Rua da Bandeirinha, freguesia de Miragaia, Porto - Portugal
A
setecentista rua da Bandeirinha é a continuação natural da rua de Sobre-o-Douro
que, no dizer de alguns autores, era o local de passagem da antiquíssima
estrada romana descrita no famoso itinerário de Antonino (Via Vetera).
A rua da
Bandeirinha deve o seu nome à bandeira da saúde que estava colocada em frente à
Casa das Sereias e tinha como função avisar os barcos que demandavam o Douro da
necessidade da vistoria sanitária (tempos de peste…). Hoje é uma artéria
sossegada, com pouco movimento, que nos remonta para outras épocas e onde a
marca judaica apenas sobrevive na toponímia das cercanias.
O principal
ex-libris da rua é o já citado Palácio das Sereias, que é assim designado
por causa das 2 sereias de granito que nos dão as boas vindas à entrada do
edifício. Pertenceu à família Cunha Osório Portocarrero, até aos anos 50 do
século XX, altura em que foi vendido ao Instituto das Filhas da Caridade
Canossianas Missionárias. Junto ao palácio ficava o Hospital Inglês,
pertencente à colónia britânica. No número 45, viveu o Dr. Gonçalo Sampaio,
botânico e musicólogo.
A rua
termina no largo do Viriato, local onde outrora existiu a casa nobre dos Morais
e Castro (Manuel Mendes Morais e Castro foi agraciado em 1836 com o título de
Barão de Nevogilde, pelos serviços prestados à causa liberal), que ali viviam
antes de se mudarem para o Palácio dos Carrancas, construído em 1795 (hoje é o
Museu Nacional Soares dos Reis).
Como nota de
curiosidade, nas cercanias da rua da Bandeirinha, e já no Monte dos Judeus, existe
uma fonte que para ali foi trazida do demolido Mercado do Peixe que ficava onde
hoje se encontra o Palácio da Justiça. Este
edifício oferece um balcão sobre o Douro
Se por acaso
visitarem a rua da Bandeirinha, reparem num edifício amarelo que fica ainda na
rua de Sobre-o-Douro nº.12 e que tem escrito o nome de “Vila Ignez”. Entrem na
porta que dá acesso ao edifício (é uma espécie de bairro particular) e poderão
sentir que estão num verdadeiro balcão sobre o Rio Douro.
Pertenceu ao
Conde de Burnay (que o comprou a um industrial que tinha aqui uma serração com
o nome sugestivo de União Industrial Portuense), que o vendeu em 1889 a um
capitalista de nome Ignês Martins Guimarães. É este industrial que vai
transformar a fábrica num bairro para os operários que trabalhavam nas diversas
indústrias que estavam localizadas nesta zona da cidade.
Depois de um
período de decadência e já nos anos 90 do século XX, o arquitecto Fernando
Távora lidera uma equipa que o reabilitou e hoje é um caso de sucesso, já que é
local de residências para diversas famílias já idosas e também jovens do
programa Erasmus.
As ruínas
que ficam aos vossos pés são o que resta do Convento de Monchique imortalizado
por Camilo no “Amor de Perdição”.
Como podem
ver, apesar de pequena, a rua da Bandeirinha encerra em si motivos mais do que
suficientes para uma visita. É um dos recantos mais agradáveis da nossa cidade
Sem comentários:
Enviar um comentário