Vista interior - Foto anos 50 do séc. XX
Vista exterior - séc. XX
Torre
de Coreixas ou Durigo
Designada de arquitectura militar / torre, a
residência onde se insere esta construção ameada está situada no lugar de
Coreixas, na freguesia de Irivo, em Penafiel.
Infelizmente, além de pertencer a particular e não
ser visitável pelos meios mais formais, também não é possível entrar naquele
espaço, tal é a sua vegetação e mato que a envolve.
O motivo a que me leva abordar sobre este
património é exactamente pelo seu estado de degradação e pela inacção das
instâncias públicas, pois creio que os familiares, herdeiros, não terão a
capacidade financeira para preservar e manter este tipo de imóveis por muito que
queiram.
O Instituto de Gestão do Património, a Autarquia ou
a Junta de Freguesia local, nos seus sites, abordam esta construção como Imóvel
de Interesse Público (Dec. Lei 129/77, da I série, n.º 226 de 29/9) e em
condições de património visitável de aparência “perfeita”. Não sendo já essa a
verdade, é lamentável e incompreensível, pelo menos que as instituições locais
nada fazerem em prol da sua preservação.
Uma parceria, uma pequena ajuda, uma pequena
intervenção, seria o bastante para manter alguma imagem e dignidade do
património que se degrada diariamente, arrastando o vandalismo e o desleixo.
Entrada - estado actual
Vista residual das ameias da torre - estado actual
Vista parcial da casa - estado actual
Vista da cruz no topo da torre - estado actual
Mas falemos um pouco deste património imóvel, que
recolhi destes sites e de outros, que poderão auxiliar a perceber o que se
pretende transmitir e divulgar, com pena de nada ser feito.
A residência senhorial original remonta o século
XIII e terá sido fundada por Gonçalo Gil de Arões (vivido
entre os anos de ≈1175 e ≈1225), filho de Gil Guedaz Guedeão e Maria Fernandes
de Sousa, descendentes dos Guedeões, os Portocarreiro, pelo lado paterno e do
Sr. da casa dos Sousa, pelo lado materno.
Na Idade Média, muito possivelmente no século XV,
terá sido implantada a torre ameada, pela família Brandão, detentora dos
morgados de Coreixas e de Peroselo, resultante de uma possível reformulação da
construção primitiva anterior, conforme se constata pelas irregularidades de
algumas fiadas inferiores da sua pedra da fachada, sem contudo ser dado como
certo esta análise.
Esta família portuense e senhores de Coreixas eram detentores
de uma brilhante e talentosa linhagem de família portuense, tais como João
Brandão e esposa Isabel Nunes, seu filho Jerónimo Brandão, casado com Isabel da
Costa Freire, descendentes dos Alpedrinha.
A força desta casa é tão relevante, pois apresenta
marcas ou símbolos dos Brandões, através de pedras de armas aplicadas em vários
locais.
Temos na entrada para o solar, numa ameia sobre a
porta do lado direito, de fronte da capela. Sobre a porta da capela de entrada
desta estão outras pedras, partidas, dos Brandões e dos Pintos. Por cima da
porta do recinto existem mais umas armas dos Brandões, permitindo concluir-se
que as suas aplicações terão sido resultantes das variadas épocas e das
variadas gerações que ali viveram, onde se possa considerar igualmente de possíveis
reformulações construtivas do imóvel.
A Torre, é a imagem de marca deste património de
arquitectura militar, que apresenta uma construção quadrangular, sendo formada
por rés-do-chão e dois pisos, e rematada por merlões prismáticos. No paramento
da torre distinguem-se várias reformulações no aparelho e na abertura de vãos,
sendo o acesso feito pelo primeiro andar, a partir do interior do corpo
residencial contíguo.
Já em pleno século XIX, a propriedade era pertença
do Visconde de Balsemão, pelo facto de na capela adjacente à casa esta conter
uma inscrição latina, indicando que este Visconde a mandou reconstruir no ano
de 1803.
Descrição
do solar
Vista da torre - séc. XX
A
Torre
Torre ameada ligada, no seu enfiamento, pela fachada SE a um corpo residencial saliente de forma rectangular, e ladeada a NE por uma capela e dependências agrícolas. A torre, de planta rectangular, com r/c e dois pisos, apresenta indícios de várias reconstruções e enxertos. O acesso é feito pelo 1º andar, a partir do interior do edifício contíguo. A fachada SO tem, ao nível do r/c, uma porta de duas folhas de vão rectangular, com arco adintelado, com as ombreiras e padieiras em aparelho diferenciado do restante pano da fachada, sendo aparentemente posterior. Esta porta está antecedida por uma pequena escada de pedra, encontrando-se na parede SE um vão de porta rectangular, actualmente entaipado, não apresentando qualquer abertura para iluminação. O primeiro piso tem pavimento de soalho, cujo travejamento assenta em consolas, sendo iluminado somente por uma janela de vão quadrangular, na fachada SO, verificando-se que o parapeito é constituído por silhares completamente distintos do restante aparelho, evidenciando um vão que deverá ter sido porta.
