Pedra de Armas - Foto pessoal
A Pedra de Armas
Formato:
Esquartelado
Descrição:
I - Coutinho
II - Pereira
III - Freire de Andrade
IV - Bandeira
Material:
Granito
Escudo:
Suíço ou Ogival Inglês
Timbre:
de Coutinho
Coronel:
de Visconde
Cores:
I - de ouro, com cinco estrelas de cinco pontas, de vermelho, em aspas;
II - de vermelho, com uma cruz de prata florenciada e vazia do campo;
III - de verde, com banda de vermelho, perfilada de ouro, abocada por duas cabeças de serpe do mesmo, dentadas de vermelho, e bordadura de prata com as palavras "AVE MARIA" de negro;
IV, de vermelho, uma bandeira quadrada de ouro, hasteada do mesmo, perfilada de prata e carregada de um leão azul, armado e lampassado de vermelho
I - de ouro, com cinco estrelas de cinco pontas, de vermelho, em aspas;
II - de vermelho, com uma cruz de prata florenciada e vazia do campo;
III - de verde, com banda de vermelho, perfilada de ouro, abocada por duas cabeças de serpe do mesmo, dentadas de vermelho, e bordadura de prata com as palavras "AVE MARIA" de negro;
IV, de vermelho, uma bandeira quadrada de ouro, hasteada do mesmo, perfilada de prata e carregada de um leão azul, armado e lampassado de vermelho
Pedra de Armas - Foto retirada de Gisaweb
A Casa
Trata-se
de uma construção dos finais do séc. XVII e princípios de seguinte. É uma
casa-nobre típica do Porto do período do barroco, nobilitada no eixo central do
portão.
Portal principal
No
séc. XVIII este edifício sofreu algumas modificações sendo a pedra de armas o
mais relevante, o que denuncia época posterior ao traçado do edifício . O
portal que dá acesso ao átrio de entrada foi alterado, encimada por uma cartela
com escudo esquartelado e sobrepujada com coroa, em granito bem conservado,
mandado brasonar por António Mateus Freire de Andrade Coutinho Bandeira.
A
linha contornal do escudo, ao gosto inglês, harmoniza-se num equilibrado
conjunto, muito valorizado pelas palmas e coronel de visconde.
Arquitectonicamente,
o portal é um motivo curioso de belo sabor italiano, possivelmente inspirado no
que o antecedia no terreiro do antigo Paço Episcopal.
No
andar nobre há seis janelas de peito, três de cada lado do brasão.
Fachada Principal - Foto antiga retirada do blogue "http://doportoenaoso.blogspot.com/"
Fachada Principal - Foto actual retirada do blogue "http://doportoenaoso.blogspot.com/"
Os
terrenos eram do Cabido e já seriam emprazados desde o séc. XVI, tendo sido emprazada
a João Pinto do Bonjardim, filho de Belchior Pereira Pinto, senhor da Quinta de
Santo António do Bonjardim, e que terá reunido 3 parcelas onde a casa já lá
existiria.
Posteriormente
terá sido vendida a Miguel Tavares Leitão. Mais tarde, passou para descendentes
deste, tendo ficado nas suas posses até 1708, ano em que foi adquirida por
Cristóvão de Magalhães, arcediago de Oliveira do Douro.
Actuais limites de propriedade (recortada pelo funicular)
Seu
sobrinho, Luis de Magalhães, igualmente arcediago de Oliveira do Douro, foi o
encomendador das obras, que deixaram o palacete com o aspecto actual.
Tinha
uma amante com a qual teve, Dona Jerónima Luísa de Magalhães, que herdou a
casa, alugando-a.
Em
1730 ali residia Diogo de Sousa Távora Maneses de Araújo, fidalgo da Casa Real,
alcaide-mor de Lindoso, senhor do morgadio de Britelo, mestre campo de
Auxiliares, cavaleiro de Cristo e governador-de-armas do Porto.
Dona
Jerónima casou com Henrique Carlos Bandeira Pereira, no ano de 1739, filho de
José Freire de Andrade, senhor de grande fortuna e que, se não fosse sua esposa
pedir permissão dos bens ao rei D. José I, teria desbaratado toda a sua
riqueza.
Após
a sua morte, a casa passa para seu filho António Mateus Freire de Andrade
Coutinho Bandeira (1747-1820), senhor do palácio da rua D. Hugo, n.º 15, que manda
implantar o brasão dos antigos titulares e seus familiares, e ali passa a residir.
Nesta
sua casa, vivia rodeado de todas as comodidades e bem-estar compatíveis com a
época, ou seja por um capelão privativo, por três criadas, dois criados e um
hortelão, além de uma criada negra e um criado de cor.
Foi
nesta casa que sofreu a maior humilhação pessoal, com as forças francesas, pela
pilhagem dos bens e do risco de vida pelos momentos que passou.
