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12 de março de 2018

Casa dos Boto e Calheiros (28) - Viana do Castelo




Foto tirada por João Baptista Malta

Pedra sobre janela da casa


Descrição da Pedra:
Pedra de Armas em granito, escudo oval integrado em cartela recorta, esquartelado de:
I e IV - Boto (mal representado, ambos os quarteis dimiados do esquartelado franchada das armas de linhagem)
II e III - Calheiros (sendo no II as estrelas terão sido delidas pelo tempo)



Fotos retiradas do Google Maps

A Casa e Família:
A obra "Casas de Viana Antiga", 1973, volta a registar uma casa que praticamente não é abordada em qualquer documento, jornal, revista e muito menos em registos locais daquele concelho.
Volto a transcrever partes de um texto sobre aquela casa, da pedra de armas e por lá quem passou/morou de figuras publicas.
" Existe na Rua da Bandeira uma casa em que poucos reparam, à esquerda de quem caminha para a Praça. O seu estado de decrepitude chegou a ponto de se pensar que por certo mais dia menos dia desapareceriam tanto mais que nenhum primor arquitectónico comportava o seu exterior. Possui no entanto sobre a janela central, de parapeito, do primeiro andar, uma muito bonita pedra de armas - de Boto e Calheiros, tendo por timbre uma torre encimada por duas cabeças. Aqui viveram muito tempo os membros dessa família.
Eram os Botos de origem alentejana; parece porém que, como a outros de fora sucedera já, um deles Diogo Dias Boto, aqui casou, prendendo-se, em consequência disso, à região. Foi sua mulher Gracia Carneiro, irmã de Pedro Dias Carneiro, ultimo Comendatário do Mosteiro de Miranda em Arcos de Valdevez.
E logo no séc. XVI se dá a ligação dos Botos com os Calheiros, por ter o filho de Diogo, Pedro Boto, casado com Branca Lopes Calheiros (ou Branca Barbosa, conforme certos estudiosos, que a designam assim pelo nome materno), irmã de Pedro Dias Carneiro, ultimo Comendatário do Mosteiro de Miranda; dela havendo geração que ainda hoje perdura no Minho, - através dos Barbosa Aranha, - nos Pimenta de Castro (por Manuel Pereira Pimenta Barbosa, ultimo coronel comandante do Regimento de Milícias dos Arcos), nos Gama e Azevedos da Casa da Aguada em Coura, e noutros ainda.
Os apontamentos a que me reporto são trabalho do coronel Sousa Machado, pois Porto Pedroso, que se ocupou de tantas Casas de Viana, não menciona esta; - sem dúvida, pense aquele, porque já em seus dias não havia ali descendentes directos da família, nem a esta pertencia mais.
Por esta casa passou e viveu por uns tempos, Guerra Junqueiro, quando exercia na cidade o cargo de secretário geral do Governo Civil de Viana.
(...) Também ele, transmontano, casou com uma vianense, filha do "Sebastião Neves das diligências" - enlace que se realizou , com grande pompa, em Janeiro de 1880, na Igreja dos Mártires de Lisboa. E a quem toda a vida consagrou profundo afecto.
Com ela habituou a Casa dos Boto e Calheiros. Afectivo também para com as duas filhas que tiveram, Maria Isabel e Julia. (...)
(...) Adeantado jáo séc. XX, igualmente naquela casa da Rua da Bandeira se instalou, com sua família o Dr. José de Matos, que foi presidente da Câmara desta cidade e notável animador do desporto na região, devendo-lhe o Spot Clube Vianense dinâmico apoio.
Da família da mulher do Dr. José de Matos, D. Rosa, era o conhecido cientista Dr. José Casimiro Carteado Mena, vianense de Darque.
Em duas casas, que se saiba, moraram os Botos em Viana. A primeira situada na actual praça da republica, pertencente a uma família nobre - em nada porém ligada à sua. A segunda, portanto, situada na rua da Bandeira, que era da família de Bertiandos. E que, como já foi  referido, mais que uma vez, mais tarde passou de mão.
Por capricho do destino tornou esta casa - recentemente restaurada enfim, - a ser pertença de descendentes dos velhos donos. Já que Manuel Duarte Pimenta de castro Damásio, eng. agrónomo, nascido em Viana em 1945, filho de Américo de Almeida Araújo Damásio e de D. Maria Adélia da Gama Pimenta de Castro, veio a casar com Maria Júlia Figueiredo Arriscado de Magalhães, de Viana igualmente, ainda sua parente, filha de D. Juília de Sousa Figueiredo e de Joaquim José Meira Arriscado do lago Magalhães, proprietários em Deucriste, - e proprietários desta Casa da Rua da Bandeira.



