Empresa
de Lousa de Valongo (ELV)
O concelho de Valongo
é popularmente conhecido pela industria da panificação, pela sua fabricação de
pão (regueifa) e biscoitos e o consequente abastecimento à cidade do Porto, e
pela famosa batalha de ponte de Ferreira, na freguesia de Campo, pelo embate
entre as tropas miguelistas e liberais a 23 de julho de 1832, aquando do cerco
do Porto.
Mas a cidade de
Valongo e a vila de Campo foram outrora reconhecidas, também, pela sua extracção
mineira, pela famosa ardósia negra, que com a evolução do tempo se foi
extinguindo.
Actualmente, naquele
concelho, só existem duas empresas de extracção mineira e ambas sediadas em
Campo, uma por exploração em profundidade, a firma Pereira Gomes (1965) e a
Empresa de Lousa de Valongo, com extracção a céu aberto tendo tido a sua origem
em 1865.
É sobre esta empresa
que o presente texto vai abordar, por ter sido a mais relevante e popularmente
conhecida naquele concelho.
Recentemente, a 5 de
janeiro de 2016, a Câmara de Valongo homenageou em cerimónia especial, um
conjunto de empresas por serem as mais representativas empresas e as mais
antigas no concelho, tendo sido atribuído à Empresa de Lousa de Valongo (ELV) a
medalha de mérito.
Esta empresa iniciou a
sua actividade em 1865, por investidores ingleses, com a criação de firma
inglesa The Vallongo Slates & Marbles Quarries Company, Limited, tendo dado
inicio à exploração intensiva, nas minas do Galinheiro, Vale de Amores e Susão,
em Valongo, encontrando-se actualmente desactivadas e aterradas no inicio deste
século, designadas localmente por "arrasamento".
Foi a primeira empresa
de minas de ardósia e também a responsável pela chegada energia eléctrica ao
concelho.
Nesse tempo, a sua
exploração era em profundidade através de poços cujo objectivo era abastecer
Inglaterra e os Estados Unidos com a ardósia, para telhados, pavimentos e
revestimentos, material isolante e pedras para mesas de bilhar.
ano de 1932
Nos primeiros anos do
século XIX atingiu um numero de funcionários de cerca de 1600, tendo diminuído drasticamente
com a guerra mundial.
ano de 1959
Hoje em dia, esta
empresa, com administradores portugueses, localiza-se em Campo, investindo numa
exploração a céu aberto junto da Pedreira da Milhária (pedreira mais antiga em
actividade), possuindo uma vasta área de terreno (15 ha), com garantia de
exploração e reserva para vários e longos anos.
Insere-se num complexo Xisto-Grauvático, que atravessa os concelhos de Paredes-Valongo e Arouca, sendo o produto de melhor qualidade (por serem escuras e cinzentas) a que se apresenta em Campo nas actuais instalações.
Insere-se num complexo Xisto-Grauvático, que atravessa os concelhos de Paredes-Valongo e Arouca, sendo o produto de melhor qualidade (por serem escuras e cinzentas) a que se apresenta em Campo nas actuais instalações.
Neste local, os seus
escritórios e a componente fabril circunscreve-se a uma construção tipicamente
inglesa, de forte contraste, de construção em xisto e caixilharia vermelha, com
arcadas interiores. Os escritórios situam-se num corpo de dois pisos em duas
fachadas próprias. A principal apresenta a designação da referência da empresa
em letras de dimensões elevadas com fundo brancas em oposição com as paredes negras do
ardósia.
A entrada para as
instalações faz-se por um portão com um arruamento largo e à sua esquerda
acompanhando outras instalações fabris apresentam-se um palco corrido com
diversos equipamentos antigos utilizados no século passado onde são visíveis as
características típicas da maquinaria de enorme dimensão utilizadas para os
cortes e transportes das ardósias.
