Foto pessoal - vista da cruz
Cruz de Mosteiro (?), em Vandoma,
Paredes
A Cruz
Esta cruz era assunto de conversa desde há muitos anos. Com o passar do tempo o espaço aonde se situa era apenas um pequeno campo agrícola e que os residentes locais foram com o tempo fazendo desaparecer as marcas nelas possivelmente existentes.
Hoje em dia já se encontra de pé e delimitada por muros de pedra amontoada que entronca com caminho em terra batida e que segundo dizem é pertença da Diocese do Porto.
Estes pequenos indícios ajudam a perceber de que algo de uma ínfima história haverá por detrás destas marcas.
Em conversa com morador local foi dito que há muitos anos e após o 25 de abril ocorreram àquele local alunos a estudarem o terreno tendo sido apanhadas amostras e recolhidas (sabe-se lá para quem?) ao qual não mais permitiu dar garantias da existência religiosa naquele local.
O que é certo, e que a história aparentemente pretende demonstrar, é de que em Vandoma existiu um mosteiro, com origens eremíticas e ao que tudo indica de uma ordem religiosa regular dos Premonstrateneses com linhas orientadores da ordem do Santo Agostinho.
Os limites actuais estão bem definidos pelos limites dos muros e casa adjacente, sendo que a tardoz tal já não permite perceber o seu fim.
O local, há mil anos atrás, justificava plenamente toda a filosofia eremítica daquele tempo, isto é, isolado, de uma pequena comunidade destinada à devoção da sua fé, mas próximos da comunidade populacional, para garantia de manutenção do povoado e interligação espiritual da mesma. Dava garantias da proximidade a uma via de ligação e ao grandes centros populacionais e religiosos, a estrada de ligação entre Porto e Penafiel e também de uma proximidade da ligação entre Valongo a Entre-os-Rios.
Esperemos que se venha a desenvolver mais estudos aprofundados sobre este mistério e que até à data pouco há de garantias da veracidade deste tema e deste local.
Hoje em dia já se encontra de pé e delimitada por muros de pedra amontoada que entronca com caminho em terra batida e que segundo dizem é pertença da Diocese do Porto.
Estes pequenos indícios ajudam a perceber de que algo de uma ínfima história haverá por detrás destas marcas.
Em conversa com morador local foi dito que há muitos anos e após o 25 de abril ocorreram àquele local alunos a estudarem o terreno tendo sido apanhadas amostras e recolhidas (sabe-se lá para quem?) ao qual não mais permitiu dar garantias da existência religiosa naquele local.
O que é certo, e que a história aparentemente pretende demonstrar, é de que em Vandoma existiu um mosteiro, com origens eremíticas e ao que tudo indica de uma ordem religiosa regular dos Premonstrateneses com linhas orientadores da ordem do Santo Agostinho.
Os limites actuais estão bem definidos pelos limites dos muros e casa adjacente, sendo que a tardoz tal já não permite perceber o seu fim.
O local, há mil anos atrás, justificava plenamente toda a filosofia eremítica daquele tempo, isto é, isolado, de uma pequena comunidade destinada à devoção da sua fé, mas próximos da comunidade populacional, para garantia de manutenção do povoado e interligação espiritual da mesma. Dava garantias da proximidade a uma via de ligação e ao grandes centros populacionais e religiosos, a estrada de ligação entre Porto e Penafiel e também de uma proximidade da ligação entre Valongo a Entre-os-Rios.
Esperemos que se venha a desenvolver mais estudos aprofundados sobre este mistério e que até à data pouco há de garantias da veracidade deste tema e deste local.
vista geral da serra do Muro - google maps
vista do Lugar de Palhais, Vandoma - localização da cruz
possível delimitação actual do terreno - localização da cruz
foto pessoal
foto pessoal
foto pessoal
A
Serra do Muro de Vandoma/Baltar, concelho de Paredes, aparece registada em
documentos medievais por "mons
Benidoma ou Bendoma" representando uma referência fundamental ao
território circundante, pela sua altitude de 519 m, e como tendo as condições
naturais de defesa e do domínio visual de grande alcance.
Os
vestígios arqueológicos apontam para uma ocupação desde o Bronze Final (1300-700
a.c.) até à Idade Média.
O
topónimo Serra do Muro advém da existência de uma muralha com cerca de 4 m de
largura e de 3.927 m de perímetro, num circuito contínuo mas irregular e que
abrange as duas freguesias limítrofes, de Vandoma e Baltar.
Este
muro é construído por pedra aparelhada entre si e assentes em seco, constituído
por dois paramentos paralelos preenchidos interiormente com pedra miúda.
