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31 de julho de 2015

Casa de Ronfe, Meinedo - Lousada


Casa de Ronfe - Lousada

Esta moradia ou solar é uma das muitas casas apalaçadas e brasonadas do concelho de Lousada que directamente ou indirectamente se encontram associadas à cidade do Porto.
Muitas delas estão ligadas, entre si, derivadas de famílias distintas relacionadas a negócios, acções politicas ou religiosas e de aristocracia regional ou local, sendo o caso da família dos Borges Barreto, desde pelo menos o século de quinhentos, onde derivam os Martim Borges, escrivão do público e casado com uma senhora dos Vieiras, de Riba Douro e progenitor de todos os Borges Barretos.

A Pedra de Armas -
Material: Em granito, assente em cartela decorativa
Época: Século XVIII / Renascença
Família: Borges Barreto
Construção: Quinta de Habitação
Localização: Rua de Ronfe, freguesia de Meinedo, concelho de Lousada
Descrição: Aplicada na fachada principal
Conservação: Muito bom estado
Classificação: Heráldica de Família
Escudo: de fantasia
Formato: Esquarterlado
Leitura: I - Borges; II - Barreto; III - Cunha e IV - Macedo
Elmo: frontal, com grelha fechada
Timbre: de Borges



A Família -
Esta família foi estudada por Dr. Eugénio da Cunha e Freitas, ainda que infelizmente esse estudo tenha ficado por publicar entre o seu valiosíssimo espólio.
Um neto de Martim Borges, Heitor Borges Barreto, teve carta de brasão de armas, de Borges, Barreto, Marinhos e Vieiras, ainda no séc. XVI, que vem publicada pelo Visconde de Sanches de Baena.
No século XVII, um herdeiro desta casa, o Capitão de Ordenanças e Escrivão de Honra de Meinedo e senhor da casa de Ronfe, André Borges Barreto era casado com Margarida Vaz.
Sabe-se que tiveram um filho, André Borges, também Escrivão da mesma Honra que por sua vez se casou, em Boim, Lousada, com Maria do Couto, filha de Pedro Simões e Paula do Couto.
Deste casamento nasceu Capitão André Borges do Couto, então como Familiar do Santo Oficio (16/8/1677)  e fidalgo de cota de armas (carta de 15/12/1696, para Borges e Couto, escrivão da Honra de Meinedo e senhor da casa de Ronfe e que terá nascido em Meinedo e falecido a 26/4/1719, em Lousado, V. N. de Famalicão.
Terá casado no ano de 1680 com Ângela Bernardes da Fonseca (baptizada  em S. Miguel de Paredes, Penafiel, a 6/1/1654 e falecido na casa de Ronfe a 21/5/1720). Era filha do Capitão Gonçalo da Fonseca Coutinho e de Maria Bernardes da Fonseca.
Seu avô paterno, Pedro da Fonseca Coutinho, oriundo de Fonte Arcada, Penafiel, era senhor da casa do Outeiro, em S. Miguel de Paredes, casado com Maria Rebelo Ferreira).
Deste casal abastado nasceu André Borges de Couto, em Meinedo, a 4/1//1685 e falecido a 11/12/1750, Familiar do Santo Oficio, Capitão e Escrivão da Honra de Meinedo e senhor desta casa. Contraiu casamento, a 2/10/1721, com filha de distinta família local, do lugar de Ortozelo, da freguesia de Caíde de Rei, Dona Josefa Teresa da Cunha de Macedo, filha de Paula da Cunha (de Macedo) e de Dona Teresa Maria Ferreira de Azevedo.
Deste matrimónio nasceu Dr. António da Cunha de Macedo Borges Barreto e no ano de 1756 terá casado com Dona Inácia Flávia de Mesquita Pinto de Magalhães. Em 1757, um ano depois são pais de José Barreto da Cunha Macedo, que lhes vai suceder.
Sua filha Dona Emília Eduarda Barreto, viria a casar com Joaquim Artur Archer, em 1819, personalidade que viria a enobrecer o concelho ao ser Presidente da Câmara de Lousada, entre os anos de 1938 e Junho de 19141.
Esta figura emblemática, exerceu em 1840 as funções de Conselheiro Municipal e em 1846 era presidente da Eleição de Juízes de Paz para o circulo de Meinedo.
Foi considerado em 1864 o homem mais abastado da freguesia de Meinedo. Para além da sua fortuna vivia do arrendamento de vários prédios (rústicos e urbanos) para além de outros rendimentos.
Em 1834, a casa de Ronfe pertencia a sua irmã Dona Emília Ana, por herança de seu irmão José Archer, e Eduardo Barreto Archer vai herdá-la, por sua vez, em 1840.
Sucedeu-lhe Dona Maria Augusta Barreto Archer, nascida nesta casa em 1889, e que viria a vender esta propriedade a José Rosas, um conhecido e distinto industrial de pratas da cidade do Porto.

