Pedra de Armas que se encontrava no quintal da casa. Será pertença desta Casa?
Desta casa a única
informação possível foi a retirada da obra "As Casas de Viana Antiga"
onde aborda as origens da família e que passo a transcrever:
"
Era muito antiga a família vianense dos Bezerras; um deles, Fernão Gonçalves
Bezerra, filho de Heitor Nunes Bezerra, consta já na lista dos - isentos por nobreza - da finta de 25
réis lançada em Viana em 1517 para se construir uma ponte sobre o Guadiana! - É
numerosos os ramos dela se espalharem por esta região.
Roque
Bezerra, segundo morgado da Capela de S. Roque, casou com a sua única filha,
Dona Sebastiana Pereira do Lago Fagundes, com Gonçalo Pereira da Silva, filho
de Gonçalo Pereira Fagundes, cavaleiro fidalgo, e de sua mulher Dona Maria
Barbosa Barreto, descendente de Aranhas, Ricaldes, e outros troncos nobres, -
senhores da Casa da Bandeira. Tinha em tempos remotos esta Casa um prazo
enorme, que compreendia todos os terrenos limitados, ao norte, pela cerca
conventual de Santo António (hoje Cemitério Municipal) , a sul pelo convento de
S. Bento e a poente por uma linha que da Casa dos Pereiras, da Bandeira ia até
ao mesmo. Por isso ainda dela eram foreiros os Cunha Sottomaior do palácio onde
agora se acha o Governo Civil, tal como mais outras casas dessa área.
Assim
no novo casal, já aparentado, se juntaram os morgados de S. Roque e da Casa da
Bandeira.
Reza
o abade de Esmoriz no seu "Nobiliário" que dele nasceram dez filhos,
e "foram todos estes irmãos dum génio tão extravagantemente alevantado que
por isso se fizeram conhecidos"...
De
entre eles foi Manuel Pereira da Silva o sucessor dos bens de seu pai.
Na
sua descendência vamos encontrar Joaquim Pereira Bezerra, casado em 1754, cujo
primogénito, Féliz Bezerra Fagundes, teve um filho de Maria Araújo, casando
depois com ela. Era esta filha de Manuel José de Araújo, major reformado da
Infantaria.
Como
porém ele morresse e esse filho também, passou a Casa vinculada para a posse de
José Pereira de Castro Bezerra Fagundes, irmão de Félix, ficando para a sua
viúva os restantes bens. Entre os quais uma casa no Largo de S. António que
veio a caber ao filho da sua irmã Josefa Tomázia de Araújo, casada com Félix da
Rocha Páris (que foram pais do conselheiro
António Alberto da Rocha Páris e avós de segundo visconde da Torre,
Alberto feio da Rocha Páris). António Pereira Cirne da Silva Bezerra Fagundes
(nasceu em 1819) teve por filho o genealogista José Pereira Cirne, nascido em
1583 - e era tio de Henrique da Cunha Pereira
da Costa Cirne, que teve por filhos José Cirne de Castro, que morreu
cedo, e os estudiosos Drs. Francisco e Luis Cirne de Castro.
Filhos
ainda de António Pereira Cirne Bezerra Fagundes eram Dona Maria do Carmo, que
casou com Manuel Pereira de Castro, Dona Maria da Natividade, que casou com o
capitão de cavalaria Álvaro Pimenta da Gama Barreto, Dona Maria Amália da
Conceição, que casou com o oficial de engenharia Duarte Veiga, Félix, que casou
com Dona Emília Tristão de Alpuim, e mais um irmão e duas irmãs que, como o
primogénito, morreram solteiros.
A
casa da Rua da bandeira, também designada dos Pereiras da Bandeira e depois por
Casa dos Cirne, como pertença desta família, foi por ela ocupada até ao ano de
1900. Tendo porém a proprietária da Casa da Rua da Piedade (Casa dos Pimenta da
Gama), Dona Emília de Sousa Costa Correia, falecida em 1892, legado esta a
António Pereira Bezerra Fagundes, decidiram todos, naquela altura, passar a
habitá-la. Foi então a Casa da Bandeira alugada a várias pessoas e, por ultimo,
à benemérita "Casa dos Rapazes". Tinha boas salas, com belos tectos
apainelados, com bonitas pinturas; houve porém que refazê-los, vulgares, por
estarem arruinados.
Também
da capela, ao lado nada resta além da frontaria, com a antiga rosácea.
No
quintal acham-se duas pedras de armas, uma das quais pertencia à casa
fronteira, dos Aranha Barbosa."
Ora, este texto
retirado da obra supracitada é já de 1973 e actualmente já nada resta daquela
casa.
Rosácea na fachada da antiga capela da Casa - foto anos 70
Estado actual da fachada da capela, ainda com a Rosácea
Viana do Castelo - Origens:
"A ocupação humana da região de Viana remonta ao Mesolítico, conforme o testemunham inúmeros achados arqueológicos (anteriores à cidadela pré-romana) no Monte de Santa Luzia.
A povoação de Viana recebera a Carta de Foral, de Afonso III de Portugal em 18 de Julho de 1258, tendo passado a chamar-se Viana, da Foz do Lima.
Até à sua elevação a cidade em 20 de Janeiro de 1848, a actual Viana do Castelo chamava-se simplesmente "Viana" (também referida como Viana da Foz do Lima" e "Viana do Minho", para diferenciá-la de Viana do Alentejo.
Na cidade - que cresceu ao longo do rio Lima - podem ser observados os estilos renascentistas, manuelino, barroco e Art Deco. Na malha urbana destaca-se o centro histórico, que forma um circulo delimitado pelos vestígios das antigas muralhas. Aqui cruzam-se becos e artérias maiores viradas para o rio Lima, e destacam-se a antiga Igreja Matriz, que remonta ao séc. XV, a Capela da Misericórdia (séc. XVI), a Capela das Almas, e o edifício da antiga Câmara Municipal, na Praça da Monarquia (antiga Praça da Rainha), com uma fonte em granito do séc. XVI."
