Largo S. João Novo, freguesia de S. Nicolau, Porto - Portugal
O Largo de S. João Novo: O mais harmonioso recanto antigo da cidade
Publicado no JN, de 2009-02-08
Em tempos idos, ao actual largo de S. João novo, deram-se outras denominações: Monte da Boavista, possivelmente por causa das belas vistas que, em recuadas épocas, daquele sitio se abarcavam sobro o Rio Douro e vizinha Vila Nova de Gaia; largo da Nossa Senhora da Esperança, devido à proximidade de uma capelinha desta invocação que ainda existe ao cimo da atual Rua Tomás Gonzaga que, antes desta denominação, se chamou, exactamente, Calçada e Rua da Esperança; de S. João do monte e de S. João Baptista de Belomonte, em analogia com uma capela que tinha como patrono S. João baptista e que existia naquelas paragens desde remotas eras.
Quando, em 1583, o bispo do Porto, D. Frei Marcos de Lisboa, criou a efémera paróquia de S. João baptista de Belomente, aquela capelinha serviu de igreja matriz até à sua extinção da paróquia em 1592. Neste ano chegaram ao Porto os frades eremitas calçados da Ordem de Santo Agostinho, também conhecidos por gracianos, por terem a sua sede no mosteiro da Graça, em Lisboa. O bispo que nessa altura administrava a diocese, D. Jerónimo de Menezes, doou aos eremitas de santo Agostinho a referida capela para aí desenvolverem as suas actividades religiosas e, também, para servir, como ponto de partida, digamos assim, para a construção do seu mosteiro do qual foi considerado fundador o fidalgo D. António de Noronha que, por essa altura, desempenhava as funções de governador de Cochim.
A denominação de S. João Novo ou, S. João, o Novo, como, por vezes, também aparece referenciado, dada à igreja do antigo convento, nada tem a ver com S. João Baptista, pois evoca a figura de S. João Baptista, no entanto, figura num belo retábulo de talha barroca (séc. XVII) no interior do templo.
para o Largo de S. João Novo, também conhecido por "Rossio" de S. João Novo, foram transferidos, no século XVII, antes de se fixarem definitivamente na Ferraria de Cima (Caldeireiros), os hospitais de Santa Catarina e de S. Tiago que, desde remotas eras, estavam na Rua da Reboleira. O largo tem resistido à intromissão devastadora de projectos urbanistico de gosto mais do que duvidoso e por isso é considerado como um dos recantos do porto antigo que mantém intactas as características da cidade oitocentista, harmoniosamente enquadrado entre a fachada barroca do palácio dos Leite Pereiras de Melo e Alvim, onde, durante muito anos, esteve o Museu de Etnografia e História; alguns exemplares curiosos de casas dos séculos XVII e XVIII; e a austera mas belíssima fachada da igreja conventual da qual se destaca, esculpida no granito, a figura de uma águia bifronte (a águia de Hipona) que simboliza Santo Agostinho.
http://www.jn.pt/paginainicial/pais/concelho/aspx?Distrito=Porto&Concelho=Porto&Option=Interior&content_id=1135986
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