À
sua morte, a casa ficou para seu filho, Henrique Carlos Freire Coutinho
Bandeira que a prosseguiu até ao séc. XX, tendo sido vendida e nela se ter
instalado o Museu da Fundação Maria Isabel Guerra Junqueiro e Luís Pinto
Mesquita Carvalho, tendo sido adaptado todo o seu interior.
Localiza-se
mesmo em frente à Casa-Museu Guerra Junqueiro sendo considerada uma das casas
mais imponentes daquele estreito arruamento.
António Mateus Freire de Andrade
Coutinho Bandeira - um episódio
Este
fidalgo integrou em 1808 a Junta Provisional do Governo Supremo do Reino.
Em
1809, no tempo de ocupação francesa, era vereador na Câmara do Porto, tendo-se
notabilizado pela sua coragem e resistência antifrancesa na cidade.
Enfrentou
os franceses com notável empenho que fica a sua história e daquela casa, na
memória dos portuenses.
Tudo
começou quando soube da aproximação dos franceses à cidade e mandou sua família
para a Quinta da Fundega, em Oliveira do Douro, uma propriedade sua e que lhe
garantiria alguma segurança.
Ficou
para trás, e então como representante da câmara, por acreditar que as defesas
da cidade sustentariam por mais algum
tempo a entrada das tropas, permitindo tomar decisões na câmara, de modo a
evitar o saque do erário por parte dos franceses.
Contudo,
as linhas de defesa cederam com entrada dos franceses através da quebra da
bateria da Prelada, provindo de S. Mamede de Infesta, permitindo a sua marcha
pela cidade dentro.
O
alvoroço da cidade instalou-se e muita gente começou a sair da cidade. As
pilhagens, os atropelos e as atrocidades que se cometiam, julgou que era o fim,
e que tudo estava perdido.
Resolveu
então fugir, para a sua Quinta, mas a Ponte das Barcas colapsou e os últimos
barcos a sair da cidade recusaram-se a levá-lo, de tão perigosa que era a
travessia do rio.
Ele
próprio relata este período com a seguinte descrição.
"... chegado acima do muro (da Ribeira) e
olhando sobre a ponte achei tanto povo que se caísse uma aresta não cairia no
chão... Já havia muita gente afogada. Desci ao Postigo do Pereira (frente a S.
Francisco) onde estavam três barcos, ... Prometi que lhes daria aquilo que eles
quisessem. Mas eles recusaram. Deviam estar à espera de famílias. Já as balas
choviam sobre o rio. Visto aquilo, enfiei pela Reboleira, atravessei
milagrosamente a Ribeira, subi por aqueles becos acima (becos do Barredo) e
meti-me em casa mais morto que vivo".
Ao
voltar a casa, fechou-se, na esperança de ficar a salvo, mas o perigo não tinha
acabado. Os franceses evadindo a cidade começaram as suas pilhagens em tudo o
que havia de riquezas.
Não
tardou, a sua casa fora invadida e nesse instantes terá sofrido a sua maior
humilhação, e só não o mataram porque não se obstou à pilhagem a tudo o que
queriam, tendo-se esgueirado nesse período para o seu jardim envolto nas vides
e lá terá ficado escondido durante dois dias sem que ninguém o visse.
O
seu relato é bem vincado de aflição, "...
sofri as maiores insolências dos primeiros que me entraram em casa, querendo-me
matar; abri-lhes tudo e, logo que viraram costas, fugi para o quintal e metido
entre as vides li dois dias sem comer,,,".
Ponderou
em sair da cidade, contudo deu ouvidos à voz da razão e decidiu permanecer na
cidade, como vereador, sendo um representante dos membros executivos a ficar
para trás.
"... quis fugir, é verdade,; mas convenci-me
de que a minha fuga seria para a cidade um grande prejuizo, porque meteriam (no
governo da Câmara) franceses ou seus apaniguados e que indo eu e José Pamplona
(os dois únicos vereadores que permaneceram na cidade) teriam alguma
consideração...".
A História da toponímia da Rua D.
Hugo
Várias
designações tomou esta rua. Em 1221, tinha o nome de Rua do Redemoinho ou
Riodemoinho e era, por isso, a única memória de um ribeiro que, em tempos
imemoráveis, por ali passava e da azenha que as águas desse ribeiro movia -
"Rua dos Moinhos, junto ao Arco das
Verdades", vem ainda referido num documento do séc. XVIII.
Com
o nome de Redemoinho ainda existe actualmente um beco nas traseiras da capela
mor da Sé, onde se insere a casa mais
antiga da cidade.
Aquela
artéria teve, também, outros nomes, tais como, de Rua da Catedral, por motivos
óbvios, e ainda os de Rua de Trás da Catedral e de Rua dos Cónegos de Trás da
Sé.
Informações retiradas de:
https://sites.google.com/site/invictacidade/home/patrimonio-edificado/palacio-freire-de-andrade
https://ruasdoporto.blogspot.com
texto de Germano Silva
htpp://portode antanho.blogspot,com
As Pedras de Armas do Porto, de Armando Mattos
Brasões e Pedras de Armas da Cidade do Porto, Manuel Cunha
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