foto retirada de http://pensar-lousada.blogs.sapo.pt

A casa -
Situada na freguesia de Meinedo, a sua entrada na quinta faz-se por um portal, a norte, por um portão em ferro forjado, ali colocado em 1930, constituído por duas folhas e uma sobreporta, desenhado pelo então proprietário desta casa José Rosas. Sendo arquitectónicamente formado por duas colunas de granito, em silharia, de aparelho regular, e encimadas por dois pináculos. O dito portal está inserido num muro, também ele comportando duas colunas de idênticas características, mas sobrelevadas por esferas de granito e triângulos. Percorremos uma alameda ladeada de frondoso arvoredo até depararmos com a casa. É uma casa torre.
Esta edificação terá sofrido alterações ao longo da sua vida, havendo registos da existência de uma capela ainda pleno século XVII. 
Através de um documento de auto de visitação, datado de 28/11/1685, por um padre de Rebordosa onde está registada a emissão de um parecer favorável para que naquela capela fosse permitido dizer missa.
Mais tarde a casa de Ronfe sofreu alterações construtivas, data o ano de 1775, que segundo alguns autores apontam o seu desenho saído pela mão de Nicolau Nasoni ou seus seguidores.
De cor amarela, simbólica da época, típica moradia de feição italiana contrabalança com as linhas estruturais do granito e janelas.
Em termos arquitectónico esta casa apresenta uma planta quadrangular, com pátio interior e com uma torre adossada no topo oeste.
A fachada principal, virada a sul, foi dividida, verticalmente, por pilastras em três zonas, criando dois panos de parede simétricos. Estes flanqueiam um pano central, o frontispício, rasgado por um portal arquitravado, com colunas embebidas e chave ao centro, tendo a sobrepujá-lo um janelão de sacada e lintel curvilíneo, ladeado por duas janelas. Ainda no frontão está inserida a pedra de armas sob pirâmide quadrangular.
As pilastras são coroadas por pináculos; uma barra em pedra, divide o rés-do-chão do andar nobre.
No rés-do-chão, ao lado do portal arquitravado, abrem-se quatro janelas de peitoril, molduradas, com lintel curvilíneo e painel, duas em cada pano.
A fachada oeste apresenta, no rés-do-chão, três janelas com portadas, molduradas, de batente, com lintel curvilíneo. Exibe um óculo, do lado direito, oval e de lintel curvilíneo e outro mais pequeno com as mesmas características, só que do lado esquerdo, são os dois moldurados.
Ostenta, ainda, uma janela dupla, envidraçada, fixa, e moldurada com cornija de ressalto e painel. Do lado esquerdo desta janela há outro óculo moldurado de lintel curvilíneo envidraçado e janela de peitoril moldurada de lintel curvilíneo, quase junto à torre.
Existe ainda uma janela moldurada e envidraçada, em ferro, aos quadrados, com lintel curvilíneo.
No primeiro andar, vislumbram-se três janelas de sacada, sendo uma dupla em granito, com lintel curvilíneo; e junto à cornija existem quatro óculos ovais moldurados.
A  torre é quadrada, em cantaria à vista, de fiadas sem igual proporção e suficientemente polidas; as juntas das pedras, comidas do tempo, mostram maior abertura do que nos seus princípios deveriam ter, indicio de muita antiguidade.
Na fachada este, uma escadaria em meia volta dá acesso à torre. A portada da capela é arquitravada e de cornija de ressalto.
No rés-do-chão, do lado esquerdo, podem ver-se quatro portadas com lintel curvilíneo, e à direita do pano, uma janela de peitoril com lintel curvilíneo; no primeiro andar, apresenta quatro janelas de peitoril com lintel curvilíneo, com portadas.
A fachada norte, no rés-do-chão, patenteia três janelas de peitoril, enquanto o primeiro andar conta três janelas e uma portada, sendo duas de peitoril e uma de sacada, todas com lintel curvilineo. Junto à cornija, mostra duas janelas de peitoril.
Apresenta ainda uns belos jardins decorativos, "belo roseiral-casa de campo", e rodeados de campos de cultivo e de casas rurais e que os herdeiros de José Rosas a têm mantido após restauro geral.

dissertação de mestrado José Carlos Ribeiro da Silva (FLUP), "A Casa Nobre no Concelho de Lousada", Porto, 2007
http://arteepatrimonio.blogs.sapo.pt/23877.html
http://geneall.net/pt/forum/55319/casa-de-ronfe-em-menedo-perto-de-penafiel/
http://repositorio-aberto.up.pt/bitstream/10216/30726/2/tesemestcasanobrev1000074655.pdf
http://www.heraldrysinstitute.com/cognomi/Archer/Portugal/idc/601405/lang/pt/
http://www.cm-lousada.pt/pt/efemerides
http://pensar-lousada.blogs.sapo.pt
http://tpcdescrita.blogspot.pt201103turma-efa-s5-na-casa-de-ronfe-lousada.html

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