Para além deste Património arquitectónico no pequeno núcleo citadino vislumbram-se casas típicas dessas épocas e com as características e ornamentos aos estilos atrás mencionados.
Dessas casas aparecem pedras de armas afixadas nas fachadas, sendo distribuídas por casas tradicionais, por casas nobres e apalaçadas, cujas personagens justificaram a mercê dada pelo seu rei, quer por actos em prol do País, quer em prol da benemerência e interesses locais ou por razões politicas.
No pequeno núcleo histórico circunscrito entre a linha férrea e o rio Lima e por pequenos passeios pedonais realizados pessoalmente pelo seu interior se destacaram e se recolheram um bom punhado de Brasões, de Heráldica de Família, que se pretende abordar e mostrar neste blogue.
Dos 27 brasões referenciados no mapa, alguns não foram encontrados neste pequeno passeio efectuado em dia e meio, de uma pequena estada naquela linda cidade. A recolha mereceu também em buscas de sites locais que me ajudaram a enriquecer este projecto de inventariação de brasões de família no núcleo antigo desta cidade.
Provavelmente haverá ainda outros por descobrir nessas pequenas vielas e ruas, e encobertas em muitas casas que apresentam características muito especiais, à sua época a que cada uma delas terá sido edificada. Vislumbramos, portas e janelas lindamente executadas em granito, do barroco ao manuelino, muitas casas ainda sustentam nos seus beirais gárgulas de todos os feitios e igualmente outras pedras de armas, nacionais e da cidade.
À medida que se apresenta cada peça de armas, e sempre que possível, será abordada a descrição da pedra de armas e de uma pequena história, da casa ou da família, efectuada pela recolha na internet e especialmente no blogue "olharvianadocastelo.blogspot" e da obra "Casas de Viana Antiga" que merecem uma especial atenção e um elogio de relevo por se dedicarem exclusivamente ao concelho e à cidade.
Esquema geral da localização das Pedras de Armas de Família - Viana do Castelo
Listagem:
1 - Casa dos Monfalim (séc. XVII/XVIII) - Gaveto do Passeio das Mordomas da Romaria com a Rua Nova de Santana
2 - Casa da Barrosa (séc. XVIII) - Rua Manuel Espregueira, n.º 87
3 - Casa dos Abreu Coutinho (séc. XVIII (?)) - Largo Vasco da Gama
4 - Casa dos Melo e Alvim (séc. XVI) - Av. Conde da Carreira
5 - Capela da Casa da Carreira (séc. XVIII) - Rua dos Bombeiros
6 - Casa dos Werneck (séc. XIX) - Av. Conde da Carreira, n.º 6
7 - Casa dos Pimenta da Gama ou Casa da Piedade (séc. XVIII) - Rua Mateus Barbosa, n.º 44
8 - Casa do Campo da Feira (séc. XVIII) - Largo 5 de Outubro, n.º 64
9 - Casa dos Sousa Meneses - Rua Manuel Espregueira, n.º 212
10 - Casa da Vedoria (séc. XVII) - Rua Manuel Espregueira, n.º 152
11 - Casa da Carreira (séc. XVI) - Passeio das Mordomas da Romaria
12 - Casa Costa Barros (séc. XVI) - Rua S. Pedro, n.º 28
13 - Casa dos Aranha Barbosa - Rua da Bandeira, n.º 174
14 - Casa Barbosa Maciel (séc. XVIII) - Largo S. Domingos
15 - Casa dos Malheiro Reymão (séc. XVIII) - Rua Gago Coutinho e Praça das Couves
16 - Palácio dos Cunhas (séc. XVIII) - Rua da Bandeira
17 - Casa do Pátio da Morte - Rua da Bandeira, n.º 203
18 - Casa dos Pita (séc. XVII) - Rua Prior do Crato, n.º 56
19 - Hospital Velho (séc. XV) - Rua do Hospital Velho
19 - Hospital Velho (séc. XV) - Rua do Hospital Velho
20 - Casa dos Torrados - Av. Luís de Camões, n.º 19
21 - Casa dos Sá Sottomaior - Praça da Republica, n.º 42
22 - Casa dos Agorretas - Gaveto da Rua dos Rubins com Rua Manuel Espregueira
23 - (familia desconhecida) - Travessa da Victória, n.º 8
24 - Casa de João Velho ou Casa dos Arcos - Largo do Instituto Histórico do Minho
25 - Casa dos Medalhões, gaveto da Rua do Poço com o Largo da Matriz
26 - Casa dos Alpuím, Passeio das Mordomas da Romaria
21 - Casa dos Sá Sottomaior - Praça da Republica, n.º 42
22 - Casa dos Agorretas - Gaveto da Rua dos Rubins com Rua Manuel Espregueira
23 - (familia desconhecida) - Travessa da Victória, n.º 8
24 - Casa de João Velho ou Casa dos Arcos - Largo do Instituto Histórico do Minho
25 - Casa dos Medalhões, gaveto da Rua do Poço com o Largo da Matriz
26 - Casa dos Alpuím, Passeio das Mordomas da Romaria
27 - Casa dos Pereira Cirne - Rua da Bandeira, n.º 219
28 - Casa dos Boto e Calheiros - Rua da Bandeira, n.º 124
28 - Casa dos Boto e Calheiros - Rua da Bandeira, n.º 124
fontes e texto retiradas de:
- Obra "Casas de Viana Antiga", de Maria Augusta d'Alpuím e de Maria Emília de Vasconcelos
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