Simbolo dos Alpúins (antigo) retirado de www.armorial.net
Casa dos Alpuíns
Neste edifício situa-se as actuais instalações da Câmara Municipal, situada no
Passeio das Mordomas da Romaria entre dois edifícios da época, à sua esquerda,
o Palácio dos Távoras e à sua direita, a Casa da Torre de Nossa senhora das
Neves, dos Monfalim.
A
Pedra de Armas, picada, colocada sobre uma das janelas centrais do 1º andar
representavam os Alpuím, com as cinco flores de lis (heráldica antiga),
rematada com coroa de fidalgo e onde se inscreve as letras N.D.D.P., legenda no
coronel interior que ainda lá se divisam, significando: "Notre Dame du
Puy".
Pedra
em granito, de fantasia, cujo símbolo dos Alpuím seriam de fundo azul e 5
flores de lis de ouro.
O
seu timbre de família seria um braço vestido de azul, com mão de encarnação
sobre um listão de azul, e nele em letras de ouro, o grito "Notre Dame du
Puy".
fachada principal retirado de olharvianadocastelo.blogspot.pt
A Família
O
quarteirão onde se insere este edifício no séc. XVI pertenciam à família dos Fagundes.
Dona
Catarina Fagundes, tendo casado com Fernão Brandão, levou em dote a parte
setentrional, onde mais tarde se construiu o palácio dos Távoras e adjacente a
esta casa.
A
outra parte restante onde esta se insere , foi em 1553, vinculada pelo segundo
Arcipreste da Colegiada de Viana, Rui Fagundes, chamando para seu administrador
seu filho Baltasar Fagundes, almoxarife em Viana e primeiro governador do forte
da barra do rio Lima.
Após
a sua morte, seus filhos trocaram a parte média do referido quarteirão, casa e
quintal, por bens rústicos cedidos por Cristóvão d'Alpuím da Silva, vianês
ilustre, através de escritura em 1 de dezembro de 1602.
Neste
terreno instituiu um morgado, chamando para a primeira administradora sua irmã
Dona Ana.
Quando
este faleceu, em 23 de janeiro de 1627, cuidava de concluir o oratório, ou
ermida, construído no fim da varanda, sobre o quintal, do lado sul, e sob a
invocação de Nossa Senhora da Conceição.
Cristóvão
d'Alpuím, era filho de Jerónimo d'Alpuím, fidalgo da Casa da Infanta D. Maria,
e depois da Casa Real, por alvará de 1 de março de 1575, e senhor do Paço de
Vila Fria, onde se estabeleceu em 1510.
Serviu
o país no Brasil, em 1592, e vinculou a quinta de Vila Fria, dotando a sua
capela a 8 de dezembro de 1597. Casou em Pernanbunco no ano de 1601, com Brites
Paes, senhora do Engenho de Barbaride, que faleceu a 7 de maio de 1607.
Cristóvão
d'Alpuím, morreu na sua casa de Viana deixando cinco filhas e um filho:
Jerónimo d'Alpúim da SIlva, que nasceu no Engenho, em Pernanbuco, a 15 de junho
de 1592 e sucedeu a seu pai no morgado de Vila Fria.
Nesta
casa morou ainda Bernardo de Alpúim da Silva, que foi procurador às Cortes de
Viana, no ano de 1600, e serviu nas armadas do reino de 1589 a 1596.
Casou
na igreja paroquial de Anha, a 9 de março de 1610, com Dona Ana Maciel Aranha,
que foi dotada por seu tio, o abade de Anha.
Viveu
o casal em Viana com os seus 9 filhos. Foi no seu tempo que, na Capela da casa,
se rezou a primeira missa a 2 de fevereiro de 1642.
João
d'Alpúim da Silva, um dos seus filhos desse casal, casou em Calvelo com Dona
Maria da Silva e Abreu, senhora da Torre de Pousada instituida em morgado a 20
de março de 1549.
