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15 de novembro de 2020

Palacete dos Leite Pereira - Porto

                                                              

Os Leite Pereira


Foto pessoal da Pedra de Armas

Arquivo Histórico Municipal do Porto - Foto de Bomfim Barreiros

Esta pedra de armas encontra-se aplicada sobre a porta de entrada do edifício secular, situado na rua das Taipas, n.º 74, no Porto.

Arquivo Histórico Municipal do Porto - Foto de Bomfim Barreiros 1943

Descrição da Pedra 

Brasão do século XVIII

Material - Granito

Classificação - Heráldica de Família

Escudo - Oval

Formato - Pleno ou Simples

Leitura - I - Leite (Leite Pereira, do Porto)

Timbre - uma cruz de vermelho, entre duas flores-de-lis, verde

Elmo - de perfil, com paquife

Cores - 

I - esquartelado, 1º e 3º de Leite, de verde, com três flores-de-lis de ouro postas em roquete; 2º e 4º de Pereira, de vermelho, uma cruz de prata, flordelizada e vazia;


Pequenas Histórias da casa

O nome desta rua era inicialmente chamada de rua dos Olivais e foi alterada, no ano de 1486, devido ao surto de epidemia de peste ocorrida naquela época e naquele arruamento, que por motivos de saúde foi totalmente entaipada, passando a designar-se de rua das Taipas.

Nos finais do séc. XVII esta propriedade era pertença de Francisco Juzarte Maldonado, Correio-mor de Coimbra. Nos princípios do séc. XVIII sofreu um incêndio tendo sofrido obras de reconstrução e sido vendida a Maria Leite Pereira de Melo.

Pertenceu a Pedro da Silva da Fonseca de Cerveira Leite e Bourbon e posteriormente a seus familiares, tendo sido casado com Dona Mariana da Silva Freitas de Meneses Cirne de Sousa, ultima proprietária do edifício situado no ângulo da rua da Fábrica com a travessa de mesmo nome, conhecida pela Casa da Fábrica.

Este brasão tem a correspondência com o brasão da Quinta de Ramalde e que se associa a esta família.

Foto pessoal da Porta de Entrada

Arquivo Histórico Municipal do Porto - Foto de Bomfim Barreiros 1933

Trata-se um de edifício nobre, de planta retangular com 4 pisos, tendo em conta o enorme declive do arruamento, está constituída por rés do chão e mais 3 níveis de pisos. A fachada é rebocada, caiada e pintada, encontrando-se em completa degradação e ruina.

Está datada em vários períodos temporais, séc. XVII, XVIII e XIX, tendo sofrido alterações ao longo destes períodos de tempo, incluindo a aplicação da pedra de armas sobre a porta de entrada pelo então representante da família Leite Pereira.

Após o abandono da casa de família aquele edifício foi ocupado com várias funções, isto é, pelo Clube Inglês que mais tarde se transferiu para a rua das Virtudes, n.º 11, ali bem perto, foi igualmente ocupada por uma empresa "Figueira, Lda.", confirmada por documentos de arquivo, para construção de várias estufas para armazenamento de bananas, e espaço de arquivo. Posteriormente terá sido ocupada pela Drogaria Pinheiro & Oliveira.

Foto pessoal da Fachada Principal (actualidade)

Foto pessoal da Fachada Principal (actualidade)

Arquivo Histórico Municipal do Porto - Vista conjunta do Palacete e atrás do antigo  Palacete de Brito e Cunha 
Ano de 1961 - Teófilo Rego

Arquivo Histórico Municipal do Porto - Vista conjunta do Palacete e atrás do antigo  Palacete de Brito e Cunha 
Ano de 1962 

Arquivo Histórico Municipal do Porto - Vista de tecto interior aquando do Clube Inglês (anos 50)

Arquivo Histórico Municipal do Porto - Drogaria Pinheiro & Oliveira (anos 1940)


Fotos e informação retiradas de:

- Brasões e Pedras de Armas do Porto, Manuel Cunha

- monumentosdesaparecidos.blogspot.com

- Arquivo Histórico Municipal do Porto

- gisaweb.cm-porto.pt



11 de novembro de 2020

Brasão dos Barroso Pereira, Porto

 

Os Barroso Pereira

Foto retirada do Arquivo Municipal do Porto

Esta pedra de armas situava-se no largo Guilherme Gomes Fernandes na freguesia da Vitória, na cidade do Porto. Estava aplicada numa fachada cujo edifício apalaçado já não se encontra no local original desde os anos 60, do século passado, pois a casa onde se inseria foi demolida para dar lugar a um prédio moderno (à época) e onde se encontrava há poucos anos a Livraria do Estado.

Fachada da Casa - Foto retirada de https://www.facebook.com/PortoDesaparecido


Neste palacete esteve instalada uma das mais célebres casas de fotografia da cidade do Porto, a União e lá funcionaram vários escritórios e comércio de serviços, e especialmente de um consultório, do primeiro radiologista do Porto, Prof. Roberto de Carvalho, e que foi visita frequente de Almeida Garrett na sua actividade diária. 


Vista da estátua, palacete e "ferro de engomar" - ano de 1914

Foto retirada de https://www.facebook.com/PortoDesaparecido


A casa destaca-se ao fundo da foto, atrás de um busto do bombeiro Guilherme Gomes Fernandes, instalado na praça ou largo que tomou o seu nome e que conjuntamente com o edifício contíguo e muito esguio, também conhecido por "ferro de engomar", e que deram a um inestético prédio de gaveto entre a rua de D. Carlos (atual rua José falcão) e o largo, transformando-o para construção habitacional.

