NOTA: A quem consulte e aprecie este blogue e possa contribuir com comentários, críticas ou correcções têm a minha consideração.
Aqueles que por seu entendimento, possam ser proprietários de alguns elementos fotográficos, e pretendam a retirada dessa foto, agradeço que me seja comunicada para evitar constrangimentos pessoais.

Obrigado.

31 de agosto de 2013

A marca de Sentieiro / Rua da Vitória, na cidade - Porto




Rua Sá da Bandeira, entre o 210 a 222, Freguesia de Stº. Ildefonso, Porto - Portugal

Pois é! Mais uma curiosidade que me fez parar para tirar umas fotografias. 
Não fiz qualquer busca ou investigação toponímica, mas interroguei-me sobre a possibilidade de ter existido uma rua da Vitória que não se situasse na freguesia do mesmo nome ou seria apenas uma mera publicidade do serralheiro que instalou o material que servia de fecho das lojas, em metal, chamado de Sentieiro ou M. L. Sentieiro?
Por incrível que pareça ainda existem vestígios ou marcas dessa existência e localiza-se bem no centro da cidade. Estas marcas localizam-se na actual rua Sá da Bandeira, e as fotos tiradas referem-se a um correr de lojas (fechadas) perto da Praça de D. João I, do lado direito de quem sobe. 
É um conjunto de três prédios em que nos cunhais dessas lojas se encontram cravadas a marca do nome da rua da Vitória, e seu numero de policia nº 148, conforme se pode ver, perfeitamente visível, em cada cunhal.
Esperemos que se tornem um "símbolo fixo" desta marca dos tempos idos na cidade Porto.

Vejam outras marcas nos cunhais, alternadamente com o símbolo anterior, dessas lojas, pois aparentemente refere o nome do aplicador, na época, o "Sentieiro" ou "M.L.Sentieiro", esta personagem, do séc. XIX, mestre serralheiro e industrial de fundição, nesta cidade. 
Esta simbologia teria servido de publicidade? Aqui fica a incógnita, embora na actual rua da Vitória não exista esse nº de policia (148), o que torna ainda mais estranho.



Nota: Já recentemente e após contacto do Sr. Mário Vilaça Bizarro (e que agradeço o interesse por estes assuntos), que através do seu e-mail me transmitiu da existência de iguais marcas na rua Mouzinho da Silveira, 344/348, tendo já, pessoalmente, passado por lá e confirmado a sua semelhança.
De facto são os mesmíssimos símbolos e corresponderá com certeza ao Serralheiro/Instalador que na época aplicava o sistema de encerramento das montras das lojas e que provavelmente teria a sua oficina na rua da Vitória, nº 148, não havendo qualquer vestígios por lá.
Posteriormente, verifiquei também que no Largo de S. Domingos e mais precisamente nas ombreiras da papelaria Araújo e Sobrinho contêm as mesmas peças metálicas de forra nos seus cunhais, só que nessas peças apenas referem a rua "Vitória" e à marca de "fundição".

Novas - Já em 2014 e através do JN, do dia 12/1/2014, na pág.21 do documentário semanal de "À descoberta do Porto", por Germano Silva, este intitulou a sua reportagem com o "Restaurante Sentieiro".
Ora a sua reportagem referia-se ao melhor arroz de frango do Porto com origem num restaurante com esse nome - Sentieiro.
O seu texto refere assim: "... Mas era do restaurante Sentieiro que eu vos queria falar mais em pormenor. Ficava na rotunda da Boavista e tinha como especialidade, além do verdasco de Amarante ou do marco de Canaveses, o arroz de frango, o cozido à portuguesa, o sável frito do Areinho e o chispe com feijão branco. 
Sentieiro era o nome do proprietário do restaurante cujas instalações ocupavam uma parte daquela faixa de terreno ainda existente entre o edifício da antiga estação da Boavista do caminho de ferro da Póvoa, e a Avenida de França. Ainda não há muito tempo, meia dúzia de anos, se tanto, havia ali um portão de ferro trabalhado encimado com a palavra Sentieiro.
Era a entrada  para o restaurante que ocupava um belíssimo edifício tipo chalé e possuía, nas traseiras da casa, um lindíssímo jardim que servia de esplanada à qual se chegava depois de se atravessar um frondoso túnel formado pelas copas de lindas japoneiras.
O restaurante foi fundado em 1875, logo a seguir à inauguração da estação da Boavista. Por essa altura a Avenida de França ainda se chamava Rua das Pirâmides, porque ia direitinha aos obeliscos (pirâmides) que assinalavam, na entrada da rua dos castelos, a entrada na quinta da Prelada. (...)
Voltemos, no entanto, ao Sentieiro que foi um personagem curioso e muito popular no Porto do seu tempo. O seu nome completo era Manuel Luiz Sentieiro. Tinha a profissão de serralheiro e possuía uma oficina de serralharia na rua da Vitória, ali entre as ruas dos Caldeireiros e do Ferraz. Foi desta oficina que saiu todo aquele gradeamento que ladeia a rua Nova de Alfândega, desde o começo da rua da Reboleira até ao cais de Monchique.
Politicamente, esteve ligado ao partido Progressista e os seus adversários não se coibiam de insinuar que o fornecimento daquele gradeamento tinha a ver com a filiação partidária.
Mas o que mais deu a Manuel Luiz Sentieiro não foi nem a oficina de serralharia nem o restaurante da rotunda da Boavista. Foram, sim, as suas qualidades de "grande orador" de comícios políticos - mas no seu pior sentido. os jornais da época, referindo-se às intervenções de Sentieiro em "meetings" partidários, diziam que ele "em prol dos progressistas se fartava de estragar o português".
Quando o restaurante fechou as portas, organizou-se, na já então chamada Praça Mouzinho de Albuquerque (antiga rotunda da Boavista), uma comissão de pessoas, todas moradoras na zona, com vista a fundar o Clube do Boavista, que passaria a funcionar no edíficio onde antes havia estado o Sentieiro. A colectividade formou-se, mas teve vida efémera. Hoje nada resta, nem do edíficio nem da belíssima esplanada e dos frescos caramanchões que a ornamentavam, Até o portão com o nome de Sentieiro desapareceu."


