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15 de março de 2011

Casa da Portela - Sobrosa

Rua da Portela, Sobrosa, Paredes -Portugal


Casa da Portela (Sobrosa) - "Paredes-meias com a casa do Muro, uma das mais ricas e prestigiadas do séc. XVII... em 1786, era propriedade do casal Francisco Machado da Cunha Almeida e Miranda e de Dona Clara Maria Vieira.
(...) Esta senhora irá doar a casa e quinta da Portela ao Padre António Ferreira Coelho da Silva Barbosa, um dos quatro filhos de Bento Coelho da Silva, da casa do Muro, casada com Mariana Barbosa, da casa do Bodo." (pág. 193/199 da obra: Sobrosa - História e Património, de Dr. José Pinto)


Pertença dos Pintos e Almeidas, como indica o brasão que coroa a entrada principal do edifício, a Casa da Portela é, no entanto, um imóvel bem anterior a 1788, data em que foi adquirido por esta família. Sabe-se que a casa já existia no séc. XVII, pertencendo, em 1629, a Francisco Saraiva e a sua mulher Britis Aranha (REGALEIRA, 1927, p.7). É possível que a estrutura original remonte a esta época, ou a  um período anterior, mas a opção pela planta em U e a regularidade dos alçados são indicadores da sua execução na centúria de Seiscentos, no decorrer da qual este género de planimetria constituiu uma das principais novidades (AZEVEDO, 1969, p.55 e ss.).
A fachada principal é ritmada pela abertura de vãos simétricos, cuja leitura converge no eixo central, formado pela porta e brasão que a remata. Na verdade, este é o elemento estruturador de toda a composição, uma vez que a sua exibição em lugar de destaque exprimia a imagem de poder e de prestigio que os seus proprietários pretendiam transmitir. É possível que tal implique uma remodelação deste alçado, ou apenas a inserção do brasão, a partir de 1788.
Um friso linear marca a separação entre o rés-do-chão e o andar nobre, acentuando a horizontalidade do conjunto. Estruturados em função da entrada, os vãos apresentam uma composição idêntica de ambos os lados: duas janelas de sacada a que corresponde igual numero de janelas de peito no piso térreo, flanqueadas por uma janela do andar nobre e uma fresta no inferior. A porta principal, de verga curva (tal como todos os restantes vãos), é encimada por frontão semicircular interrompido pelo brasão. O corpo, que se desenvolve num plano ligeiramente recuado, mantém as mesmas linhas compositivas, com janelas de guilhotina e portas de verga recta.
Contrastando com esta fachada de aparato, o alçado posterior é mais intimista, abrindo-se para um pátio através de uma varanda alpendrada assente sobre arcaria, antecedida por dupla escadaria.
A capela é uma construção posterior, que remonta a 1826, e que se insere numa outra campanha de obras de ampliação do edificio cujo alcance não se determina, mas que poderia corresponder ao corpo em que o templo se inscreve (REGALEIRA, 1927).
Apesar da dificuldade em determinar as diferentes campanhas de obras de que o imóvel foi objecto, este é um testemunho significativo do carácter da arquitectura civil portuguesa, que foi integrando elementos caracteristicos de cada uma das épocas, sabendo adaptar-se ao gosto e exigência dos seus proprietários, desde a depuração maneirista até ao gosto do aparato barroco, ou à vida oitocentista.
(Rosário Carvalho)


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