O segundo piso apresenta quatro janelas com arco abatido, alinhadas segundo o eixo central das fachadas, excepto a SE, onde se aproxima do ângulo da fachada SE. Os paramentos apresentam uma estrutura vertical sem ressaltos, sendo o aparelho irregular, até ao 2º piso, e mais regular neste.
A torre conserva no topo cinco gárgulas, uma a NO, e duas a NE e SE, sendo rematada por merlões prismáticos em todas as fachadas, apresentando duas frestas por baixo destes. A fachada NO apresenta um balcão e uma escadaria de pedra adossadas à torre para acesso às traseiras da casa senhorial a que está ligada.
De planta quadrangular, compõe-se de três registos, marcados
exteriormente no alçado Sudoeste, o principal. Assim, no piso térreo e ao
centro do alçado, abre-se uma porta de acesso ao interior, de arco ligeiramente
abatido, antecedida por um pequeno lanço de escadas; o segundo andar é marcado
axialmente por uma janela quadrangular em guilhotina. Esta é a parte mais
adulterada da fachada, apresentando numerosos silhares salientes e outros
dispostos irregularmente, parecendo que, na origem, a janela teria sido maior
ou, em alternativa, teria existido no seu lugar uma varanda. O terceiro piso
contém uma janela de arco apontado, solução que se repete nas restantes
fachadas, fazendo crer tratar-se de uma sala única, profusamente iluminada,
destinada a ser o andar nobre do conjunto senhorial. O monumento é encimado, a
toda a sua volta, por uma linha de ameias de perfil prismático e integrava, nos
ângulos, gárgulas, algumas já infelizmente desaparecidas.
Nos séculos seguintes, registaram-se muitas transformações na
torre e na quinta, sucedendo-se as empreitadas construtivas que, apesar de
terem afectado parcialmente a torre quatrocentista (entaipando alguns vãos,
substituindo portas por janelas e alterando sistematicamente os soalhos e a
organização interior), mantiveram-na como centro simbólico e funcional dos
espaços.
Adossada à fachada Sudeste, existe um corpo moderno, de planta
rectangular e organizado em dois andares, de difícil datação, mas que poderá
corresponder ao século XIX, altura em que a propriedade passou para a posse da
família Balsemão. Trata-se de uma construção organizada em duas funcionalidades
distintas, a primeira de serviços e de apoio à quinta (piso térreo) e a segunda
correspondente ao andar nobre, com escadaria que torna independente do registo
inferior o acesso, e janelas de guilhotina de cuidada feição, harmoniosamente
abertas no alçado. A partir deste nível, abriu-se uma passagem para o segundo
piso da torre, através de um arco de feição moderna. Para além deste corpo,
outras transformações ocorreram na propriedade. Do lado oposto, adossou-se ao
ângulo da torre uma capela de nave única, cuja fachada principal pretendeu
repetir o modelo da estrutura medieval, ao recorrer a uma janela de arco
quebrado com grelha de madeira e a ameias a encimar a empena. Por outro lado,
no prolongamento do alçado da torre edificou-se um muro de delimitação da
propriedade, com arco de volta perfeita de aduelas caneladas, sobrepujado por
tímpano de perfil trapezoidal e encimado por pináculo axial. E diante da
fachada principal do conjunto habitacional construiu-se um espaço ajardinado, à
maneira de claustro, com fonte central.
Desde a origem até à actualidade, a torre permaneceu na posse de
privados, facto que, se por um lado tem motivado a conservação e manutenção da
propriedade, por outro tem favorecido as constantes reformas e adulterações das
estruturas originais. Torre senhorial comum a tantas outras levantadas no Norte
do país durante a Baixa Idade Média, a torre das Coreixas necessita, ainda, de
um estudo específico que permita concluir sobre as diversas fases construtivas,
sobre a marcha dos proprietários e suas encomendas e, inevitavelmente, sobre a
real ocupação do lugar ao longo da História.
http://www.monumentos.pt/.../APP.../Images/SIPAImage.aspx...
www.ippar.pt
http://freguesiadeirivo.webnode.pt/patrimonio-monumental/
http://www.casasnocampo.net/PT/
http://e-cultura.sapo.pt/patrimonio/239
http://www.cm-penafiel.pt
http://www.monumentos.pt/Site/APP PagesUser/SIPA.aspx?id=5307
http://www.facebook.com/permalink.php?story_fbid=463707140334520&id=209750709098102