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29 de setembro de 2017

Casa dos Cunhas (16) - Viana do Castelo


Não! Não é esta a verdadeira pedra dos Cunhas Souto Maior. É a Pedra de Armas da cidade de Viana do Castelo.
retirado do blogue: olharvianadocastelo.blogspot.com


Pedra de Armas dos Cunhas - Livro do Armeiro-Mor

Pedra de Armas dos Souto Maior - Livro do Armeiro-Mor


Descrição da Pedra de Armas:

Em granito, de formato Oval, do séc. XVIII. emoldurada com elementos decorativos e encimada por uma concha e sobre a mesma a coroa real.
No interior da peça oval deveriam estar, provavelmente as armas dos Cunhas, nove cunhas de azul com os gumes para cima sob fundo de Oiro e dos Souto Maior, de fundo de Prata, com três faixas enxequetadas de vermelho e oiro de três tiras.


vista da entrada com a pedra de armas sobre a varanda

vista antiga da fachada pela rua da Bandeira - foto retirada do CPF (clube português de fotografia)

vista da fachada pela rua da Bandeira - retirado do blogue: olharvianadocastelo.blogspot.com

História:

O Governo Civil de Viana do Castelo esteve instalado inicialmente no Convento de São Domingos. Daí foi transferido, nos princípios do séc. XIX, para o chamado "Palácio dos Cunhas", onde até hoje funcionou.
Também conhecido por "Palácio de Belinho" o edifício do Governo Civil de Viana do Castelo, à rua da Bandeira, é um magnifico exemplar da arquitectura civil do séc. XVIII, na qual se destacam a fachada principal, voltada a sul, e um amplo logradouro marginado pela rua de Aveiro e pela Avenida Afonso III. A pedra de armas, que encimava o portão e a varanda central, situada onde hoje existem as armas da cidade, ostentava os símbolos heráldicos da família Cunha Sotto Maior.


limites da propriedade - imagem do google maps

Mandou construir Sebastião da Cunha Sotto Maior, Brigadeiro de Cavalaria, filho do Mestre de Campo João da Cunha Sotto Maior e de Dona Apolinária Pereira de Brito. Presume-se que tenha sido o autor do projecto o prestigiado arquitecto Manuel Pinto Villa-lobos. O mais ilustre de uma geração de três irmãos que deixaram o nome ligado a notáveis realizações da época, não só da cidade de Viana do Castelo, como também em outras terras do Alto Minho.
Por não ter descendentes directos, Sebastião da Cunha Sotto Maior, deixou o edificio em herança a seu sobrinho neto, Pedro da Cunha Sotto Maior Rebelo que viria a ser vitimado num sangrento incidente, fruto do período conturbado das invasões francesas. Como é sabido, as ordenanças de Darque, julgando-o jacobino, assassinaram-no a 20 de Maio de 1809, num lugar da freguesia de Vila Fria, sito dentro da área do concelho de Viana do Castelo. 
Passou, então, a Casa à posse de Gonçalo da Cunha Sotto Maior e, posteriormente, por morte deste, à sua única filha e herdeira, D. Inácia Clara Máxima da Cunha Sotto Maior, casada com Bernardino de Abreu Gouveia, membro do Conselho Régio.
Em 16 de Junho de 1916, o imóvel passou a integrar, pela escritura pública nº 1 da extinta Junta Geral do Distrito de Viana do Castelo, Património do Estado. Deste modo se encerrou o ciclo do património privado na história desta residência senhorial, que percorrera durante século e meio de seis gerações da família dos Cunha Sotto Maior. É curioso de referir que, ainda na posse da referida família, o edifício fora colocado ao serviço público. De facto, ao abrigo da Portaria do Ministério do Reino, em 18 de Outubro de 1854, a família arrendou ao Estado uma parte do imóvel, para nele ser instalado o Liceu, que entrou em funcionamento no dia 8 de Janeiro do ano seguinte. Em 1911, o Liceu deixou o "Palácio dos Cunhas", mudando-se para a "Casa dos Quesados", situado também na rua da Bandeira, do outro lado da linha férrea.
Já na posse do Estado, o edifício viria a ser objecto de obras de remodelação profundas, para acolher o Governo Civil do Distrito e outros serviços públicos, designadamente a Junta Distrital e a Policia. Somente nos anos 70 do século XX, com a transferência daquelas entidades para novos locais, o edifício foi afectado em exclusivo ao Governo Civil.


Viana do Castelo - Origens:

