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11 de novembro de 2020

Brasão dos Barroso Pereira, Porto

 

Os Barroso Pereira

Foto retirada do Arquivo Municipal do Porto

Esta pedra de armas situava-se no largo Guilherme Gomes Fernandes na freguesia da Vitória, na cidade do Porto. Estava aplicada numa fachada cujo edifício apalaçado já não se encontra no local original desde os anos 60, do século passado, pois a casa onde se inseria foi demolida para dar lugar a um prédio moderno (à época) e onde se encontrava há poucos anos a Livraria do Estado.

Fachada da Casa - Foto retirada de https://www.facebook.com/PortoDesaparecido


Neste palacete esteve instalada uma das mais célebres casas de fotografia da cidade do Porto, a União e lá funcionaram vários escritórios e comércio de serviços, e especialmente de um consultório, do primeiro radiologista do Porto, Prof. Roberto de Carvalho, e que foi visita frequente de Almeida Garrett na sua actividade diária. 


Vista da estátua, palacete e "ferro de engomar" - ano de 1914

Foto retirada de https://www.facebook.com/PortoDesaparecido


A casa destaca-se ao fundo da foto, atrás de um busto do bombeiro Guilherme Gomes Fernandes, instalado na praça ou largo que tomou o seu nome e que conjuntamente com o edifício contíguo e muito esguio, também conhecido por "ferro de engomar", e que deram a um inestético prédio de gaveto entre a rua de D. Carlos (atual rua José falcão) e o largo, transformando-o para construção habitacional.

Já anteriormente, esta praça possuiu vários nomes e que se foram alterando ao longo do tempo e adequadas em função das actividades que lá se manifestaram, como Via Sacra, praça da Farinha, do Pão ou da Feira do Pão e também praça de Santa Teresa.

 

Feira - Foto retirada de https://www.facebook.com/PortoDesaparecido

Descrição da Pedra 

Brasão do século XVIII

Material - Granito

Classificação - Heráldica de Família

Escudo - Fantasia

Formato - Partido

Leitura - I - Pereira e II - Barroso

Timbre - de Barroso, um leão

Elmo - de lado, sem paquife

Cores - 

I - Pereira, de vermelho, com uma cruz de prata florenciada e vazia do campo;

II - Barroso, de vermelho, com cinco leões de púrpura, armados e lampassados de ouro, cada um carregado de três faixas de mesmo, postos em sautor;


Texto de Eugénio de Andrea da Cunha e Freitas

"em Notícias do Velho Porto, VI - A casa dos Barrosos Pereiras a Santa Teresa", pág.195-197

" No antigo Largo de Santa Teresa, hoje baptizada em Praça de Guilhermo Gomes Fernandes, esquinando para a Rua José Falcão, existe ainda uma grande casa nobre setecentista, de que o risco tem sido atribuído a Nicolau Nasoni, o notável arquitecto italiano, que durante largas décadas enriqueceu a cidade com a sua arte.

A casa deve ter sido edificada na segunda metade do século XVIII pelo Desembargador António Barroso Pereira e por sua mulher, D. Maria Inácia da Costa Sampaio, ou por seu filho o Dr. José Barroso Pereira, casado com D. Rita Josefa Piceluga, da família lisboeta deste apelido, originária de Itália.

Na posse dela sucedeu um filho destes, António Maria Barroso Pereira, fidalgo da Casa Real, casado com D. Maria José Bravo Cardoso Torres Correia Pereira de Lacerda, filha do Desembargador Rodrigo Bravo Cardoso Torres e mulher, D. Maria Máxima de Moura e Castro.

Família de magistrados, certamente abastada, de representação social - vislumbra-se, por entre o laconismo dos documentos, uma velha família da pequena nobreza, no Portugal antigo -, estes Barrosos Pereiras tinham ali a sua residência citadina; e mandara, colocar sobre o portal de entrada as suas armas: um escudo partido de Pereiras e Barrosos, com o seu elmo e seu timbre, tudo a gosto da época.

Meado o século passado, ainda a casa estava na posse desta gente.

O primeiro a favor de quem foi registada na respectiva Conservatória do Registo Predial era Rodrigo Bravo Barroso Torres, filho dos mencionados António Maria e  D. Maria José, que nascera em S. Miguel de Matos, no antigo concelho de Bem-viver (hoje incorporado no de Marco de Canaveses) e foi casado com Guilhermina Júlia de Sousa Bravo, filha de Albino Pereira de Sousa Pederneira e de sua mulher, D. Gertrudes Magna da Cunha Bessa, da Casa de Covelas, em Rio de Moinhos (Penafiel).

Foram estes proprietários que, por escritura de 21 de Maio de 1874, venderam a casa familiar do Largo de Santa Teresa, a António José Soares, negociante, da Ruas das Oliveiras.

Em 1898 era dona do prédio D. Maria Augusta Sampaio de Brito, casada dois anos depois com Manuel Guilherme Alves Machado.

E este, em 1956, doo-a a sua filha D. Delminda Sampaio Machado e a seu genro, o Dr. Francisco da Cunha Freitas Mourão de Sotomaior.

Destinada, de há muito, a instalações comerciais, consultórios médicos, e outros fins de rendimento, a casa não perdei ainda, ao menos exteriormente, a fachada principal, o seu ar de nobreza setecentista, e é um dos curiosos exemplares da arquitectura civil da época, acrescentado para mais o seu valor pela provável paternidade nasoniana.

Diz-se que vai brevemente desaparecer, para nos seus chãos se edificar um desses grandes, horríveis, rendosos galinheiros, que estão manchando e desvirtuando o carácter tão portuense, da arquitectura da cidade.

Esperamos que as entidades responsáveis pelo nosso património artístico, já tão escasso, não deixem cometer mais esse feio pecado. Pecado feio e inútil... salvo para os que se propõem usufruir dos correlativos benefícios financeiros."

Curiosidade:

Sem qualquer certeza, embora com uma proximidade relativa, o brasão existente na Quinta do Meilão, em Águas Santas deverá ter alguma correlação com os proprietários deste prédio, por ter a mesma representação, isto é:

A quinta em questão está designada de Quinta do Meilão e o seu nome é pouco ortodoxo e quase inexistente na língua portuguesa. O nome deverá ter advindo da Dona Inácia Joana Meilão Pereira, de origens da Galiza, que era casada com o Desembargador João Barroso Pereira, avós de António Barroso Pereira. Se o nome estiver de facto associado, a ligação desta casa à quinta é inevitável.

Ficará para outras descobertas, pois falta a sua comprovação.


Fotos e informação retiradas de:

- Brasões e Pedras de Armas do Porto, Manuel Cunha

- monumentosdesaparecidos.blogspot.com

- www.facebook.com.livroportodesaparecido

- aportanobre.blogs.sapo.pt

- O Tripeiro, série VI, Ano II, p. 3644






 

 

 

 

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