No
interior do recinto amuralhado aparecem à superfície materiais líticos,
fragmentos de cerâmica doméstica e tégula resultante de uma povoação castreja,
como muitas povoações deste género que se espalharam pelo norte de Portugal.
Na
sua envolvente próxima foi recolhida uma ponta de uma lança de bronze e de
muitas outras peças recolhidas por particulares e que ao longo deste o século
XX tem permitido aos historiadores de se servirem dessas ferramentas para compilação
de matéria histórica e enriquecimento local.
Mas
nem tudo foi conseguido como matéria factual, pois há relatos e escritos da
existência de ter existido um mosteiro nesta serra do Muro e que pouco ou nada se sabe do local e da sua existência.
Contudo,
comecemos pelos antecedentes históricos que possivelmente permitiram fundamentar
e crer nos primórdios da sua origem e existência.
Na
obra "Eremitas Portugueses no séc. XII", de José Mattoso, out. 1971,
é descrita em forma de abordagem, do papel dos eremitas, como principais
fenómenos da vida cristã e que tudo leva a crer que esta presença isolada dos
eremitas terá tido as suas origens nos séculos XI e XII em Portugal.
Os
eremitas desempenharam um papel importante no crescimento da nação. Por eles se
interessaram o poder régio e das autoridades eclesiásticas, tendo partilhado na
politica do repovoamento e na prestação de serviços a viajantes, inserindo-se
em acções de carácter económico e social.
No
mesmo documento, aborda a vida eremítica não só isolada mas também de pequenos
grupos que se situavam em lugares e de igrejas isoladas, não paroquiais ou
destituídas de clérigos.
Aquela
imagem de anacoretas que viviam completamente isolados e sem qualquer igreja ou
capela, tal como por vezes temos essa visão das lendas populares, só muito
raramente se poderá comprovar de terem existido, havendo contudo situações possíveis
e pontualmente localizadas.
Grande
parte da cronologia referida na obra, refere-se ao período a partir do ano de
1106, com o Conde D. Henrique, na região do condado Portucalense, passando a
incrementar e com maior impulso com a intervenção afincada de D. Afonso Henriques,
podendo-se inferir nestes documentos que terão tido um acentuado interesse do rei, pelos eremitas, durante os primeiros anos do governo.
São
os exemplos de:
ano
de 1106 - S. Romão de Seia, Seia, com doação a presbíteros, para povoarem e cultivarem
a região;
ano
de 1120 (?) - S. Eufémia de Ferreira de Aves, Satão, com referência a um
eremitério;
Com
o poder régio de D. Afonso Henriques, os mosteiros e os bispados, foram
crescendo com cartas e doações que se conhece pela documentação existente, tais
como:
1127
- S. Vicente de Fragoso, Barcelos, carta de couto ao eremitério local;
1133
- S. Comba do Rio Corgo, Stº. Marta de Penaguião, carta de couto a eremitas
locais;
1134
- S. Pedro da Cova, Gondomar, doação aos seus monges, com o consentimento do
Bispo do Porto;
1139
- S. Cristóvão de Lafões, S. Pedro do Sul, carta de couto a eremitério de
Lafões;
1140
- S. Marinha de Vilarinho de Parada, Sabrosa, carta de couto à ermida local em
favor da congregação de D. Nuno Gonçalves;
1140
- S. Cruz do Bispo, Maia, a prioresa do mosteiro de S. Cristóvão de Rio Tinto
doa a confrades da ermida local;
1141
- Santiago de Sever do Vouga, Sever do Vouga, unem-se ao mosteiro de Tarouca e
mais tarde recebem carta de couto, pela parte do rei D. Afonso Henriques;
1142
- S. João do Rio Arda, Sela, Arouca, o rei concede direitos e obrigações ao mosteiro
de Grijó com a obrigação de manter eremitas junto ao Rio Arda;
1145
- S. Miguel da Ermida de Riba Paiva, Castro Daire, o rei dá uma herdade na
ermida de S. João da Foz do Douro a D. Roberto e seus confrades, da ermida de
Rio Paiva;
1146
- S. João de Recião, Várzea de Abrunhais, Lamego, D. Afonso Henriques concede
carta de couto a Mendo Soares e às monjas;
1148
- S. Miguel do Bouro, Amares, o rei dá a D. Nuno, abade do mosteiro e à
comunidade, a igreja de Santa Marta e mais tarde outras regalias;
Finalmente,
em
1180, S. Eulália de Vandoma, Paredes, D. Afonso Henriques concede carta de couto
ao mosteiro de Vandoma: Inq. 573 (DR I p. 532, ref. 88).
e,
em 1186, o Bispo do Porto, D. Fernando Martins, contempla a ermida de Vandoma
no seu testamento (Censual Cabido da Sé do Porto, 388).
