foto da Pedra de Armas (olharvianadocastelo.blogspot.pt)
Descrição da Pedra de Armas:
Escudo francês (séc. XVIII), partido em I - Costa e II - Barros, com diferença
de ... um farpão, no primeiro quartel.
Contempla elmo frontal, timbre de Costa e assenta em elementos
floreados.
História da Casa:
A designada casa de Costa Barros fica situada numa das ruas mais
antigas de Viana, inserida no antigo burgo medieval, que durante os séculos XIV
e XV se desenvolveu dentro das muralhas da vila, em torno da Sé e da antiga
Igreja de S. Salvador.
Este espaço, "rasgado por estreitas vielas, ladeadas de
pequenas casas sombrias" (MOREIRA, Manuel, 1985, p. 67) foi-se renovando
socialmente a partir da segunda metade da centúria de Quatrocentos.
Na realidade, à medida que o comércio marítimo do porto de Viana
crescia, a sociedade vianense foi crescendo e enriquecendo, dando origem a um
grupo de poderosos e ricos mercadores, composto tanto por burgueses como pela
nobreza local.
Estes homens ocuparam as artérias principais da vila, as
"ruas mais populosas e activas" (REIS, A. Matos, 1995, p.12),
construindo então casas opulentas, que através dos programas decorativos
exteriores demonstravam o poder económico e o estatuto social dos seus
habitantes.
Assim, nos primeiros anos do século XVI assiste-se em Viana da Foz
do Lima a um curioso fenómeno de "redecoração" das casas medievais
situadas nas ruas periféricas à Sé. São os casos da Casa da Luna, um conjunto
de prédios medievais unificado por um programa decorativo de gosto romano executado
pelo mestre João Lopes, o Velho, ou a Casa dos Costa Barros, na fachada
principal da qual se destaca um conjunto de janelas e portais de gosto
manuelino.
Situada junto à antiga porta das Atafonas, o primitivo
edifício da Casa Costa Barros terá sido edificado ainda no século XV,
sendo possivelmente reconstruído no inicio do século XVI para integrar o
programa manuelino. Supõe-se que os proprietários da casa na época seriam os
Pita, de Caminha (GOMES, P. Varela, CALDAS, J. Vieira, 1990, p. 43) embora se
desconheça o executor do projecto. É no entanto indiscutível a sua
importância como um dos mais exemplares da arquitectura civil urbana do
primeiro quartel do século XVI.
foto da fachada da casa (olharvianadocastelo.blogspot.pt
De planta rectangular, a casa está
dividida em dois registos. A fachada desenvolve-se longitudinalmente, num ritmo
assimétrico, marcado pela abertura de quatro portas e quatro janelas. No
registo inferior foram abertas, da esquerda para a direita, uma porta com arco
contracurvado, e três portas de moldura rectangular ladeadas por colunelos com
capitéis decorados com motivos vegetalistas.
janela manuelina (clube português de fotografia)
No andar nobre da casa foram abertas
quatro janelas, dispostas no eixo das portas. A primeira possui moldura com
arco conopial, decorado com florões, tanto no intradorso como no prolongamento
dos colunelos que ladeiam o conjunto. A janela seguinte apresenta um modelo
muito simples, com duplo arco (?mainel) de várias voltas.
Entre estas duas fenestrações foi colocada a pedra de armas de
José Mancio da Costa Barros, militar e cavaleiro da Ordem de Cristo, que
adquiriu a casa em 1765, Esta ficaria a partir de então ligada ao seu nome de
família.
A terceira janela do andar é o elemento que mais se destaca no
frontipicio. De grande riqueza decorativa, apresenta um modelo executado nos
primeiros anos do Renascimento, fazendo uma simbiose entre a estrutura
manuelina e os motivos decorativos de grotesco com figuras de sereias,
enrolamentos vegetais e florões. A ultima janela, à direita, é decorada com
florões e cogulhos.
janela manuelina (olharvianadocastelo.blogspot.pt)
A execução de um elaborado programa
decorativo para as janelas do piso nobre demonstra a preocupação dos
proprietários com o enobrecimento da casa, transformando uma habitação de
fundação medieval num dos mais interessantes renascentistas de Viana da Foz do
Lima.
Catarina Oliveira (IPPAR2005)
Actualidade:
Actualmente esta casa encontra-se inserida no ramo do turismo hoteleiro, cujo seu interior se preserva o carácter renascentista, contendo pinturas e louças da época, de cartas de Marquês de Pombal expostas na biblioteca, da escadaria granítica de acesso ao piso superior, com ligação à sala de jantar, cujos elementos decorativos se apresentam as louças de Viana do Castelo, provenientes da fábrica do Cais Novo, em Darque, de pratos da Companhia das Índias, bem como de baixelas com o brasão de família e mobiliário provenientes de países estrangeiros.
Esta casa tem acolhido figuras do País tendo em conta as suas características próprias de uma casa e janela manuelina que muito representa espírito dos descobrimento. Nela foram escolhidas para sua estada, Dom Duarte Pio de Bragança, Mário Soares como as figuras mais emblemáticas que passaram por este espaço.
Viana do Castelo - Origens
"A ocupação humana da região de Viana remonta ao Mesolítico, conforme o testemunham inúmeros achados arqueológicos (anteriores à cidadela pré-romana) no Monte de Santa Luzia.
A povoação de Viana recebera a Carta de Foral, de Afonso III de Portugal em 18 de Julho de 1258, tendo passado a chamar-se Viana, da Foz do Lima.
Até à sua elevação a cidade em 20 de Janeiro de 1848, a actual Viana do Castelo chamava-se simplesmente "Viana" (também referida como Viana da Foz do Lima" e "Viana do Minho", para diferenciá-la de Viana do Alentejo.