Exposição de equipamento antigo no acesso em arruamento interior
Dedica-se, para além
dos materiais já descritos, também à produção de chapas e ladrilho clivado, serrado
e polido e claro de modo a manter a tradição dos famosos quadros negros e
lousas com os seus lápis de pedra ou também conhecida por "peninha",
que no tempo dos nossos pais usualmente se utilizava nas escolas primárias.
Actualmente é uma
empresa de referência, levando a marca e o nome de Valongo a todo o mundo,
tendo tido um investimento nos últimos
anos, com a laboração muito mecanizada e com a abertura da maior exploração a
céu aberto em Portugal, sendo a sua produção em cerca de 95 % para o exterior,
fundamentalmente para a Alemanha, França, Dinamarca, Espanha, Estados Unidos, Japão e
Inglaterra.
A Origem:
Tudo nasceu pelo aproveitamento de pequenos espaços de terreno para aproveitamento da remoção deste minério e através de locais e que rapidamente foram tomadas por empresas inglesas, dado que era neste pais a componente de maior procura e investimento.
Em 1980, já estavam na posse de portugueses e com a entrada na gestão de D. Maria Eugénia, com cerca de 36/37 anos de idade, toda a componente humana e financeira passou para a posse dela.
Em 1982, foi adquirida por esta família tendo em conta que os seus sócios pouco acreditavam num futuro para esta empresa, passando a tornar-se numa empresa familiar.
Dos seus 11 filhos, dois seguiram o caminho da continuidade da gestão, Rui Lencastre Nunes de Matos e Ana Isabel que em parceria com seu marido, Teotónio deram continuidade ao progresso da empresa.
Actualmente já lhes segue um filho sem saber quando chegará ao fim do ciclo familiar.
A Origem:
Tudo nasceu pelo aproveitamento de pequenos espaços de terreno para aproveitamento da remoção deste minério e através de locais e que rapidamente foram tomadas por empresas inglesas, dado que era neste pais a componente de maior procura e investimento.
Em 1980, já estavam na posse de portugueses e com a entrada na gestão de D. Maria Eugénia, com cerca de 36/37 anos de idade, toda a componente humana e financeira passou para a posse dela.
Em 1982, foi adquirida por esta família tendo em conta que os seus sócios pouco acreditavam num futuro para esta empresa, passando a tornar-se numa empresa familiar.
Dos seus 11 filhos, dois seguiram o caminho da continuidade da gestão, Rui Lencastre Nunes de Matos e Ana Isabel que em parceria com seu marido, Teotónio deram continuidade ao progresso da empresa.
Actualmente já lhes segue um filho sem saber quando chegará ao fim do ciclo familiar.
Apresenta-se a reportagem apresentada numa revista, em 2014, por um dos administradores, Sr. Teotónio Pereira, figura representativa no concelho pela sua postura perante o município, para com os clientes e para com todos aqueles que intercedem a empresa na busca da curiosidade, de visitas, e da sua história, um verdadeiro "gentleman".
Administrador da empresa, Sr. Teotónio Pereira
149 anos de história das "Louzas" de Valongo
por Revista Business Portugal - 2 dezembro 2014
"A história da Lousa de Valongo é tão antiga como a da empresa que hoje Teotónio Pereira administra. A exploração deste material no concelho começou em 1865 com a instalação da companhia inglesa The Vallongo Slate & Marble Quarries Company, que mais tarde, após a venda, adquiriu o nome de Empresa das Lousas de Valongo. Conhecida pelas características específicas da região onde se situa (Valongo – Douro Litoral) e pela idade geológica das suas pedreiras (Landeiliano Superior, 450 milhões de anos), a “Ardósia de Valongo” (denominação registada EN12440) distingue-se nas palavras de Teotónio Pereira das demais existentes: “A nossa lousa tem um carácter próprio e é por isso que continuamos no mercado”. De referir que ardósia ou lousa referem-se exactamente à mesma pedra, sendo este último termo mais usado no norte do país.
