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9 de março de 2019

Casa e Quinta do Fojo, Canidelo, Gaia


Foto pessoal - vista da pedra de armas


retirado de www.facebook.com/Canidelo


CASA E QUINTA 
DO
FOJO
-
CANIDELO
-
V. N. DE GAIA


retirado de www.geocaching.com

retirado de canidelogaiaminhaterraquerida.blogspot.com


A Origem da Família Neville

Família inglesa cujo apelido aparece também com a forma de Neville e N. incorrectamente, encontram-se outras grafias como, Nevel, Nerwill, Nuil. Provém esta família de Gilbert Neville, almirante de Guilherme (1028-1087), o Conquistador, de quem foi bisneta Isabel de Nevill (1175-1254), e que se casou com Robert Fritz Masdred, bisneto por varonia do primeiro Conde Northumberland. Destes ficou herdeiro Geoffrey de Nevill (1197-1242), sucessor da casa e governador de Northam Werk pai de Ralf Neville, primeiro Barão de Neville, de quem foi neto John, terceiro Barão, cavaleiro da Ordem da Jarreteira e notável general casado com lady Elisabeth, herdeira do quarto Lord Latimer.
gravura de Ralph Neville - en.wikipedia.org

desenho de Ralph Neville - luminarium.org

Nasceu deste matrimónio Ralp Heville (1364-1425), Conde de Westmorland, também cavaleiro da Ordem da Jarreteira, marechal da Inglaterra, que se casou primeiro com margarida, filha do Conde de Strafford, e depois com jane, filha de John of Gaunt, Duque de Lancaster, terceiro filho de Eduardo II.
Dos dois casamentos nasceram vinte e dois filhos sendo o segundo Eduardo, primeiro Barão de Abergavenny, que também foi casado duas vezes, a primeira com lady Elisabeth Beauchamp e em segundas com Katherina, irmã do primeiro Duque de Norfolk.

armas de Neville - pt.wikipedia.org

Sir Cristopher Neville (?-1649), quarto neto do mencionado primeiro Barão de Abergavenny e filho segundo do sexto barão, contraiu matrimónio com Mary, filha co-herdeira de Tomas Darcy, e teve por filho segundo William Neville, general de carreira militar e proprietário desta casa senhorial, no Canidelo, em V. N. de Gaia.

A História

A casa  e quinta do Fojo, de concepção senhorial, foi construída em 1714 por William Neville, general inglês, descendente da linha directa de Ralph Neville, avô e bisavô de reis ingleses.
Refugiou-se em Canidelo, V. N. de Gaia, fugido de Inglaterra, pois era apoiante do Duque de York durante a Guerra Civil inglesa, aquando da sucessão ao trono, com a morte da rainha Ana, da casa de Stuart, e que nãod eixou herdeiros, passando pelo decreto do Estabelecimento em 1701 a sucessão a seu primo Jorge I, da casa de Hanover.
Em meados do séc. XVIII a casa passa para seu filho João Neville, que por casamento com dama da nobreza portuguesa da família Saavedra, segue esta casa com nova linhagem desta família em Portugal.
A casa surge já mencionada nas Memórias Paroquiais de 1758, onde refere que a freguesia de Santo André de Canidelo tinha "outra capella dentro de hua que possui João Neuel (Neville), de nação Britanica com o nome de São João Evangelista." (Costa, 1982, p.54)
A história deste palacete atravessa o séc. XIX com histórias episódicas marcantes do país da própria casa e da família.
Um século mais tarde, aquando das Invasões Francesas, General Wellington traz uma carta de recomendações para a família Neville, que o hospeda e lhe permite fazer da casa do Fojo o seu quartel-general das forças anglo-portuguesas durante o ataque à cidade do Porto pelas tropas napoleónicas.
Esta presença pode-se comprovar pelas "Ordens da Divisão do General Hamilton", assinadas pelo então chefe de família Saavedra, D. José Pinto da Cunha Godinho Saavedra, que esta casa serviu de apoio às forças anglo-portuguesas.
O irmão e filhos de D. José foram ajudantes de campo de vários generais ingleses, pela sua valentia e ainda por falarem inglês e outros idiomas com bastante fluência.
Mais tarde, já Dona Josefa Neville, 5ª senhora da casa do Fojo, bisneta de William Neville e May Tyson proprietária da casa, armou cavaleiro o futuro Marechal Saldanha amigo da família dos Saavedras.
Já no decorrer da Guerra Civil de 1832-1834, a casa tornou-se quartel-general dos Miguelistas tendo sido atacada e tomada pelos Liberais. Ali fuzilaram dois frades miguelistas do vizinho Convento do Vale da Piedade, aí escondidos e ali ficaram enterrados. Capturaram também o proprietário da casa, D. José Saavedra e sua irmã que foram poupados ao fuzilamento pela intervenção de D. Tomás Saavedra, irmão de ambos e oficial das tropas liberais (mais tarde designado Barão de Saavedra).
Em meados do séc. XIX, no ano de 1847, aquando da Guerra da Patoleia, aqui esteve instalado o regimento de Infantaria 10, leal à Junta do Porto e liderado pelo Coronel José Maria Magalhães à espera do resultado da Convenção de Gramido, assinada pelo General da Junta, César Vasconcelos e o General Castelhano Concha, em 30 de junho, com a qual se pôs termo às guerras liberais.
Finalmente, no ano de 1952, por lá tiveram uma breve passagem aquando do regresso de Berna, D. Duarte Pio de Bragança e sua Esposa maria Francisca de Orléans e Bragança, com seus dois filhos de então D. Duarte e D. Miguel, por empréstimo do actual proprietário, o 3º Conde da Covilhã, Júlio Anahory de Quental Valhariz, riquissímo banqueiro, industrial e empresário agrícola do Norte do país.