Na cidade - que cresceu ao longo do rio Lima - podem ser observados os estilos renascentistas, manuelino, barroco e Art Deco. Na malha urbana destaca-se o centro histórico, que forma um circulo delimitado pelos vestígios das antigas muralhas. Aqui cruzam-se becos e artérias maiores viradas para o rio Lima, e destacam-se a antiga Igreja Matriz, que remonta ao séc. XV, a Capela da Misericórdia (séc. XVI), a Capela das Almas, e o edifício da antiga Câmara Municipal, na Praça da Monarquia (antiga Praça da Rainha), com uma fonte em granito do séc. XVI."
Para além deste Património arquitectónico no pequeno núcleo citadino vislumbram-se casas típicas dessas épocas e com as características e ornamentos aos estilos atrás mencionados.
Dessas casas aparecem pedras de armas afixadas nas fachadas, sendo distribuídas por casas tradicionais, por casas nobres e apalaçadas, cujas personagens justificaram a mercê dada pelo seu rei, quer por actos em prol do País, quer em prol da benemerência e interesses locais ou por razões politicas.
No pequeno núcleo histórico circunscrito entre a linha férrea e o rio Lima e por pequenos passeios pedonais realizados pessoalmente pelo seu interior se destacaram e se recolheram um bom punhado de Brasões, de Heráldica de Família, que se pretende abordar e mostrar neste blogue.
Dos 27 brasões referenciados no mapa, alguns não foram encontrados neste pequeno passeio efectuado em dia e meio, de uma pequena estada naquela linda cidade. A recolha mereceu também em buscas de sites locais que me ajudaram a enriquecer este projecto de inventariação de brasões de família no núcleo antigo desta cidade.
Provavelmente haverá ainda outros por descobrir nessas pequenas vielas e ruas, e encobertas em muitas casas que apresentam características muito especiais, à sua época a que cada uma delas terá sido edificada. Vislumbramos, portas e janelas lindamente executadas em granito, do barroco ao manuelino, muitas casas ainda sustentam nos seus beirais gárgulas de todos os feitios e igualmente outras pedras de armas, nacionais e da cidade.
À medida que se apresenta cada peça de armas, e sempre que possível, será abordada a descrição da pedra de armas e de uma pequena história, da casa ou da família, efectuada pela recolha na internet e especialmente no blogue "olharvianadocastelo.blogspot" e da obra "Casas de Viana Antiga" que merecem uma especial atenção e um elogio de relevo por se dedicarem exclusivamente ao concelho e à cidade.
Esquema geral da localização das Pedras de Armas de Família - Viana do Castelo
Listagem:
1 - Casa dos Monfalim (séc. XVII/XVIII) - Gaveto do Passeio das Mordomas da Romaria com a Rua Nova de Santana
2 - Casa da Barrosa (séc. XVIII) - Rua Manuel Espregueira, n.º 87
3 - Casa dos Abreu Coutinho (séc. XVIII (?)) - Largo Vasco da Gama
4 - Casa dos Melo e Alvim (séc. XVI) - Av. Conde da Carreira
5 - Capela da Casa da Carreira (séc. XVIII) - Rua dos Bombeiros
6 - Casa dos Werneck (séc. XIX) - Av. Conde da Carreira, n.º 6
7 - Casa dos Pimenta da Gama ou Casa da Piedade (séc. XVIII) - Rua Mateus Barbosa, n.º 44
8 - Casa do Campo da Feira (séc. XVIII) - Largo 5 de Outubro, n.º 64
9 - Casa dos Sousa Meneses - Rua Manuel Espregueira, n.º 212
10 - Casa da Vedoria (séc. XVII) - Rua Manuel Espregueira, n.º 152
11 - Casa da Carreira (séc. XVI) - Passeio das Mordomas da Romaria
12 - Casa Costa Barros (séc. XVI) - Rua S. Pedro, n.º 28
13 - Casa dos Aranha Barbosa - Rua da Bandeira, n.º 174
14 - Casa Barbosa Maciel (séc. XVIII) - Largo S. Domingos
15 - Casa dos Malheiro Reymão (séc. XVIII) - Rua Gago Coutinho e Praça das Couves
16 - Palácio dos Cunhas (séc. XVIII) - Rua da Bandeira
17 - Casa do Pátio da Morte - Rua da Bandeira, n.º 203
18 - Casa dos Pita (séc. XVII) - Rua Prior do Crato, n.º 56
19 - Hospital Velho (séc. XV) - Rua do Hospital Velho
20 - Casa dos Torrados - Av. Luis de Camões, n.º 19
21 - Casa dos Sá Sottomaior - Praça da Republica, n.º 42
22 - Casa dos Agorretas - Gaveto da Rua dos Rubins com Rua Manuel Espregueira
23 - (família desconhecida) - Travessa da Victória , n.º 8
24 - Casa de João Velho ou Casa dos Arcos - Largo do Instituto Histórico do Minho
25 - Casa dos Medalhões, gaveto da Rua do Poço com Largo da Matriz
26 - Casa do Alpuím, Passeio das Mordomas da Romaria
27 - Casa dos Pereira Cirne - Rua da Bandeira, n.º 219
28 - Casa dos Boto e Calheiros - Rua da Bandeira, n.º 124
28 - Casa dos Boto e Calheiros - Rua da Bandeira, n.º 124
fontes retiradas de:
- olharvianadocastelo.blogspot.com
- www.patrimoniocultural.gov.pt
- http://www.turismorural.pt
- www.patrimoniocultural.gov.pt
- http://www.turismorural.pt
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