Concluí-se que, com esta descrição, que desde 1133 a 1148 existiu um acumular de referências à
existência de eremitérios e suas relações com a igreja, associados a locais de
repovoamento ou a locais mais isolados que permitiam a existência humana e o
comprovar do domínio Portucalense que D. Afonso Henriques pretendeu demonstrar,
inferindo um acentuado interesse pelos eremitas durante estes primeiros anos do
seu governo.
É
visível, pelos documentos, que o movimento eremítico atingiu o seu auge entre
estes anos, sendo contudo mais tardio do que no centro da Europa, onde a sua
intensidade se verificou durante o século XI.
O
eremitismo português não cessa no fim do séc. XII, mas desloca-se provavelmente
mais para Sul, acabando por desaparecer durante o final desse século.
Contudo, a literatura religiosa e profana mais conhecida em Portugal parece ainda
manifestar um ambiente favorável ao eremitismo pelos séculos XIV e XV.
Pela
documento junto constata-se que a distribuição eremítica do mapa Portucalense,
verifica-se essencialmente nos arredores dos burgos importantes, a cidade do Porto,
com Santa Cruz do Bispo, S. Pedro da Cova e Vandoma e da cidade de Lamego, pelo
mosteiro de Recião. São os restantes, e em segundo lugar, que a escolha se
propagou pelas franjas de lugares que estavam em vias de repovoamento no
principio do séc. XII.
A
posição geográfica dos eremitérios estudados parece, portanto, relacionados com
situações de povoamento do País, embora não fossem lugares completamente
desertos, pois ficavam à beira de terras possivelmente repovoadas no final do
séc. XI, permitindo manter a afixação dos habitantes a lugares de fraca densidade
humana.
Por
estas razões não admira que a autoridade régia tenha querido favorecer os
eremitas concedendo-lhes privilégios importantes e gratuitos, pois essas cartas
não mencionam qualquer preços ou dádiva oferecida pelos interessados, como foi
o caso de Vandoma.
Se
o estado e evolução do repovoamento determinaram as zonas escolhidas pelos
eremitas para se fixarem, as estradas e caminhos existentes na altura, ou que então
se criaram, devem tê-los induzido a fixarem-se em lugares mais determinados.
Com efeito, verifica-se, noutros países, que os anacoretas medievais procuravam
frequentemente sítios desertos, mas junto ou perto de estradas e burgos, e não
tanto em solidão absoluta. Permitiam-lhes obter alguns géneros e utensílios
indispensáveis para a sua subsistência, e praticar a hospitalidade.
O
fenómeno verifica-se também entre nós, apesar de os mapas das vias portuguesas
serem mal conhecidos, contudo é bem visível que nalguns casos mostram
claramente que os monges estavam bem servidos de comunicações, e podiam, sem
dúvida alcançar as vias mais importantes, pois ao longo dos seus trajectos existiam
desvios, como é o caso de Vandoma, que com a ligação entre o Porto para
Penafiel ou para Entre os Rios, através de Valongo, tanto o mosteiro de S.
Pedro da Cova como o de Vandoma
facilmente esses caminhos poderiam ser alcançados e permitir comunicarem e
interligarem-se rapidamente.
Eremitas Portugueses do Século XII - Mapa com localização ao eremitério de Vandoma
Estas
comunidades eremíticas não tinham uma ordem rígida religiosa a seguir, contudo
o mosteiro da Ermida de Santa Maria de Paiva, em Castro Daire, seguia, em
Portugal, as regras da Ordem Premonstratense, uma ordem de cónegos regulares
que seguiam a Regra de Santo Agostinho, fundada em Prémontré, localidade no
norte de França, por S. Norberto (1082-1134), por volta de 1120 e aprovadas
pelo Papa Honório II, em 1126. De Vandoma nada ou pouco se sabe, mas existem indícios
que a põe em relação com a ermida do Corgo, e portanto com os Premonstratenses.
Aqui era habitada por uma comunidade regular durante o séc. XIII.
Instrumentos de acesso à informação das Instituições Monásticas Beneditinas - referência ao mosteiro de Vandoma (ver ultimo da lista)
Esta
ordem entrou pela Península Ibérica pela Catalunha, e expandiu-se pelos vários
reinos cristãos peninsulares nos séculos XII e XIII.
Em
1515, no caso de Vandoma, aquando da tomada de posse e parte das suas rendas
para a Ordem de Cristo, já é mencionado como o "mosteiro de Sancta Eollalia de Bandoma do dicto bispado do Porto ora
tornado em igreja paroquial". Foi extinto em 1570. A igreja passou então
a abadia secular, anexada ao Colégio de São Lourenço da Companhia de Jesus,
Porto. Há registos que dois dos seus altares encontram-se na actual igreja
matriz e que algumas pedras deste mosteiro foram aproveitadas nas casas e muros
das pessoas que entretanto se estabeleceram naquele local.
