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16 de maio de 2012

Gravura cruciforme em rocha - Baltar


Serra de Muro, Veloto ou Loto, lugar da Gralheira, Baltar, Paredes - Portugal

Há muitos anos tinha a certeza de ter vizualizado esta cruz numa rocha, de uns terrenos de meu avô.
Passados, cerca de 35 anos, finalmente voltei a encontrá-la, pois foi uma marca que me ficou na memória. Agora que a descobri continuo sem saber o seu significado.
Lembro que nesta serra existe uma povoação castreja, mas não sei se terá alguma correlação.
Também me foi dito que poderá ser uma marca divisória de limite de terreno, o que acho estranho pois foi a unica marca que vi em toda a minha vida por aqueles montes.
Mas a minha duvida persiste, porquê nas suas partes extremas terminarem numa forma redonda? E qual o seu significado?
Agradeço a quem possa saber que me ajude a tirar uma duvida que tenho desde a minha infância.

Finalmente! Um ano depois, e por mero acaso inscrevi-me num curso livre de Arte e História da cidade do Porto. Como primeira sessão, o tema era Porto Antigo, cujo período referenciado era a das origens do povoamento ao período romano, incidindo desde os 1000 anos a.c. até aos 400 anos d.c.
Esta "aula" foi dada por um professor doutor Armando Coelho, da faculdade de Letras, de que nunca tinha ouvido falar, mas muito conceituado por toda a gente da área da arqueologia, historia, letras, etc... (peço desculpas pela minha ignorância).
Quero então eu dizer, que no decorrer da sua palestra e no desenvolvimento da evolução da cidade, isto é, "civitas" do Porto é abordada a temática da civilização "castreja" que proliferaram por todo o Noroeste do País e Galiza.
A cidade do Porto teve o seu núcleo no morro da Sé, cuja características administrativas e territoriais se localizavam na margem direita do rio Douro e se influenciavam para o seu interior abrangendo as terras da Maia, Paços de Ferreira, Penafiel e Gondomar sendo o pressuposto da sua civilização definida por três ordens: crença/religiosidade, fertilidade e produtividade.
Esta área territorial está caracterizada de Callecia (Callaeciae), também conhecidos pelos Calaicos.
A "Cal" - significado de pedra, fortaleza, duro, e acaba etimologicamente por decair em Calle, designação da cidade do Porto, na época antiga.
Na mesma palestra vem, o Dr. Armando Coelho, também dar a conhecer ao auditório de uma recente descoberta, de uma cruz, perto do castro de Vandoma/Baltar, que acrescenta na sua fundamentação ser a centralidade do território deste núcleo Calaico, que é Vandoma.
Ora, Vandoma, segundo a sua definição - "Casa de Deus", terá sido o motivo simbólico que deu origem à padroeira da cidade do Porto, tendo sido direccionado, ao longo do tempo, para a cidade do Porto por se ter tornado de maior predominância económica e estratégica (ver nota à parte).
Quanto à "cruz", o Dr. Armando Campos, defende que a sua simbologia pretende significar a divisão do nucleo em quatro unidades estruturais, a área do Porto - Cal (pedra); a da Maia - Mad (terra); a de Paços de Ferreira - Fid (floresta) e Anegia (abarcando as terras do Vale do Sousa, isto é, de Penafiel, Marco, Gondomar e Paiva).
Espero ter sido esclarecedor com esta exposição, sendo que poderei não ter sido perfeito em virtude de poder estar a introduzir alguns conceitos com desvios e incorrecções, contudo aqui fica algo de novo.
(agradecimento especial ao Dr. Armando Coelho e à Drª. Maria Antónia por terem divulgado e difundido esta nova marca cruciforme no conceito "castrense" centralizada nesta região com valorização do concelho Paredes).


Nota à parte:
A tese acima referida pelo Sr. Dr. Armando Coelho pretende fazer cair por "terra" todo o conceito generalizado sobre a origem da padroeira do Porto, Nª. Srª. de Vandoma, conforme é descrito neste texto retirado da Wikipédia.

"Nossa Senhora do Porto (ou Nossa Senhora do Porto da Eterna Salvação) ou Nossa Senhora de Vandoma é uma das invocações à Virgem Maria na Igreja Católica.
A devoção tem sua origem em um episódio conhecido como Armada dos Gascões, ocorrido em Portugal no período da Reconquista. Terá surgido por volta do ano 990, na altura em que o nobre português D. Munio Viegas liderou uma armada de cavaleiros originários da Gasconha que, ao desembarcarem na foz do rio Douro, combateram os mouros que dominavam a região do Porto. Junto com os gascões estava o bispo da localidade francesa de Vendôme D. Nonego, que segundo de crê trouxera consigo uma cópia da imagem de Nossa Senhora que havia na Catedral de Vandoma.
Segundo a tradição, D. Munio e os franceses, após a vitória sobre os mouros e a retomada a cidade, reergueram as muralhas da cidade. E nelas tinha como uma das saídas principais, da fortificação a chamada porta de vandoma onde terá sido colocada a referida imagem de Nossa Senhora de Vandoma, atualmente exposta na Sé do Porto, para o recordar.
A cidade consagrou a Nossa Senhora de Vandoma como sua padroeira, devoção que até hoje ilustra o brasão de armas do Porto.
A imagem foi venerada pela população, que a levou a percorrer as suas ruas em procissão, principalmente durante os períodos de epidemias que assolaram o Porto e regiões vizinhas."
(texto retirado da Wikipedia)


3 comentários:

  1. Fernando Teixeira de Sousa11 de julho de 2012 às 16:54

    Ao consultar por estes dias a "Monografia de Paredes", exemplar que guardo religiosamente e que me veio parar á mão, por intermedio de meu Avô de Paredes, vi na pag 262 do mesmo , relativo á freguesia de Baltar, que na serra do Muro e mais concretamente na sequente do Facho que diz: "Há lá um penedo que tem gravada uma cruz, as cinco chagas e a data de 1118. Diz a tradição que eram sinais que os cristãos deixavam à medida que iam expulsando os mouros". Essa tarefa ao que dizem demorou em todo o Norte de Portugal cerca de cinco seculos e proliferam pelo Vale do Sousa imensos sinais patrimoniais e não só de toda essa epopeia histórica. Outras histórias de muito interesse vou ainda ler quando chegar á freguesia de Vandoma e á muralha fortificada que nesses tempos deve ter sido erguida naquelas serras.

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  2. Parabéns por esta tão preciosa "lição" de historia. Tenho pena que o concelho de Paredes deixe ficar estas "descobertas" por divulgar.
    Gostava de saber para quando a divulgação das pedras que faziam parte da anta do Padrão e que em tempos estiveram em exposição no Museu de Paredes (quando estava aberto ao publico e que algumas vezes visitei) e que neste momento se encontram no museu de Antropologia da Universidade do Porto.

    Sera que nada vai ser feito em prol da cultura no concelho de Paredes?

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  3. Seja qual seja a interpretação mais ou menos onírica de grandes e pequenos mestres, estas marcas são sempre de delimitação de território que foi é e ser´o primum movens do celtibero, lusitano e portuga, o resto não passam de romances especulativos

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