Casa de Ronfe - Lousada
Esta moradia ou solar é uma das
muitas casas apalaçadas e brasonadas do concelho de Lousada que directamente ou
indirectamente se encontram associadas à cidade do Porto.
Muitas delas estão ligadas,
entre si, derivadas de famílias distintas relacionadas a negócios, acções
politicas ou religiosas e de aristocracia regional ou local, sendo o caso da
família dos Borges Barreto, desde pelo menos o século de quinhentos, onde
derivam os Martim Borges, escrivão do público e casado com uma senhora dos
Vieiras, de Riba Douro e progenitor de todos os Borges Barretos.
A
Pedra de Armas -
Material: Em granito, assente em
cartela decorativa
Época: Século XVIII / Renascença
Família: Borges Barreto
Construção: Quinta de Habitação
Localização: Rua de Ronfe, freguesia
de Meinedo, concelho de Lousada
Descrição: Aplicada na fachada
principal
Conservação: Muito bom estado
Classificação: Heráldica de
Família
Escudo: de fantasia
Formato: Esquarterlado
Leitura: I - Borges; II -
Barreto; III - Cunha e IV - Macedo
Elmo: frontal, com grelha
fechada
Timbre: de Borges
A
Família -
Esta família foi estudada por
Dr. Eugénio da Cunha e Freitas, ainda que infelizmente esse estudo tenha ficado
por publicar entre o seu valiosíssimo espólio.
Um neto de Martim Borges, Heitor
Borges Barreto, teve carta de brasão de armas, de Borges, Barreto, Marinhos e Vieiras, ainda no séc. XVI, que vem
publicada pelo Visconde de Sanches de Baena.
No século XVII, um herdeiro desta casa, o Capitão
de Ordenanças e Escrivão de Honra de Meinedo e senhor da casa de Ronfe, André
Borges Barreto era casado com Margarida Vaz.
Sabe-se que tiveram um filho,
André Borges, também Escrivão da mesma Honra que por sua vez se casou, em Boim,
Lousada, com Maria do Couto, filha de Pedro Simões e Paula do Couto.
Deste casamento nasceu Capitão André Borges do Couto, então como Familiar do Santo Oficio (16/8/1677) e fidalgo de cota de armas (carta de
15/12/1696, para Borges e Couto, escrivão
da Honra de Meinedo e senhor da casa de Ronfe e que terá nascido em Meinedo e
falecido a 26/4/1719, em Lousado, V. N. de Famalicão.
Terá casado no ano de 1680 com
Ângela Bernardes da Fonseca (baptizada
em S. Miguel de Paredes, Penafiel, a 6/1/1654 e falecido na casa de
Ronfe a 21/5/1720). Era filha do Capitão Gonçalo da Fonseca Coutinho e de Maria
Bernardes da Fonseca.
Seu avô paterno, Pedro da
Fonseca Coutinho, oriundo de Fonte Arcada, Penafiel, era senhor da casa do
Outeiro, em S. Miguel de Paredes, casado com Maria Rebelo Ferreira).
Deste casal abastado nasceu
André Borges de Couto, em Meinedo, a 4/1//1685 e falecido a 11/12/1750,
Familiar do Santo Oficio, Capitão e Escrivão da Honra de Meinedo e senhor desta
casa. Contraiu casamento, a 2/10/1721, com filha de distinta família local, do
lugar de Ortozelo, da freguesia de Caíde de Rei, Dona Josefa Teresa da Cunha de
Macedo, filha de Paula da Cunha (de Macedo) e de Dona Teresa Maria Ferreira de
Azevedo.
Deste matrimónio nasceu Dr.
António da Cunha de Macedo Borges Barreto e no ano de 1756 terá casado com Dona
Inácia Flávia de Mesquita Pinto de Magalhães. Em 1757, um ano depois são pais
de José Barreto da Cunha Macedo, que lhes vai suceder.
Sua filha Dona Emília Eduarda
Barreto, viria a casar com Joaquim Artur Archer, em 1819, personalidade que
viria a enobrecer o concelho ao ser Presidente da Câmara de Lousada, entre os
anos de 1938 e Junho de 19141.
Esta figura emblemática, exerceu
em 1840 as funções de Conselheiro Municipal e em 1846 era presidente da Eleição
de Juízes de Paz para o circulo de Meinedo.
Foi considerado em 1864 o homem
mais abastado da freguesia de Meinedo. Para além da sua fortuna vivia do
arrendamento de vários prédios (rústicos e urbanos) para além de outros rendimentos.
Em 1834, a casa de Ronfe
pertencia a sua irmã Dona Emília Ana, por herança de seu irmão José Archer, e
Eduardo Barreto Archer vai herdá-la, por sua vez, em 1840.
Sucedeu-lhe Dona Maria Augusta
Barreto Archer, nascida nesta casa em 1889, e que viria a vender esta
propriedade a José Rosas, um conhecido e distinto industrial de pratas da
cidade do Porto.
foto retirada de http://pensar-lousada.blogs.sapo.pt
A
casa -
Situada na freguesia de Meinedo, a sua entrada na quinta faz-se por um portal, a norte, por um portão em ferro forjado, ali colocado em 1930, constituído por duas folhas e uma sobreporta, desenhado pelo então proprietário desta casa José Rosas. Sendo arquitectónicamente formado por duas colunas de granito, em silharia, de aparelho regular, e encimadas por dois pináculos. O dito portal está inserido num muro, também ele comportando duas colunas de idênticas características, mas sobrelevadas por esferas de granito e triângulos. Percorremos uma alameda ladeada de frondoso arvoredo até depararmos com a casa. É uma casa torre.
