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26 de janeiro de 2019

Brasão dos Costa Lima, S. João Novo, Porto


Foto pessoal - vista da pedra de armas

Encontra-se situada sobre o portal de entrada do palacete de S. João Novo, no Largo do mesmo nome e que acolhe ainda a Igreja e Mosteiro.
A pedra de armas tem a seguinte descrição:
Classificação:    Heráldica de Família
Época:              Séc. XVIII
Escudo:             de fantasia
Material:           Granito
Formato:           Partido
Leitura:             I - Costa, cortado de Lima
                         II - Melo, cortado de Alvim
Elmo:                com grades e deveria ser voltado à direita
Timbre:             de Costa (duas costas de prata, passadas em aspa e atadas de vermelho)
Cores:             I, de vermelho, seis costas de prata, finadas nos flancos e postas em faixa; cortado - com esquartelado, I e IV de prata, com leão púrpura armado de azul, dos SIlvas, II e III de prata, com, três faixas de ouro enxaquetadas de vermelho, de três tiras de Soutomaior;
                       II - bordadura de oiro, com seis bilhetas deitadas, de vermelho, cada uma carregada de um besante de prata; cortado de - esquartelado, I e IV enxaquetado de ouro e vermelho de quatro peças em faixa e de quatro em pala; II e III de azul, com cinco flores-de-lis de ouro;

História:
A perfeita estrutura da fachada de linhas harmoniosas, sobretudo do andar nobre, empresta-lhe um ar verdadeiramente senhorial e caracterizam-no como o tipo de solar setecentista, enquadrado no tranquilo largo de S. João Novo.


Foto pessoal - vista da fachada principal

Os pormenores deste imóvel fazem dele um valioso elemento de grande interesse  para o nosso património e apresenta-se-nos como uma casa apalaçada em estilo barroco do segundo quartel do século XVIII, pelo arquitecto António Pereira.

"... No local onde actualmente se ergue este sumptuoso palacete havia, em tempos remotos, pequenas casas pertencentes a António Bravo, contratatdor das enxárcias da cidade do Porto e feitor das ribeiras do Ouro. Passaram essas casas para o domínio da Coroa e o rei D. Afonso VI fez presente delas, em julho de 1665, a D. Gaspar Cy, natural de Sevilha e a sua mulher Dona Antónia Sandoval, como recompensa de serviços prestados ao Reino na Praça de Manzagão. Como a esse andaluz não interessava possuir residência em Portugal, apressou-se em as vender, e assim foram as cass adquiridas, em outubro desse mesmo ano, por Domingos Antunes Portugal, magistrado muito competente, detentor de avultada fortuna, cavaleiro professo da Ordem de Cristo, Desembargador dos Agravos da Casa da Suplicação e membro do Conselho Ultramarino, o qual por seu turno as vendeu no mês de agosto de 1767, a Pedro da Costa Lima pela importância de 360$000 reis. (...), in Nunes da Ponte, Tripeiro: Casas Antigas do Porto, série V, Ano VIII, pág.69".