Por não existir “hoje
em Portugal a tradição de utilizar lousa portuguesa”, refere Teotónio Pereira,
toda a produção da Empresa das Lousas de Valongo destina-se ao mercado externo:
Alemanha, Inglaterra, Espanha, Suíça, Estados Unidos, Japão e países do norte
da Europa. São precisamente estes últimos que Teotónio Pereira destaca: “Os
clientes do norte da Europa conhecem esta lousa melhor que nós. Temos clientes
nestes países há mais de 80 anos”.
Como referência
destacam-se algumas obras onde as lousas ELV estão presentes: Edifício Sede da
Telenor, Trondheim, Escola “High Schoolof Gotemborg”, Gotemburgo, Biblioteca
“Werner Oechslin”, Einsiedeln, Zurique, Casa da Música, Porto, Hotel Four Seasons,
Toronto, Canada, University of Oregon Football Performance Center (Nike
Centre), Oregon, EUA.
Proprietária de mais
de 100 ha na faixa lousífera de Valongo, a capacidade de produção da ELV
ultrapassa os 4.000 ton/ano. Como principais produtos, o administrador destaca
os ladrilhos e placas para pavimentos e revestimento de paredes, soleiras,
cobertura de degraus, rodapé, tampos de cozinha em ardósia, telhas para
telhados e pedras para bilhares. Pelas suas características os produtos da ELV
coleccionaram prémios de várias exposições mundiais históricas: exposição
mundial de Paris (1867), exposição de Viena (1873), exposição de Filadélfia
(1876), Adelaide (1887), Lisboa (1888), Londres (1871), Porto (1897), Paris
(1900) e Rio de Janeiro (1908).
Actualmente com 45
trabalhadores, com a extracção e transformação toda mecanizada, a Empresa de
Lousas das Valongo não tem como objectivo crescer muito mais até porque refere
o administrador: “temos as vendas em mercados muito diversificados mas, a
situação actual requer alguma prudência”.
Os investimentos passam por aperfeiçoar e criar novos produtos aumentando o valor acrescentado e no sector da energia, estamos a fazer investimentos que nos vão garantir uma grande poupança de electricidade."
Os investimentos passam por aperfeiçoar e criar novos produtos aumentando o valor acrescentado e no sector da energia, estamos a fazer investimentos que nos vão garantir uma grande poupança de electricidade."
Guincho colocado numa rotunda em Valongo, peça oferecida pela empresa
Antigo Guincho
Equipamento mecânico de elevação da ardósia, desde o fundo da pedreira até ao exterior. A sua datação é atribuída aos anos 20 do século passado, utilizando já a força motriz eléctrica. Pertenceu à Empresa das Lousas de Valongo, SA, e foi patrimonializado, no sentido de valorizar uma importante identidade valonguense, a lousa. Encontra-se localizada precisamente, onde, em 1865, se deu início à exploração industrial intensiva de extracção ardosífera, com a abertura da louseira do Galinheiro pertencente à firma inglesa The Vallongo Slates & Marbles Quarries Company, Limited. O antigo equipamento encontra-se instalado no centro de uma rotunda, junto à Biblioteca Municipal e ao Centro Comercial Continente.
Equipamento mecânico de elevação da ardósia, desde o fundo da pedreira até ao exterior. A sua datação é atribuída aos anos 20 do século passado, utilizando já a força motriz eléctrica. Pertenceu à Empresa das Lousas de Valongo, SA, e foi patrimonializado, no sentido de valorizar uma importante identidade valonguense, a lousa. Encontra-se localizada precisamente, onde, em 1865, se deu início à exploração industrial intensiva de extracção ardosífera, com a abertura da louseira do Galinheiro pertencente à firma inglesa The Vallongo Slates & Marbles Quarries Company, Limited. O antigo equipamento encontra-se instalado no centro de uma rotunda, junto à Biblioteca Municipal e ao Centro Comercial Continente.