Já anteriormente, esta praça possuiu vários nomes e que se foram alterando ao longo do tempo e adequadas em função das actividades que lá se manifestaram, como Via Sacra, praça da Farinha, do Pão ou da Feira do Pão e também praça de Santa Teresa.

 

Feira - Foto retirada de https://www.facebook.com/PortoDesaparecido

Descrição da Pedra 

Brasão do século XVIII

Material - Granito

Classificação - Heráldica de Família

Escudo - Fantasia

Formato - Partido

Leitura - I - Pereira e II - Barroso

Timbre - de Barroso, um leão

Elmo - de lado, sem paquife

Cores - 

I - Pereira, de vermelho, com uma cruz de prata florenciada e vazia do campo;

II - Barroso, de vermelho, com cinco leões de púrpura, armados e lampassados de ouro, cada um carregado de três faixas de mesmo, postos em sautor;


Texto de Eugénio de Andrea da Cunha e Freitas

"em Notícias do Velho Porto, VI - A casa dos Barrosos Pereiras a Santa Teresa", pág.195-197

" No antigo Largo de Santa Teresa, hoje baptizada em Praça de Guilhermo Gomes Fernandes, esquinando para a Rua José Falcão, existe ainda uma grande casa nobre setecentista, de que o risco tem sido atribuído a Nicolau Nasoni, o notável arquitecto italiano, que durante largas décadas enriqueceu a cidade com a sua arte.

A casa deve ter sido edificada na segunda metade do século XVIII pelo Desembargador António Barroso Pereira e por sua mulher, D. Maria Inácia da Costa Sampaio, ou por seu filho o Dr. José Barroso Pereira, casado com D. Rita Josefa Piceluga, da família lisboeta deste apelido, originária de Itália.

Na posse dela sucedeu um filho destes, António Maria Barroso Pereira, fidalgo da Casa Real, casado com D. Maria José Bravo Cardoso Torres Correia Pereira de Lacerda, filha do Desembargador Rodrigo Bravo Cardoso Torres e mulher, D. Maria Máxima de Moura e Castro.

Família de magistrados, certamente abastada, de representação social - vislumbra-se, por entre o laconismo dos documentos, uma velha família da pequena nobreza, no Portugal antigo -, estes Barrosos Pereiras tinham ali a sua residência citadina; e mandara, colocar sobre o portal de entrada as suas armas: um escudo partido de Pereiras e Barrosos, com o seu elmo e seu timbre, tudo a gosto da época.

Meado o século passado, ainda a casa estava na posse desta gente.

O primeiro a favor de quem foi registada na respectiva Conservatória do Registo Predial era Rodrigo Bravo Barroso Torres, filho dos mencionados António Maria e  D. Maria José, que nascera em S. Miguel de Matos, no antigo concelho de Bem-viver (hoje incorporado no de Marco de Canaveses) e foi casado com Guilhermina Júlia de Sousa Bravo, filha de Albino Pereira de Sousa Pederneira e de sua mulher, D. Gertrudes Magna da Cunha Bessa, da Casa de Covelas, em Rio de Moinhos (Penafiel).

Foram estes proprietários que, por escritura de 21 de Maio de 1874, venderam a casa familiar do Largo de Santa Teresa, a António José Soares, negociante, da Ruas das Oliveiras.

Em 1898 era dona do prédio D. Maria Augusta Sampaio de Brito, casada dois anos depois com Manuel Guilherme Alves Machado.

E este, em 1956, doo-a a sua filha D. Delminda Sampaio Machado e a seu genro, o Dr. Francisco da Cunha Freitas Mourão de Sotomaior.

Destinada, de há muito, a instalações comerciais, consultórios médicos, e outros fins de rendimento, a casa não perdei ainda, ao menos exteriormente, a fachada principal, o seu ar de nobreza setecentista, e é um dos curiosos exemplares da arquitectura civil da época, acrescentado para mais o seu valor pela provável paternidade nasoniana.

Diz-se que vai brevemente desaparecer, para nos seus chãos se edificar um desses grandes, horríveis, rendosos galinheiros, que estão manchando e desvirtuando o carácter tão portuense, da arquitectura da cidade.

Esperamos que as entidades responsáveis pelo nosso património artístico, já tão escasso, não deixem cometer mais esse feio pecado. Pecado feio e inútil... salvo para os que se propõem usufruir dos correlativos benefícios financeiros."

Curiosidade:

Sem qualquer certeza, embora com uma proximidade relativa, o brasão existente na Quinta do Meilão, em Águas Santas deverá ter alguma correlação com os proprietários deste prédio, por ter a mesma representação, isto é:

A quinta em questão está designada de Quinta do Meilão e o seu nome é pouco ortodoxo e quase inexistente na língua portuguesa. O nome deverá ter advindo da Dona Inácia Joana Meilão Pereira, de origens da Galiza, que era casada com o Desembargador João Barroso Pereira, avós de António Barroso Pereira. Se o nome estiver de facto associado, a ligação desta casa à quinta é inevitável.

Ficará para outras descobertas, pois falta a sua comprovação.


Fotos e informação retiradas de:

- Brasões e Pedras de Armas do Porto, Manuel Cunha

- monumentosdesaparecidos.blogspot.com

- www.facebook.com.livroportodesaparecido

- aportanobre.blogs.sapo.pt

- O Tripeiro, série VI, Ano II, p. 3644