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19 de maio de 2019

Brasão dos "Bravo e Ferraz", Porto

Foto pessoal - vista da pedra de armas

História:
A casa dos Ferraz Bravo está classificada como Imóvel de Interesse Público e é igualmente conhecida por Casa dos Maias - nome da ultima família que a habitou.
Esta casa apalaçada foi construída ainda no século XVI, pelo fidalgo Martim Ferraz, descendente de uma família nobre do Entre Douro e Minho. Situa-se na Rua de Santa Catarina das Flores, topónimo da artéria manuelina depois simplificada para Rua das Flores, onde até então estavam as hortas do Bispo do Porto de então: Bispo D. Pedro da Costa.

Fotos pessoal - símbolo da Roda da Navalha

Este bispo tinha tanta devoção por Santa Catarina de Alexandria, que fizera adoptar a Roda das Navalhas como seu brasão de armas, copiando de seu tio Cardeal Alpedrinha, e nomear a rua como rua de Santa Catarina das Flores, tendo a sua marca nos dois cunhais do edifício.
Esta rua seria uma das principais vias da cidade, onde se edificaram muitas moradias senhoriais. Os Ferrazes e Bravo, por consórcio da família Ferraz com o então fidalgo Manuel Bravo, foram proprietários da casa até ao século XVIII, com a morte do ultimo elemento da familia, Pedro Ferraz de Melo, casado, mas sem descendência.
A propriedade terá passado para a Ordem de S.Francisco altura em que foi adquirida por Domingos de Oliveira Maia, figura da cidade e associado a brasão pessoal existente numa sua moradia na foz e em final de sua vida no seu jazigo na Lapa.
Trata-se de um amplo edifício com loja, sobreloja e andar nobre, cuja feição quinhentista foi radicalmente alterada por obras setecentistas.



Fotos pessoal - fotos da degradação tida ao longo do tempo

Na fachada principal, de linhas barrocas, rasgam-se oito janelões sobrepujados por frontões triangulares, com varandas de ferro forjado, sobre igual numero de janelas da sobreloja, duas das quais ficam parcialmente obstruídas pelas grandes pedras de armas que figuram os brasões partidos dos Bravos e dos Ferrazes, enquadrando os dois portais centrais.
Estes brasões são constituídos por escudos de armas que podem ser quinhentistas, embora estejam montados numa estrutura ornamental com posta por volutas e enrolamentos barrocos, talvez em resultado das intervenções realizadas no século XVIII.
Sobressai ainda, como característica particular desta fachada, o beiral, muito saliente, assente numa série de cachorros em granito.
No interior, a casa possui uma larga escadaria em granito, com dois lanços laterais e um lanço central, em cujo corrimão se apoiam seis colunas elevadas até ao piso nobre. Nos salões existem tectos de estuque trabalhado.
A planta do conjunto é um U, definindo um pátio nas traseiras, pavimentado em lajes de granito, onde terá existido uma fonte barroca, da qual resta a taça e o grande golfinho que serviria de bica. 
Data da época das obras de renovação do imóvel, certamente meados do século XVIII, a construção de uma capela no pátio, atribuído o risco ao artista Nicolau Nazoni.
A capelinha, de planta octogonal era revestida a talha. Mais tarde foi colocada na capela da Quinta do vale de Abraão, em Lamego, pertencente aos mesmos proprietários.
Durante o século XX esta casa foi tendo o seu declínio pela ausência de vida, sofrendo vandalismos e destruição em todo o seu interior.
É perfeitamente visível o seu estado lastimável do seu exterior, sendo contudo garantida a sua traça, portais, janelas, gradeamentos e pedra de  armas ainda em bom estado.
Os herdeiros de Oliveira Maya, passaram a ser os proprietários desta casa, os Pereira Leitão e, destes, os Serpa Pimentel.
Na segunda metade do século XX, passou por compra aos Paulo Vallada, que a terão vendido aos actuais proprietários.
Recentemente com a recrudescer da cidade do Porto e o forte investimento turístico esta casa está em restauro/modernização. Esperemos que os seus proprietários dignifiquem a sua história. 

A pedra de armas tem a seguinte descrição:
Classificação:    Heráldica de Família
Época:              Séc. XVII ou XVIII
Escudo:             Francês ou quadrado, com os cantos superiores contra-curvados cortados
Material:           Granito
Formato:           Partido
Leitura:             I - Bravo
                         II - Ferraz
Cores:              I, de azul, com castelo de ouro, enxaquetado de vermelho, encimado de três torres de prata, aberto e iluminado de negro, a porta carregada de leão de ouro e sobre ela, um escudete de azul com três flor-de-lis de ouro; o castelo acompanhado, em chefe, de duas águias de prata voantes sobre as torres laterais, e assente num contrachefe de prata faixado-ondado de três peças de azul;
                        II - de vermelho com seis rodela ou arruela-besante de prata, cada um carregado de três fiaxas de negro, postas em grupo de 2,2,e 2;


Texto retirado de:
Brasões e Pedra de armas da Cidade do Porto, de Manuel Cunha 
Facebook, " A Arte da Heráldica de Família em Portugal, parte de comentários de Manuel Azevedo Graça
                        

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