Acrescentando novas informações, Mário Bizarro, num e-mail enviado diz:
Voltando ao meu mail de 18/9/2013, consegui encontrar uma pessoa idosa que me garantiu que a Fundição da Vitória era onde está hoje uma casa com o nº 65 - 69. Sobre a diferença da numeração disse-me que há umas dezenas de anos atrás não havia ordem nenhuma, que os números estavam salteados.
Há falta de melhor informação ficamos por aqui.
Melhores cumprimentos

Mário Vilaça Bizarro.
Agradeço o contributo do acréscimo desta informação. Bem hajam as pessoas que prestam o serviço de divulgar.
Obrigado Mário Bizarro.

6 comentários:

  1. Sentieiro deve ser o nome do proprietário da empresa de fabricou os paineis de ferro que, à noite, fechavam a maioria dos comércios do centro da cidade. O nome aparecia nas portadas dos mecanismos (a manivela) para os fechar. Ferros, fundição, mecanismos - mesmo ali ao lado de outraa rua onde se trabalhavam os metais - a rua dos Caldeireiros.
    É uma pista de pesquisa.
    Por outro lado é estranho encontrar numa rua "recente" a numeração impar do lado direito.

    Infelizmente a renovação das montras dos prédios muito alteraram as fachadas e as estruturas dos mesmos.

    ResponderEliminar
  2. Sou da familia Sentieiro que tinha uma fundição na rua da vitoria
    meu pai sabe parte da historia da familia e da fundição meu contacto
    967180936

    ResponderEliminar
  3. Obrigado pela confirmação da minha hipótese. Tenho pena de não ser historiador da cidade. Senão ainda ía aprender coisas com as histórias que podem ser contadas pelo seu pai. Também é para isso que serve a internet. Já agora uma pequena pergunta. A Garagem do Sentieiro pertencia à mesma família? Bem sei que não é perto mas o nome é o mesmo. E a garagem conheci bem na minha infância. Abraço.

    ResponderEliminar
  4. "Vitória não exista esse nº de policia (148), o que torna ainda mais estranho."
    Ora vejamos se consigo ajudar...Os números pares da actua Rua da Vitória (antiga Rua de São Roque) ficam do lado Poente dessa mesma Rua, um pouco à frente (para quem caminha em direcção à Bateria) de um dos espaços que o Centro Português de Fotografia possui nessa rua.
    É natural não se ver onde fica, pois a entrada ou era feita pelas escadas desactivadas da antiga judiaria - a cota de implantação será bem alta e encoberta por muro de pedra antigo - ou era pela porta de acesso aos quintais onde se encontravam instaladas casas do tipo "ilhas"... Será que ajudei? Fico curiosa!
    Luísa Coutinho

    ResponderEliminar
  5. Eu queria deixar aqui a minha opinião é o seguinte, li num comentário acima que na rua da vitória quero aqui informar o seguinte a rua da vitorioa antes deste nome era S.Roque e para dizer que na década dos anos 40 a rua tinha nas portas os seus números por isso não é verdade como se diz num comentário acima que eu que diz que á uma dezena de anos não havia numeros repito é mentira porque na década dos anos 40 já havia numeros posso confirmar se quierem podem entrar no meu Blog aqui deixo o meu BLOG sanatoriodaspenhasdasaude.blogspot.com

    ResponderEliminar