Esta edificação terá sofrido
alterações ao longo da sua vida, havendo registos da existência de uma capela
ainda pleno século XVII.
Através de um documento de auto
de visitação, datado de 28/11/1685, por um padre de Rebordosa onde está
registada a emissão de um parecer favorável para que naquela capela fosse
permitido dizer missa.
Mais tarde a casa de Ronfe sofreu
alterações construtivas, data o ano de 1775, que segundo alguns autores apontam
o seu desenho saído pela mão de Nicolau Nasoni ou seus seguidores.
De cor amarela, simbólica da
época, típica moradia de feição italiana contrabalança com as linhas
estruturais do granito e janelas.
Em termos arquitectónico esta
casa apresenta uma planta quadrangular, com pátio interior e com uma torre
adossada no topo oeste.
A fachada principal, virada a
sul, foi dividida, verticalmente, por pilastras em três zonas, criando dois
panos de parede simétricos. Estes flanqueiam um pano central, o frontispício,
rasgado por um portal arquitravado, com colunas embebidas e chave ao centro,
tendo a sobrepujá-lo um janelão de sacada e lintel curvilíneo, ladeado por duas
janelas. Ainda no frontão está inserida a pedra de armas sob pirâmide
quadrangular.
As pilastras são coroadas por
pináculos; uma barra em pedra, divide o rés-do-chão do andar nobre.
No rés-do-chão, ao lado do
portal arquitravado, abrem-se quatro janelas de peitoril, molduradas, com
lintel curvilíneo e painel, duas em cada pano.
A fachada oeste apresenta, no
rés-do-chão, três janelas com portadas, molduradas, de batente, com lintel curvilíneo.
Exibe um óculo, do lado direito, oval e de lintel curvilíneo e outro mais
pequeno com as mesmas características, só que do lado esquerdo, são os dois
moldurados.
Ostenta, ainda, uma janela
dupla, envidraçada, fixa, e moldurada com cornija de ressalto e painel. Do lado
esquerdo desta janela há outro óculo moldurado de lintel curvilíneo envidraçado
e janela de peitoril moldurada de lintel curvilíneo, quase junto à torre.
Existe ainda uma janela
moldurada e envidraçada, em ferro, aos quadrados, com lintel curvilíneo.
No primeiro andar, vislumbram-se
três janelas de sacada, sendo uma dupla em granito, com lintel curvilíneo; e
junto à cornija existem quatro óculos ovais moldurados.
A torre é quadrada, em cantaria à vista, de
fiadas sem igual proporção e suficientemente polidas; as juntas das pedras,
comidas do tempo, mostram maior abertura do que nos seus princípios deveriam
ter, indicio de muita antiguidade.
Na fachada este, uma escadaria
em meia volta dá acesso à torre. A portada da capela é arquitravada e de
cornija de ressalto.
No rés-do-chão, do lado
esquerdo, podem ver-se quatro portadas com lintel curvilíneo, e à direita do
pano, uma janela de peitoril com lintel curvilíneo; no primeiro andar,
apresenta quatro janelas de peitoril com lintel curvilíneo, com portadas.
A fachada norte, no rés-do-chão,
patenteia três janelas de peitoril, enquanto o primeiro andar conta três
janelas e uma portada, sendo duas de peitoril e uma de sacada, todas com lintel
curvilineo. Junto à cornija, mostra duas janelas de peitoril.
Apresenta ainda uns belos
jardins decorativos, "belo roseiral-casa de campo", e rodeados de campos de cultivo e de casas rurais e que os herdeiros de José Rosas a têm
mantido após restauro geral.
dissertação de mestrado José Carlos Ribeiro da Silva (FLUP), "A Casa Nobre no Concelho de Lousada", Porto, 2007
http://arteepatrimonio.blogs.sapo.pt/23877.html
http://geneall.net/pt/forum/55319/casa-de-ronfe-em-menedo-perto-de-penafiel/
http://repositorio-aberto.up.pt/bitstream/10216/30726/2/tesemestcasanobrev1000074655.pdf
http://www.heraldrysinstitute.com/cognomi/Archer/Portugal/idc/601405/lang/pt/
http://www.cm-lousada.pt/pt/efemerides
http://pensar-lousada.blogs.sapo.pt
http://tpcdescrita.blogspot.pt201103turma-efa-s5-na-casa-de-ronfe-lousada.html
José Rosas Jr, quem comprou a casa em 1919, não era nenhum industrial de pratas. Era ourives joalheiro c casa estabelecida na Rua Das Flores das melhores no seu tempo. Era filho de José Rosas e D Maria de Glória de Moura, filha esta de Vicente Manuel de Moura, Contraste mor do Reino
ResponderEliminarCaro anónimo, agradeço a sua informação, que será mais um contributo para esta minha divulgação.
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