"A ocupação humana da região de Viana remonta ao Mesolítico, conforme o testemunham inúmeros achados arqueológicos (anteriores à cidadela pré-romana) no Monte de Santa Luzia.
A povoação de Viana recebera a Carta de Foral, de Afonso III de Portugal em 18 de Julho de 1258, tendo passado a chamar-se Viana, da Foz do Lima.
Até à sua elevação a cidade em 20 de Janeiro de 1848, a actual Viana do Castelo chamava-se simplesmente "Viana" (também referida como Viana da Foz do Lima" e "Viana do Minho", para diferenciá-la de Viana do Alentejo.
Na cidade - que cresceu ao longo do rio Lima - podem ser observados os estilos renascentistas, manuelino, barroco e Art Deco. Na malha urbana destaca-se o centro histórico, que forma um circulo delimitado pelos vestígios das antigas muralhas. Aqui cruzam-se becos e artérias maiores viradas para o rio Lima, e destacam-se a antiga Igreja Matriz, que remonta ao séc. XV, a Capela da Misericórdia (séc. XVI), a Capela das Almas, e o edifício da antiga Câmara Municipal, na Praça da Monarquia (antiga Praça da Rainha), com uma fonte em granito do séc. XVI."
Para além deste Património arquitectónico no pequeno núcleo citadino vislumbram-se casas típicas dessas épocas e com as características e ornamentos aos estilos atrás mencionados.
Dessas casas aparecem pedras de armas afixadas nas fachadas, sendo distribuídas por casas tradicionais, por casas nobres e apalaçadas, cujas personagens justificaram a mercê dada pelo seu rei, quer por actos em prol do País, quer em prol da benemerência e interesses locais ou por razões politicas.
No pequeno núcleo histórico circunscrito entre a linha férrea e o rio Lima e por pequenos passeios pedonais realizados pessoalmente pelo seu interior se destacaram e se recolheram um bom punhado de Brasões, de Heráldica de Família, que se pretende abordar e mostrar neste blogue.
Dos 27 brasões referenciados no mapa, alguns não foram encontrados neste pequeno passeio efectuado em dia e meio, de uma pequena estada naquela linda cidade.  A recolha mereceu também em buscas de sites locais que me ajudaram a enriquecer este projecto de inventariação de brasões de família no núcleo antigo desta cidade.
Provavelmente haverá ainda outros por descobrir nessas pequenas vielas e ruas, e encobertas em muitas casas que apresentam características muito especiais, à sua época a que cada uma delas terá sido edificada. Vislumbramos, portas e janelas lindamente executadas em granito, do barroco ao manuelino, muitas casas ainda sustentam nos seus beirais gárgulas de todos os feitios e igualmente outras pedras de armas, nacionais e da cidade.
À medida que se apresenta cada peça de armas, e sempre que possível, será abordada a descrição da pedra de armas e de uma pequena história, da casa ou da família, efectuada pela recolha na internet e especialmente no blogue "olharvianadocastelo.blogspot" e da obra "Casas de Viana Antiga" que merecem uma especial atenção e um elogio de relevo por se dedicarem exclusivamente ao concelho e à cidade.

Esquema geral da localização das Pedras de Armas de Família - Viana do Castelo

Listagem:
1 - Casa dos Monfalim (séc. XVII/XVIII) - Gaveto do Passeio das Mordomas da Romaria com a Rua Nova de Santana
2 - Casa da Barrosa (séc. XVIII) - Rua Manuel Espregueira, n.º 87
3 - Casa dos Abreu Coutinho (séc. XVIII (?)) - Largo Vasco da Gama
4 - Casa dos Melo e Alvim (séc. XVI) - Av. Conde da Carreira
5 - Capela da Casa da Carreira (séc. XVIII) - Rua dos Bombeiros
6 - Casa dos Werneck (séc. XIX) - Av. Conde da Carreira, n.º 6
7 - Casa dos Pimenta da Gama ou Casa da Piedade (séc. XVIII) - Rua Mateus Barbosa, n.º 44
8 - Casa do Campo da Feira (séc. XVIII) - Largo 5 de Outubro, n.º 64
9 - Casa dos Sousa Meneses - Rua Manuel Espregueira, n.º 212
10 - Casa da Vedoria (séc. XVII) - Rua Manuel Espregueira, n.º 152
11 - Casa da Carreira (séc. XVI) - Passeio das Mordomas da Romaria
12 - Casa Costa Barros (séc. XVI) - Rua S. Pedro, n.º 28
13 - Casa dos Aranha Barbosa - Rua da Bandeira, n.º 174
14 - Casa Barbosa Maciel (séc. XVIII) - Largo S. Domingos
15 - Casa dos Malheiro Reymão (séc. XVIII) - Rua Gago Coutinho e Praça das Couves
16 - Palácio dos Cunhas (séc. XVIII) - Rua da Bandeira
17 - Casa do Pátio da Morte - Rua da Bandeira, n.º 203
18 - Casa dos Pita (séc. XVII) - Rua Prior do Crato, n.º 56
19 - Hospital Velho (séc. XV) - Rua do Hospital Velho
20 - Casa dos Torrados - Av. Luis de Camões, n.º 19
21 - Casa dos Sá Sottomaior - Praça da Republica, n.º 42
22 - Casa dos Agorretas - Gaveto da Rua dos Rubins com Rua Manuel Espregueira
23 - (família desconhecida) - Travessa da Victória, n.º 8
24 - Casa de João Velho ou Casa dos Arcos - Largo do Instituto Histórico do Minho
25 - Casa dos Medalhões, gaveto da Rua do Poço com Largo da Matriz
26 - Casa do Alpuím, Passeio das Mordomas da Romaria
27 - Casa dos Pereira Cirne - Rua da Bandeira, n.º 219
28 - Casa dos Boto e Calheiros - Rua da Bandeira, n.º 124
fontes retiradas de:
- http://digitarq.advct.arquivos.pt
- http://www.patrimoniocultural.gov.pt
- http://olharvianadocastelo.blogspot.pt
- www.gov-civil-viana.pt


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