Diogo
Pita Barreto d'Alpúim herdou de seu tio Gonçalo Bezerra d'Alpúim, a casa porque
os filhos dele morreram crianças. casou em 106 na igreja de Darque, com Dona
Josefa Maria de Castro, morgado dos Brandões, com Capela na Matriz de Viana,
dedicada a S. Bernardo.
Seguiu-se-lhe
na casa, seu filho Tomaz Pita Bezerra d'Alpúim, casado com Dona Apolónia Maciel
de Faria e falecido em 1773.
Tiveram
João Pita Bezerra d'Alpúim Barreto, o Velho, que casou duas vezes. Requereu em
1798 a união de sete pequenos vínculos, entre os quais a casa de que falamos.
Foi
o pai de João Pita Bezerra d'Alpúim, o Moço, que nasceu em Viana a 10 de
dezembro de 1792 e casou em Melgaço com Dona Maria Teresa da Costa Ribeiro
Codeço, irmã de D. José da Purificação, egresso crúzio, falecido a 28 de junho
de 1890 depois da expulsão dos frades dos seus conventos. Tiveram 5 filhos,
sendo Capitão do Regimento da Infantaria 12 e Chefe de Policia do Porto, onde
por motivos políticos, foi assassinado em março de 1833. Foi o ultimo senhor do
Morgadio da casa dos Alpúins e de vários outros.
A
viúva com consentimento de seus filhos João Cândido e Dona Ana, vendeu a casa a
30 de dezembro de 1875 a José Joaquim Lopes Guimarães (cujos descendentes
conservam ainda essa documentação) por três contos de réis.
A casa
Casa
nobre manuelina e barroca, de planta rectangular, de 2 pisos, com fachada
manuelina e elementos decorativos barrocos.
Fachada
regular simétrica, encimada por cornija com merlões, com portas rectangulares e
de verga em arco abatido e janelas de arco bilobado.
No lado norte integra uma torre quadrangular do séc. XVIII mantendo a linguagem decorativa do resto do edifício.
vista da fachada retirado de www.monumentos.gov.pt
No lado norte integra uma torre quadrangular do séc. XVIII mantendo a linguagem decorativa do resto do edifício.
No
cimo da fachada sobre a janela principal, existe um escudo rocócó, com as cinco
flores de lis, picadas, e rematado por coroa de fidalgo.
Este
brasão de Alpúins tem as letras emblemáticas: N.D.D.P. legenda no coronel
interior que ainda lá divisam, significando: Notre Dame du Puy.
O
fundador desta família foi Godofredo du Puy, cavaleiro francês, que veio a este
reino no tempo de D. Afonso Henriques, na companhia de Duarte de Luxembourg,
embaixador de Roberto, Rei de França.
Voltando
o embaixador ao seu país ele preferiu ficar em Portugal dizendo que queria
"servir a Deus e a El-Rei na guerra contra os mouros".
Godofredo
era filho bastardo de Guilherme, 6º Duque da Normandia e de Madame Luzia,
Duquesa de Montpellier, que tinha fundado um convento junto à igreja de Nossa
Senhora du Puy e a ele se recolheu, ali morreu santamente, como dizem as Histórias
de França.
Por
isso Godofredo tomou o apelido du Puy e pôs no seu brasão em orla a legenda: "Notre
Dame du Puy", em lembrança do local em que nasceu.
Morreu
em Coimbra onde jaz sepultado num pequeno monumento na igreja de Santa Cruz,
como consta dum traslado passado em 1578 dos documentos do cartório de Santa
Cruz de Coimbra.
Cronologia
1533
- instituição de um vínculo por Rui Fagundes e provável inicio da construção
original;
1602
- cedência de vínculo a Cristóvão d'Alpúim da Silva;
1627
- está em conclusão o oratório construído sobre o quintal no lado sul do edifício;
séc.