Da Galeria de Ordens Religiosas e Militares, desde a remota antiguidade até aos nossos dias (1847) - breves referências ao mosteiro de Vandoma
Este
mosteiro deixa importante legado histórico ao longo dos tempos, assim como
Vandoma teria conseguido reunir um significativo espólio cultural e
arquitectónico, mas que aparentemente se transformou em ruínas ou desapareceu,
desconhecendo-se ao certo o seu verdadeiro lugar.
Há
quem refira, o lugar de Palhais como o verdadeiro lugar, devido a pequenos
vestígios encontrados e onde se localiza esta cruz com que iniciamos este
assunto.
Há
conhecimento, por referencias de moradores locais, que após a revolução de
abril, várias escolas vindas da cidade do Porto se deslocaram àquele local e
que reuniram um conjunto de materiais antigos, como por exemplo, moedas e
outros acessórios, que demonstram que naquele local existiram indícios de
actividade humana posterior ao Bronze Final.
Corografia portuguesa e descrição topográfica do famoso reyno de Portugal (Tomo I9, de P. António Carvalho da Costa (1706) - breves referências ao mosteiro de Vandoma
A
Ordem Premonstratenses
A
Ordem de São Norberto, actualmente chamada de Ordem Premonstratenses, ou dos
cónegos regulares Premonstratenses, também conhecidos por cónegos Brancos ou cónegos
de São Norberto, consiste num ramo que derivou da Ordem dos cónegos regulares
de Santo Agostinho, fundado em 1119 por São Norberto (nascido em Xanten, no
Baixo Reno, por volta do ano de 1080) em Prémontré, um pântano isolado na
floresta de Coucy, na diocese de Laon, França.
A
Ordem disseminou-se facilmente. Ainda em vida do seu fundador, já existiam
casas premonstratenses na Síria e na Palestina. Manteve durante muito tempo a
sua austeridade rígida mas, ao longo do tempo, à medida em que a Ordem ia
enriquecendo, em Portugal, estabeleceram-se na Ermida de Paiva e talvez no
mosteiro de Vandoma, mas a sua história está deficientemente registada.
Quem
foram:
Foram
cónegos regulares, isto é, religiosos que formam uma igreja local em torno do
Abade e em comunhão com a igreja de Roma.
São
religiosos sacerdotes, homens que procuram seguir os exemplos de Jesus Cristo e
viver o Evangelho, consagrados a Deus pela promessa de conversão continua dos
costumes pelos votos de castidade, pobreza e obediência, ordenados para o
serviço para o povo de Deus.
A
Ordem Premonstratenses foi fundada por São Norberto, o Apóstolo da Eucaristia,
em 1121, em Prémontré ("mostrado
antes").
O
ideal de vida está em Actos Apostólicos 4,32: "A multidão dos fieis era um
só coração e uma só alma". É dessa maneira que buscamos viver e, para
organizar nossa vida comunitária, seguimos a Regra de Santo Agostinho.
Espiritualidade
Premonstratenses:
São
homens de oração, assim podendo obter a realização profunda do ser, "que está sempre inquieto enquanto não
encontra Deus", como diz Santo Agostinho.
Como
Premonstratenses, receberam do fundador, São Norberto, duas heranças especiais:
a Adoração Eucarística e um Amor Especial por Maria. Nossa espiritualidade,
como a de todos os cristãos, consiste em buscar sempre a união com Deus pela
vida no Espírito de Jesus. No íntimo de nosso coração e, na vida litúrgica da
comunidade, procuramos a paz da intimidade com o Pai.
Informação
e documentação retirados de:
-
Eremitas Portugueses no Século XII, de José Mattoso, Centro de Estudos
Históricos, Lisboa, Out. de 1971;
-
Estudos em Homenagem ao Prof. José Amadeu Coelho Dias, em Os Instrumentos de
acesso à informação das Instituições monásticas beneditinas: uma abordagem
critica, de Fernanda Ribeiro (Fac. Letras da Univ. do Porto, pág. 309;
-
http://www.cm-paredes.pt
-
https://pt.wikipedia.org.wiki.vandoma
-
http://www.municipiosefreguesias.pt
-
https://www.geocaching.com
-
https://books.google.pt
-
Cadastro de Fundos/MON/CVSEVPRD, convento de Santa Eulália de Vandoma - Paredes
1544-1562
-
htpps://www.zeemaps.com
-
http://a-origem-do.homem.blogspot.pt
-
https://www.visitemontemuro.pt