; correias de purpura perfiladas de ouro. Tachões de ouro.
Benemérito local e proprietário de múltiplos terrenos no concelho torna-se conhecido pela sua filantropia. 
Proprietário da quinta de Campo, que passamos a descrever, depreendendo ser esta propriedade uma quinta de recreio tendo em consideração a planímetria do terreno, seus percursos,  pelos seus desníveis, elementos decorativos  e uma pequena lagoa, existentes. A área da parcela é tão abrangente que recebe um manancial de água provinda  do declive local, através de minas e aguas subterrâneas, encontrando-se actualmente um terreno alagadiço em grande parte da sua extensão, devido ao seu estado de abandono e pela inexistência de manutenção e tratamento destas águas.
As reservas de água que a quinta acolhe faz-se por uma lagoa, um lago, um tanque e por uma presa de água que recolhe a sua água através de uma mina acessível.

Caminho de entrada - alameda principal

A quinta contempla várias entradas, sendo a principal pelo portão frontal à igreja matriz cujo interior percorre um caminho empedrado e que contorna e vence os variados declives criando vários patamares.

Tanque de água na alameda principal

Escadaria de acesso entre patamares

Já no séc. XX é construída a casa de habitação do então proprietário Moreira Gonçalves a noroeste da parcela, mas com um ângulo de vista panorâmica mais adequada.
O percurso faz-se subindo na direcção da habitação, donde se descobrem mais elementos decorativos e que fazem prova que esta propriedade foi representativa do Visconde Oliveira do Paço.
Detalhe do encosta do cadeirão com a marca da PdA de Visconde Oliveira do Paço

Detalhe de um dos apoio de braço do cadeirão

Este cadeirão encontra-se estranhamente situado numa cota inferior ao lago, que se situa frontal a esta peça e que para vencer o desnível se faz por meia dúzia de degraus não permitindo a visão do lago.
Seria um local de leitura, pois a sua posição permitia ter a luz pelas suas traseiras, eliminando qualquer sombreamento.
O lago, actualmente envolto em mesas, apresenta linhas curvilíneas num patamar aprazível e dedicado ao lazer.

Vista de Sul - o cadeirão situa-se à esquerda, abaixo do nível

Vista pelo acesso dos degraus a poente

Logo a seguir ao encontro com o cadeirão o caminho desvia-se e nessa curvatura ostenta um pequeno lago com um "bica" decorativa preenchida de um trabalhado artístico similar ao encosto do cadeirão, onde o elemento principal é a pedra de armas do Visconde. 


Entrada e zona de descanso - com bancos frontais

Local aprazível e fresco em período estival

Peça decorativa com elementos de trabalho em pedra de excepcional qualidade

Pormenor da bica, rodeada do título do Visconde através da sua PdA

Mais acima e na continuação do percurso, apresenta-de um local de descanso através de um elemento circular, em pedra trabalhada com um monograma do Visconde "O e um P".
Monograma "O - Oliveira e P - Paço" sob uma coroa de Visconde ornada e laçada por um caixilho oval

Banco circular

Banco com elemento decorativo na parte central 

Chegando a este local temos à esquerda uma presa de recolha de águas que merece uma especial atenção pelos detalhes nela existente. 
Presa de agua escavada em rocha para recolha de água de mina

Elemento decorativo com duas colunas laterais a decorar uma peça trabalhada

Trabalho de excelência com a esfera armilar no topo superior sobre campânula religiosa 

Peça na esquina da presa com monograma de Moreira Gonçalves - MG

Já em fim de curso e numa zona mais elevada encontra-se outra peça verdadeiramente original. Um guarda sol de grandes dimensões, em peça metálica apoiada numa mesa circular em pedra cuja função se desconhece.
Contudo esta peça está situada no meio do nada, podendo estar actualmente desenquadrada da sua função à época.
Vista para noroeste

Vista para Nordeste

Para além destas lindíssimas peças, outras existem em toda a extensão que terão sido colocadas posteriormente, mas que pela sua antiguidade merecem ser expostas.
Peça antiga em granito

Dada a religiosidade de ambos os proprietários não poderei deixar aqui uma ultima imagem que esta quinta não consegue esconder e que para estes dois proprietários muita importância tinha - a igreja matriz de Campo.
Visão relevante e permanente para os proprietários da Quinta