18 - construção do torreão; remodelação da fachada com colocação do escudo e
dos elementos decorativos em volutas sobre os vãos; no interior, colocação de
tectos em estuque;
séc.
19 - colocação de escadaria no interior;
30
de dezembro de 1875 - José Joaquim Lopes Guimarães compra a casa, por 3 contos
de réis, à família Pita Bezerra de Alpúim tendo posteriomente efectuado grandes
obras no interior para adaptar o andar superior a habitação e o piso térreo a
comércio;
1966
- instalação no edificio da Bilbioteca Pública Municipal, então já contando com
18.999 volumes e possuíndo 42 lugares para consulta;
1990
- remodelação para instalação dos serviços municipais;
5
de julho de 1990 - despacho de abertura do processo de classificação;
fontes retiradas de:
- http://olharviandocastelo.blogspot.pt
- Obra "Casas de Viana Antiga", de Maria Augusta d'Alpuím e de Maria Emília de Vasconcelos
- http://www.armorial.net
- http://www.monumentos.gov.pt
Viana do Castelo - Origens:
"A ocupação humana da região de Viana remonta ao Mesolítico, conforme o testemunham inúmeros achados arqueológicos (anteriores à cidadela pré-romana) no Monte de Santa Luzia.
A povoação de Viana recebera a Carta de Foral, de Afonso III de Portugal em 18 de Julho de 1258, tendo passado a chamar-se Viana, da Foz do Lima.
Até à sua elevação a cidade em 20 de Janeiro de 1848, a actual Viana do Castelo chamava-se simplesmente "Viana" (também referida como Viana da Foz do Lima" e "Viana do Minho", para diferenciá-la de Viana do Alentejo.
Na cidade - que cresceu ao longo do rio Lima - podem ser observados os estilos renascentistas, manuelino, barroco e Art Deco. Na malha urbana destaca-se o centro histórico, que forma um circulo delimitado pelos vestígios das antigas muralhas. Aqui cruzam-se becos e artérias maiores viradas para o rio Lima, e destacam-se a antiga Igreja Matriz, que remonta ao séc. XV, a Capela da Misericórdia (séc. XVI), a Capela das Almas, e o edifício da antiga Câmara Municipal, na Praça da Monarquia (antiga Praça da Rainha), com uma fonte em granito do séc. XVI."
Para além deste Património arquitectónico no pequeno núcleo citadino vislumbram-se casas típicas dessas épocas e com as características e ornamentos aos estilos atrás mencionados.
Dessas casas aparecem pedras de armas afixadas nas fachadas, sendo distribuídas por casas tradicionais, por casas nobres e apalaçadas, cujas personagens justificaram a mercê dada pelo seu rei, quer por actos em prol do País, quer em prol da benemerência e interesses locais ou por razões politicas.
No pequeno núcleo histórico circunscrito entre a linha férrea e o rio Lima e por pequenos passeios pedonais realizados pessoalmente pelo seu interior se destacaram e se recolheram um bom punhado de Brasões, de Heráldica de Família, que se pretende abordar e mostrar neste blogue.
Dos 27 brasões referenciados no mapa, alguns não foram encontrados neste pequeno passeio efectuado em dia e meio, de uma pequena estada naquela linda cidade. A recolha mereceu também em buscas de sites locais que me ajudaram a enriquecer este projecto de inventariação de brasões de família no núcleo antigo desta cidade.
Provavelmente haverá ainda outros por descobrir nessas pequenas vielas e ruas, e encobertas em muitas casas que apresentam características muito especiais, à sua época a que cada uma delas terá sido edificada. Vislumbramos, portas e janelas lindamente executadas em granito, do barroco ao manuelino, muitas casas ainda sustentam nos seus beirais gárgulas de todos os feitios e igualmente outras pedras de armas, nacionais e da cidade.