Foi residência deste homem ilustre e de sua esposa, Dona Maria Thereza de Mello e Alvim, natural de Viana do Castelo, fidalgo cavaleiro da Casa Real, o qual exerceu diversos cargos na cidade, como Administrador do trem do Ouro e dos estaleiros da Ribeira, guarda-mor de Lastros e Tabacos, Administrador da Casa da Moeda, cavaleiro da Ordem de Cristo, foi quem procedeu à transformação das velhas casas e mandou erigir seu palacete no Largo de S. João Novo.
Posteriormente, sua filha mais nova, Dona Anna Casimira de Lima e Mello (26/4/1702 e 1/5/1792), senhora do Morgado e Palácio de S. João Novo terá casado na Igreja Paroquial da Vitória, em 8/9/1726, com Diogo Francisco Leite Pereira (4/7/1698-?), 12º senhor de Gaia-a-Pequena, da Quinta de Quebrantões e 11º da Casa de Campo Bello, descendente da família dos Távora de Noronha Leme Cernache, que terá herdado essa casa.
A sua construção serviu de habitação a uma ilustre família do Porto, como está patente no brasão em granito colocado sobre a porta principal, da família acima descrita.
A pedra de armas quase se pode considerar com a assinatura do artista. É uma das melhores quanto ao desenho, embora a posição do elmo esteja fora das métricas da heráldica, que deveria estar voltado para a direita do escudo. Todavia pelo primor do lavrado e perfeita sucessão dos planos é um óptimo conjunto decorativo.
O palácio ocupa um local de difícil implantação. O fundo da casa situa-se a um pano da muralha da cidade, parecendo ter sido escavado na alta escarpa que se levanta atrás.
Contra o declive estão as dependências do edifício, uma série de terraços ligados por escadas, passadiço e ramadas. Todos construídos em granito com jardins em socalcos, com tanques de água alimentados pela mina de Arca de Água.
São dignos de nota tanto a fachada principal como, no interior, a escadaria nobre.
Chegados à entrada do edifício deparamos com a escadaria aberta que ocupa toda a zona central do edifício. A portaria é dominada por um grande arco abatido apainelado, cujas molduras terminam num par de volutas. Aos dois lados da entrada o arco repete-se como eco do motivo dominante.
Dois degraus por baixo do arco da escadaria conduzem ao vestíbulo, cujo fundo é formado por três arcos. O do meio dava acesso ao cofre-forte da família Costa Lima (que ainda conserva as primitivas grades de ferro) e os dos lados comunicavam com a escadaria.
Do vestíbulo vêm-se dois lanços de escadas que, atingindo o primeiro patamar, se combinam para formar uma só escadaria.
Um grande portal à cabeceira da escada remata a composição, mantendo-se nele as formas quadradas do parapeito. A simplicidade da abertura evoca as portadas exteriores.
Durante a sua existência, o palácio assistiu a muitos dos acontecimentos históricos da cidade, entre eles a segunda Invasão Francesa, em 1809, e o Cerco do Porto, em 1832, cujos vestígios se atestam em restos de fardas, botões e vários emblemas aparecidos em escavações no jardim.
nestas alturas, este e muitos outros palácios foram abandonados pelos seus proprietários sendo ocupados pelos invasores e liberais, tendo sido o atual palácio alugado, nesse período, à Tipografia Portuense e reassumido pelos proprietários em 1846. Até que em 1940 o palácio, então pertença da Junta de Província do Douro Litoral, foi transformado em Museu de Etnografia e História que nos finais do séc. XX encerrou as suas portas.

textos retirados de:

- Brasões e Pedra de Armas da Cidade do Porto, Manuel Cunha
- O Tripeiro, Casas Antigas do Porto, série V, Ano VIII, pág. 69
                

1 de janeiro de 2019

Brasão dos Cunha e Aranha, Claustros da Sé, Porto

Foto pessoal - vista da pedra de armas

Encontra-se situada sobre o portal de entrada da capela de Nossa Senhora da Esperança, nos claustros da Sé do Porto.
A pedra de armas tem a seguinte descrição:
Classificação:    Heráldica de Família
Época:              Séc. XVII
Escudo:             Clássico
Material:           Granito
Formato:           Esquartelado
Leitura:             I e IV - Cunha e II e III - Aranha
Elmo:                Aberto, com grades, e Paquife
Timbre:             de Cunha (grifo sainte de ouro)
Cores:               I e IV, de ouro com nove cunhas de azul, postos 3 em 3;
                     II e III, de azul com asna de prata,carregada em chefe de um escudete de vermelho com banda de prata carregada de três aranhas de negro; a asna acompanhada de três flores-de-lis de ouro;

Foto pessoal - pedra de armas inserida numa moldura de grande elemento decorativo