A Casa e Quinta


vistas da quinta - google earth


Era uma extensa propriedade que integrava várias casas, jardins, noras, lagos e matas de grande beleza. Actualmente está bastante fragmentada, embora a casa se mantenha com a sua estrutura praticamente original. Asua grande área territorial da quinta foi diminuindo gradualmente ao longo da sua existência tendo sido acompanhada pela separação da linha de caminhos de ferro e pela VCI, evolução natural do crescimento urbano da cidade e da evolução da sociedade.


nora (foto do autor)

estátua em jardim (canidelogaiaminhaterraquerida.blogspot.com)

tanque de água em jardim (canidelogaiaminhaterraquerida.blogspot.com)


Actualmente grande parte da parcela de terreno que ainda a incorpora está transformada num clube de golfe, desde 1997, restando uma área envolvente reservada à própria casa de residência.
Desconhece-se quem foi o autor responsável pela construção da habitação, mas o imóvel que hoje se conhece, é composta por casa, capela e pátio.
Mantém a linguagem setecentista da época, "... onde a fachada se impõe como principal elemento dinamizador da arquitectura, com vãos simétricos, cujo ritmo converge ao centro, na composição formada pelo portal e janela de sacada no piso nobre.
Todavia, encontramos aqui muitos elementos que anunciam soluções próprias do neoclassicismo que se impôs na cidade do Porto, no ultimo terço do séc. XVIII, por influência da comunidade inglesa aí estabelecida.
Facto que se compreende se tomarmos em consideração a nacionalidade dos seus proprietários, que assim anteciparam uma linha arquitectónica que viria a caracterizar o Norte do país, por oposição ao barroco de Nazoni, preponderante até então.

fachada principal (canidelogaiaminhaterraquerida.blogspot.com)


fachada principal (www.golfojo.com)

Estes elementos tão particularmente visíveis ao nível da composição central da fachada, com moldura em cantaria de junta fendida ou rusticada, que recorda tantos outros edifícios portuenses, entre os quais destacamos o Hospital de Santo António, que se viria a firmar como modelo privilegiado do novo gosto. remata esta secção um frontão triangular, que interrompe a balaustrada de pedra. Este tornar-se-à um dos recursos mais empregues na arquitectura portuguesa, muitas vezes entendido enquanto sinal de prestígio. O seu emprego foi tão generalizado que, já em 1871, Ramalho Ortigão referia que o frontão era uma ideia fixa, inabalável, birrenta. Um edifício é um pretexto para um triângulo. " (França, 1990, p.321)


vista da fachada de outro ângulo 
(canidelogaiaminhaterraquerida.blogspot.com)


(...) Mas a casa mantém a sua estrutura de dois pisos, com janelas rectangulares na fachada principal, de sacada no andar nobre. ladeiam a frontaria dois corpos idênticos, com portal recto encimado por frontão semicircular e janela, a que se sobrepõe um frontão com óculo cego. O da esquerda corresponde à capela, dedicada, como referimos, a par de uma austeridade a São João Evangelista. Todo o conjunto denota grande unidade e simetria a par de uma austeridade decorativa que se afasta dos modelos barrocos. As restantes fachadas apresentam uma configuração simples, com vãos proporcionados de moldura recta, apenas quebrada por diversas varandas e alpendres de desenho mais cuidado, entre os quais se salienta o terraço junto à capela, com estatuária." (Rosário Carvalho, in www.patrimoniocultural.gov.pt)
Com dois pisos e três corpos, sendo o central a mais marcante pelas suas 5 janelas gradeadas, no 1º andar, e por cima da janela principal aparenta o frontão triangular, saliente da platibanda, ornamentada por uma estátua e vasos de granito. No rés-do-chão, outras tantas janelas e porta alinhadas com as superiores.
O corpo da direita, de construção mais recente, tem apenas uma janela e uma porta que dá acesso à casa e tem um arco encimado por uma cruz. Logo no seu interior ostenta uma escadaria de pedra que leva a uma varanda com alpendre.
No corpo da esquerda situa-se a capela, com duas imagens de valor, São João Evangelista e Nossa Senhora, provindas do Convento de S. Bento. É composta por uma única janela e porta de entrada, com um arco com uma cruz, idêntica à face oposta da casa, encimada na parte superior.

capela e estátua (foto do autor)

Adjacente à capela existe um terraço, recuado com estátuas a embelezar o espaço.
As traseiras da casa apresentam uma construção menos primorosa e sem grandes detalhes que realcem a beleza comparativa com a frontaria principal de uma casa senhorial pretende impor e transmitir.


vistas das traseiras da casa (canidelogaiaminhaterraquerida.blogspot.com)



informações e fotos retiradas de:
http://www.patrimoniocultural.gov.pt
htpp://www-golfojo.com
http://j-f.org/canidelo/historia.htm
htpp://canidelo.net/patrim.htm
https://facebook.com/PortoDesaparecido
http://canidelogaiaminhaterraquerida.blogspot.pt
https://www.geocaching.org
http://www.luminarium.org
https://es.wikipedia.org
https://heraldryinstitute.com

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