Pormenor da chaminé em forma quadrada
Antiga Chaminé de Ardósia
A antiga chaminé encontra-se instalada no local onde em 1865 a empresa inglesa The Vallongo Slates & Marbles Quarries Company, Limited, deu início à exploração industrial intensiva de extracção de lousa. A mina do Galinheiro foi a primeira pedreira a utilizar tecnologia de ponta para a época, como a máquina a vapor e sistemas de pequenas vias férreas para o transporte de pedra. Do complexo mineiro do Galinheiro faziam parte outras infra-estruturas de apoio, das quais a chaminé é um dos seus últimos vestígios. Pode ser visitada livremente por se localizar implantada dentro de uma actual rotunda.
A antiga chaminé encontra-se instalada no local onde em 1865 a empresa inglesa The Vallongo Slates & Marbles Quarries Company, Limited, deu início à exploração industrial intensiva de extracção de lousa. A mina do Galinheiro foi a primeira pedreira a utilizar tecnologia de ponta para a época, como a máquina a vapor e sistemas de pequenas vias férreas para o transporte de pedra. Do complexo mineiro do Galinheiro faziam parte outras infra-estruturas de apoio, das quais a chaminé é um dos seus últimos vestígios. Pode ser visitada livremente por se localizar implantada dentro de uma actual rotunda.
A lousa, ardósia ou
pedra é uma folha de ardósia inserida num rectângulo de madeira. Uma das faces
da lousa é quadriculada e a outra lisa. Na moldura de madeira há um orifício,
onde os alunos amarravam o lápis da pedra ou “peninha” para não se perder.
É uma superfície reutilizável onde os alunos escreviam palavras, números e desenhos com giz ou com a "peninha”. As letras e os traços eram apagados com um paninho ou uma esponja.
É uma superfície reutilizável onde os alunos escreviam palavras, números e desenhos com giz ou com a "peninha”. As letras e os traços eram apagados com um paninho ou uma esponja.
A ardósia era um
utensílio fundamental para os exercícios escolares e, segundo o programa de
leitura da 1ª classe, para se evitarem “deformações graves na caixa torácica e
nos órgãos que encerra e desvios da coluna vertebral e miopia”, os alunos eram
aconselhados a praticarem “de preferência na ardósia, sob a direcção do
professor, os necessários exercícios tendentes a educar-lhes os dedos para o
manejo da pena e do lápis”.
Conceito e Terminologias
A ardósia, também conhecida por lousa ou xisto, é uma rocha formada a partir da rocha sedimentar, o xisto argiloso, sob
acção de pressão e temperaturas baixas. É uma rocha nua, de aparência homogénea
e de granulação fina. A sua cor negra ou cinza escura deve-se à presença de
mais ou menos grafite, quartzo, feldspato ou biotite.
A exploração desta rocha é feita desde sempre em profundidade das minas bem como a céu aberto, extraída em pedreiras, sem recurso a mina, pratica utilizada pela actual empresa das lousas.
A exploração desta rocha é feita desde sempre em profundidade das minas bem como a céu aberto, extraída em pedreiras, sem recurso a mina, pratica utilizada pela actual empresa das lousas.
Nos séculos passados os mineiros trabalhavam nas minas em
condições de trabalho péssimas, utilizando artefactos de trabalhos manuais como
a cunha, a pica, o picão, o alvião e a palmeta, para além da falta de luz, pois as minas para além de serem escuras ainda mais se tornavam pela própria cor da ardósia.
A ausência de água nos inícios dos processos eram penosos e prejudiciais para a saúde e graças à modernização e maquinarias a evolução do trabalho foi muito evolutiva, para melhor.
A ausência de água nos inícios dos processos eram penosos e prejudiciais para a saúde e graças à modernização e maquinarias a evolução do trabalho foi muito evolutiva, para melhor.
Com a industrialização os equipamentos utilizados vieram a beneficiar a mão-de-obra e a força utilizada por esta classe mineira e que nesta empresa com as minas a céu aberto a partir dos anos 89/90 do século passado tudo se transformou.
Actualmente compreende cerca de 40 pessoas e produz e escoa diariamente cerca de 10 t de material.
Actualmente compreende cerca de 40 pessoas e produz e escoa diariamente cerca de 10 t de material.
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