Viana do Castelo - Origens:
"A ocupação humana da região de Viana remonta ao Mesolítico, conforme o testemunham inúmeros achados arqueológicos (anteriores à cidadela pré-romana) no Monte de Santa Luzia.
A povoação de Viana recebera a Carta de Foral, de Afonso III de Portugal em 18 de Julho de 1258, tendo passado a chamar-se Viana, da Foz do Lima.
Até à sua elevação a cidade em 20 de Janeiro de 1848, a actual Viana do Castelo chamava-se simplesmente "Viana" (também referida como Viana da Foz do Lima" e "Viana do Minho", para diferenciá-la de Viana do Alentejo.
Na cidade - que cresceu ao longo do rio Lima - podem ser observados os estilos renascentistas, manuelino, barroco e Art Deco. Na malha urbana destaca-se o centro histórico, que forma um circulo delimitado pelos vestígios das antigas muralhas. Aqui cruzam-se becos e artérias maiores viradas para o rio Lima, e destacam-se a antiga Igreja Matriz, que remonta ao séc. XV, a Capela da Misericórdia (séc. XVI), a Capela das Almas, e o edifício da antiga Câmara Municipal, na Praça da Monarquia (antiga Praça da Rainha), com uma fonte em granito do séc. XVI."
Para além deste Património arquitectónico no pequeno núcleo citadino vislumbram-se casas típicas dessas épocas e com as características e ornamentos aos estilos atrás mencionados.
Dessas casas aparecem pedras de armas afixadas nas fachadas, sendo distribuídas por casas tradicionais, por casas nobres e apalaçadas, cujas personagens justificaram a mercê dada pelo seu rei, quer por actos em prol do País, quer em prol da benemerência e interesses locais ou por razões politicas.
No pequeno núcleo histórico circunscrito entre a linha férrea e o rio Lima e por pequenos passeios pedonais realizados pessoalmente pelo seu interior se destacaram e se recolheram um bom punhado de Brasões, de Heráldica de Família, que se pretende abordar e mostrar neste blogue.
Dos 27 brasões referenciados no mapa, alguns não foram encontrados neste pequeno passeio efectuado em dia e meio, de uma pequena estada naquela linda cidade.  A recolha mereceu também em buscas de sites locais que me ajudaram a enriquecer este projecto de inventariação de brasões de família no núcleo antigo desta cidade.
Provavelmente haverá ainda outros por descobrir nessas pequenas vielas e ruas, e encobertas em muitas casas que apresentam características muito especiais, à sua época a que cada uma delas terá sido edificada. Vislumbramos, portas e janelas lindamente executadas em granito, do barroco ao manuelino, muitas casas ainda sustentam nos seus beirais gárgulas de todos os feitios e igualmente outras pedras de armas, nacionais e da cidade.
À medida que se apresenta cada peça de armas, e sempre que possível, será abordada a descrição da pedra de armas e de uma pequena história, da casa ou da família, efectuada pela recolha na internet e especialmente no blogue "olharvianadocastelo.blogspot" e da obra "Casas de Viana Antiga" que merecem uma especial atenção e um elogio de relevo por se dedicarem exclusivamente ao concelho e à cidade.

Esquema geral da localização das Pedras de Armas de Família - Viana do Castelo

Listagem:
1 - Casa dos Monfalim (séc. XVII/XVIII) - Gaveto do Passeio das Mordomas da Romaria com a Rua Nova de Santana
2 - Casa da Barrosa (séc. XVIII) - Rua Manuel Espregueira, n.º 87
3 - Casa dos Abreu Coutinho (séc. XVIII (?)) - Largo Vasco da Gama
4 - Casa dos Melo e Alvim (séc. XVI) - Av. Conde da Carreira
5 - Capela da Casa da Carreira (séc. XVIII) - Rua dos Bombeiros
6 - Casa dos Werneck (séc. XIX) - Av. Conde da Carreira, n.º 6
7 - Casa dos Pimenta da Gama ou Casa da Piedade (séc. XVIII) - Rua Mateus Barbosa, n.º 44
8 - Casa do Campo da Feira (séc. XVIII) - Largo 5 de Outubro, n.º 64
9 - Casa dos Sousa Meneses - Rua Manuel Espregueira, n.º 212
10 - Casa da Vedoria (séc. XVII) - Rua Manuel Espregueira, n.º 152
11 - Casa da Carreira (séc. XVI) - Passeio das Mordomas da Romaria
12 - Casa Costa Barros (séc. XVI) - Rua S. Pedro, n.º 28
13 - Casa dos Aranha Barbosa - Rua da Bandeira, n.º 174
14 - Casa Barbosa Maciel (séc. XVIII) - Largo S. Domingos
15 - Casa dos Malheiro Reymão (séc. XVIII) - Rua Gago Coutinho e Praça das Couves
16 - Palácio dos Cunhas (séc. XVIII) - Rua da Bandeira
17 - Casa do Pátio da Morte - Rua da Bandeira, n.º 203
18 - Casa dos Pita (séc. XVII) - Rua Prior do Crato, n.º 56
19 - Hospital Velho (séc. XV) - Rua do Hospital Velho
20 - Casa dos Torrados - Av. Luís de Camões, n.º 19
21 - Casa dos Sá Sottomaior - Praça da Republica, n.º 42
22 - Casa dos Agorretas - Gaveto da Rua dos Rubins com Rua Manuel Espregueira
23 - (familia desconhecida) - Travessa da Victória, n.º 8
24 - Casa de João Velho ou Casa dos Arcos - Largo do Instituto Histórico do Minho
25 - Casa dos Medalhões, gaveto da Rua do Poço com o Largo da Matriz
26 - Casa dos Alpuím, Passeio das Mordomas da Romaria
27 - Casa dos Pereira Cirne - Rua da Bandeira, n.º 219
28 - Casa dos Boto e Calheiros - Rua da Bandeira, n.º 124 

fontes e texto retiradas de:
- Obra "Casas de Viana Antiga", de Maria Augusta d'Alpuím e de Maria Emília de Vasconcelos



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