À medida que se apresenta cada peça de armas, e sempre que possível, será abordada a descrição da pedra de armas e de uma pequena história, da casa ou da família, efectuada pela recolha na internet e especialmente no blogue "olharvianadocastelo.blogspot" e da obra "Casas de Viana Antiga" que merecem uma especial atenção e um elogio de relevo por se dedicarem exclusivamente ao concelho e à cidade.
Esquema geral da localização das Pedras de Armas de Família - Viana do Castelo
Listagem:
1 - Casa dos Monfalim (séc. XVII/XVIII) - Gaveto do Passeio das Mordomas da Romaria com a Rua Nova de Santana
2 - Casa da Barrosa (séc. XVIII) - Rua Manuel Espregueira, n.º 87
3 - Casa dos Abreu Coutinho (séc. XVIII (?)) - Largo Vasco da Gama
4 - Casa dos Melo e Alvim (séc. XVI) - Av. Conde da Carreira
5 - Capela da Casa da Carreira (séc. XVIII) - Rua dos Bombeiros
6 - Casa dos Werneck (séc. XIX) - Av. Conde da Carreira, n.º 6
7 - Casa dos Pimenta da Gama ou Casa da Piedade (séc. XVIII) - Rua Mateus Barbosa, n.º 44
8 - Casa do Campo da Feira (séc. XVIII) - Largo 5 de Outubro, n.º 64
9 - Casa dos Sousa Meneses - Rua Manuel Espregueira, n.º 212
10 - Casa da Vedoria (séc. XVII) - Rua Manuel Espregueira, n.º 152
11 - Casa da Carreira (séc. XVI) - Passeio das Mordomas da Romaria
12 - Casa Costa Barros (séc. XVI) - Rua S. Pedro, n.º 28
13 - Casa dos Aranha Barbosa - Rua da Bandeira, n.º 174
14 - Casa Barbosa Maciel (séc. XVIII) - Largo S. Domingos
15 - Casa dos Malheiro Reymão (séc. XVIII) - Rua Gago Coutinho e Praça das Couves
16 - Palácio dos Cunhas (séc. XVIII) - Rua da Bandeira
17 - Casa do Pátio da Morte - Rua da Bandeira, n.º 203
18 - Casa dos Pita (séc. XVII) - Rua Prior do Crato, n.º 56
19 - Hospital Velho (séc. XV) - Rua do Hospital Velho
19 - Hospital Velho (séc. XV) - Rua do Hospital Velho
20 - Casa dos Torrados - Av. Luís de Camões, n.º 19
21 - Casa dos Sá Sottomaior - Praça da Republica, n.º 42
22 - Casa dos Agorretas - Gaveto da Rua dos Rubins com Rua Manuel Espregueira
23 - (familia desconhecida) - Travessa da Victória, n.º 8
24 - Casa de João Velho ou Casa dos Arcos - Largo do Instituto Histórico do Minho
25 - Casa dos Medalhões, gaveto da Rua do Poço com o Largo da Matriz
21 - Casa dos Sá Sottomaior - Praça da Republica, n.º 42
22 - Casa dos Agorretas - Gaveto da Rua dos Rubins com Rua Manuel Espregueira
23 - (familia desconhecida) - Travessa da Victória, n.º 8
24 - Casa de João Velho ou Casa dos Arcos - Largo do Instituto Histórico do Minho
25 - Casa dos Medalhões, gaveto da Rua do Poço com o Largo da Matriz
26 - Casa do Alpuím, Passeio das Mordomas da Romaria
27 - Casa dos Pereira Cirne - Rua da Bandeira, n.º 219
28 - Casa dos Boto e Calheiros - Rua da Bandeira, n.º 124
28 - Casa dos Boto e Calheiros - Rua da Bandeira, n.º 124
- http://olharviandocastelo.blogspot.pt
- Obra "Casas de Viana Antiga", de Maria Augusta d'Alpuím e de Maria Emília de Vasconcelos
- http://www.armorial.net
- http://www.monumentos.gov.pt